A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

A regente da orquestra sinfônica de minas gerais, ligia amadio, diz que beethoven é um dos "gênios que capturam estruturas universais"

Paulo Lacerda / divulgação
Beethoven (1770-1827) está no foco da apresentação que a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob a batuta da regente titular, Ligia Amadio, realiza neste sábado (11/11), no Grande Teatro do Palácio das Artes, pela série “Concertos da liberdade – Sinfônica em concerto”.

Serão executadas a “Quinta Sinfonia” do compositor alemão, que se se tornou universalmente conhecida pelos quatro impactantes acordes de sua abertura, e o “Concerto nº 3 para piano e orquestra”, cuja execução vai contar com a participação do solista convidado Luiz Guilherme Pozzi.

O programa se completa com a estreia mundial da obra “Teotihuacan”, escrita este ano pelo compositor e maestro mineiro Andersen Viana, que abre a apresentação.

A relação de Pozzi com o “Concerto nº 3” teve início em 1998, quando interpretou a obra pela primeira vez, ao lado da Sinfônica do Paraná, seu estado natal. “De lá para cá, toquei muitas coisas de Beethoven, porque sempre gostei muito”, diz, acrescentando que seu pós-doutorado foi sobre a flexibilidade de tempo na execução das obras do compositor.

Depois de se graduar na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Pozzi foi classificado em 1º lugar na prova de admissão da Escola Superior de Música de Freiburg, na Alemanha, onde se aperfeiçoou durante dois anos.

Em seguida, integrou a classe do pedagogo russo Alexander Satz, na Universidade de Artes de Graz, na Áustria – país para onde Beethoven se mudou quando tinha 21 anos e onde permaneceu até sua morte.

Sobre o “Concerto nº 3”, o pianista diz ser o mais dramático de todos, o que o aproxima da “Quinta Sinfonia”, que também traz essa marca. Ambas as composições, conforme destaca, começam em dó menor, com uma atmosfera mais triste e melancólica, e terminam em dó maior, que é uma tonalidade mais alegre, “como um grito de esperança que vai tomando corpo ao longo da música”.

O solista Luiz Guilherme Pozzi

O solista Luiz Guilherme Pozzi

"Beethoven foi o primeiro compositor a anotar todas as dinâmicas que ele queria, mais fortes ou mais fracas. Sonatas de Mozart ou de Haydn tinham duas ou três dinâmicas indicadas; as obras de Beethoven costumam ter mais de 30. A música dele que é triste é muito triste, a alegre é muito alegre, então é um compositor que não tem meio termo, é completamente passional"

Luiz Guilherme Pozzi, pianista



BRILHANTES E DRAMÁTICOS 

Pozzi ressalta que, tanto para a execução de uma quanto de outra obra, o tamanho da orquestra é similar, bem como a estrutura da composição, sobretudo na questão da tonalidade. “Isso amarra essas duas obras, que estrearam com cinco anos de diferença – o 'Concerto nº 3' em 1803 e a '5ª Sinfonia', em 1807. Ambas têm momentos heroicos, dramáticos e outros bem líricos, nos andamentos mais lentos. Nas duas obras, os andamentos no primeiro e no último movimento são brilhantes e dramáticos”, aponta.

Não são poucos os desafios que o “Concerto nº 3” impõe ao solista. “Exige muita destreza digital, porque tem corridinhas, passagens muito rápidas, e em vários momentos, o pianista precisa de uma sutileza de audição para acompanhar alguns instrumentos específicos da orquestra em determinados trechos. Isso requer um ouvido apurado”, afirma.

Para a regente da Sinfônica de Minas Gerais, o reconhecimento de que Beethoven desfruta deriva do fato de que ele era um gênio absoluto, assim como Mozart e Bach. “As estruturas que eles manejam, matemáticas e musicais, são tão perfeitas que realmente produzem no ouvinte uma conexão em todos os sentidos, visceral, intelectual, emocional, psicológica. São gênios que captaram estruturas universais e conseguiram traduzi-las em música.”.

Sobre a obra de abertura do concerto, ela afirma que “Teotihuacan” é inspirada na cidade pré-colombiana homônima, que abriga um importante complexo de pirâmides, localizada próxima à capital mexicana. Estruturar o programa do concerto com essa obra, segundo diz, se justifica pelo desejo de incluir nos concertos da OSMG compositores brasileiros, sobretudo de Minas Gerais, e pela ideia de promover um contraste.

“A música de Andersen é completamente diferente, é outra linguagem, de um compositor contemporâneo, então é uma obra que faz o contraste. E a importância maior é que vamos apresentar em primeira audição mundial. Estamos dando à luz essa obra de um grande compositor mineiro, com uma harmonia muito bem construída, de fácil apreensão. É uma peça de estrutura simples, mas de escrita refinada, que explicita o conhecimento e a elegância do compositor”, diz. 

“NOITE BEETHOVEN”
• Com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais apresenta e a participação do solista Luiz Guilherme Pozzi, neste sábado (11/11), às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, Centro – 31.3236 7400).
•Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).