Depois de se dedicar a clássicos do rock e do jazz, a Orquestra Ouro Preto abraça o soul e o funk em “Lendas da black music”, concerto que estreia neste sábado (18/11), às 20h30, no Grande Teatro do Sesc Palladium. No embalo do Mês da Consciência Negra, a formação capitaneada pelo maestro Rodrigo Toffolo se volta para o momento marcante da música no século 20, que ganhou destaque nas décadas de 1960 e 1970.





O regente observa que a black music representou um grito de resistência contra o racismo nos Estados Unidos. Criado no fim dos anos 1950, tendo seu ápice nas décadas seguintes, o estilo se consagrou não apenas por sua característica dançante, mas também por sua forte identificação com a luta pelos direitos civis da população negra.

O repertório inclui músicas de Jackson 5, Marvin Gaye, Stevie Wonder, Diana Ross e Lionel Ritchie, entre outros, vertidas para a linguagem orquestral. No concerto, que conta com crianças do coro do Programa Vale Música Brumadinho, a Orquestra Ouro Preto presta tributo ao gênero no Brasil, executando temas de Tim Maia, Sandra de Sá e Jair Rodrigues.

“O concerto foi pensado, antes de mais nada, como homenagem à Motown. Pegamos os grandes sucessos que o público conhece e revelam a importância que a gravadora teve no cenário mundial”, diz Toffolo, referindo-se àquele verdadeiro celeiro do soul, funk e da R&B.




Cordas e metais

Quando se fala em black music, o que vem à mente são baladas soul e, principalmente, o ritmo dançante. Transpor essa pulsação para a formação de orquestra exigiu a incorporação de outros elementos.
 
“Além das cordas, que são o coração da Orquestra Ouro Preto, nos apresentamos com trio de metais – trompete, saxofone e trombone – e uma banda de base, importantes para construirmos esse ambiente sonoro, buscando o groove característico do gênero”, aponta Toffolo.

Coube ao músico e arranjador Fred Natalino a missão de conceber a atmosfera para o encontro da música de concerto com o soul, o funk e o R&B que marcaram a cultura nos Estados Unidos. “Vamos proporcionar ao público o que há de mais essencial nesse repertório: a beleza da canção e a melodia das músicas, além de incorporar sua característica dançante”, diz.





A participação das crianças se dará no momento dedicado aos artistas brasileiros. “O núcleo é o Programa Vale Música Brumadinho, mas virão crianças do Mato Grosso, do Pará e do Espírito Santo. Trinta e seis meninas e meninos vão cantar em público pela primeira vez. No final, a gente pede licença para sair da Motown e vir para o Brasil com Tim Maia, Jair Rodrigues e Sandra de Sá. Vai ser muito bonito”, diz. 

Em Ouro Preto, Nath Rodrigues homenageia o mineiro Djalma Corrêa

(foto: Sarah Leal/divulgação)

Consciência mineira

Apresentações artísticas ligadas ao Mês da Consciência Negra se espalham também pelo interior de Minas Gerais. A Prefeitura de Nova Lima realiza, desde o início de novembro, o 1º Festival de Arte Negra. Amanhã e domingo (19/11), o destaque será a peça “Abena”, da Cia. Bando, que será apresentada na Praça do Rosário e na praça da Capela Velha, em Macacos.
 
Amanhã (18/11), em Ouro Preto, o grupo Ayê e a cantora e compositora Nath Rodrigues fazem show em homenagem ao percussionista mineiro Djalma Corrêa, que morreu no ano passado. No domingo, o carioca Luiz Otávio mostra seu trabalho, contando com a participação especial de Mart'nália.




 
As duas apresentações integram a programação do festival Já Raiou a Liberdade – Os Sons do Brasil. Em Tiradentes, a 12ª edição do Festival Artes Vertentes contará com o rapper Roger Deff, no sábado, mostrando as músicas de seu novo álbum, “Alegoria da paisagem”.
 

“LENDAS DA BLACK MUSIC”

Com Orquestra Ouro Preto. Sábado (18/11), às 20h30. Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), à venda na bilheteria do teatro ou pelo site Sympla. Informações: (31) 3270-8100

 

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