A aguardada chegada da turnê “The eras tour”, de Taylor Swift, ao Brasil foi conturbada. No primeiro show da turnê, na última sexta (17/11), a fã Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu durante a apresentação da segunda música. A causa oficial da morte ainda não foi divulgada. 





Centenas desmaiaram no estádio Engenhão, no Rio de Janeiro, devido ao forte calor e à dificuldade de acesso a água. Outros chegaram a ter queimaduras de segundo grau na pele em razão da alta temperatura do piso de alumínio instalado para proteger o gramado. Diante desse cenário, o show previsto para sábado foi adiado para segunda-feira (20/11). 

O modo como a cantora norte-americana reagiu aos acontecimentos tem sido alvo de críticas até mesmo de fãs. Taylor fez um post em sua rede social dizendo estar devastada pela morte de Ana Clara e informando que não trataria do assunto no palco por se sentir sobrecarregada com o luto. O anúncio de que o show de sábado seria adiado veio por volta das 17h30, quando o estádio já estava repleto de fãs.  

Entre os presentes estava a estudante de jornalismo mineira Bruna Gomes, de 24. Ela chegou ao estádio por volta das 16h, acompanhada da prima Patrícia, que, aos 18, iria ver o seu primeiro show internacional. 

Segundo Bruna, estavam todos trocando pulseirinhas e se ajudando com água, leque e informações como “onde fica o banheiro”. Havia policiamento reforçado e equipes de distribuição de água ao redor do estádio. “A quantidade (de garrafas) que você quisesse pegar eles estavam dando”, diz.





Os boatos de cancelamento do show começaram a surgir, mas com internet precária, o público tinha pouco acesso a informação. Após o anúncio oficial, via caixas de som, o clima foi de decepção e muito choro, segundo Bruna. 

“Foi frustrante receber a notícia porque a gente estava pagando essa viagem e esse show desde o início do ano. Fiquei um pouco desacreditada, ela simplesmente cancelou com todo mundo lá dentro. Foi um clima de velório.”

A estudante esperava um posicionamento diferente da artista. “Eu não esperava que ela subisse no palco para comunicar o adiamento, porque seria muito tumulto, mas eu esperava um pouco mais de empatia, de delicadeza e, principalmente, em relação ao horário, ter cancelado mais cedo.” 

DESISTÊNCIA 

A logística que implicaria ficar um dia a mais na cidade fez com que Bruna e Patricia desistissem do show de segunda-feira e pedissem o reembolso dos ingressos. Contudo, agora ela tentará ver Taylor Swift em São Paulo.





A vestibulanda mineira Cecília Murta, que também tinha ingressos para o show de sábado, teve uma experiência diferente. Ela foi com a mãe e duas primas. O grupo tinha planos de chegar na fila por volta das 11h, mas, após as notícias de sexta-feira, decidiu ir só depois da abertura dos portões. Ao descer do carro, tiveram a notícia do adiamento. 

“Só que na nota (de Taylor em sua rede social) ela não falou para que dia seria adiado, então descemos e fomos andando em direção ao estádio para ver se conseguiríamos essa informação. Não chegamos a entrar, mas conseguimos ouvir um barulho enorme de vaias”, conta. 

A família havia se prevenido para imprevistos. O pai de Cecília levou todas de carro. A mãe, que trabalha de casa, deixou o serviço adiantado. Uma das primas tem provas agendadas na escola, mas garantiu os pontos necessários antes da viagem. “No meu caso, como já passou o Enem, foi tranquilo”, diz. 





O único sobressalto que enfrentaram foi o da hospedagem. O proprietário da casa que alugaram não permitiu que ficassem até esta terça (21/11). “A gente trouxe nosso cachorro, então foi muito difícil achar outro apê que aceitasse e que tivesse garagem. Ficamos esperando resposta, naquela ansiedade de saber se íamos conseguir ficar ou não.” Por fim, a família conseguiu outra hospedagem.

A estudante Isabella Arthuso, de 22, viu o show de domingo (19/11) e achou uma “experiência maravilhosa”. A mineira conta que “esperava passar um pouco de raiva, de perrengue, mas não teve nenhum estresse”. 

Ela diz que chegou na fila por volta das 18h e, em minutos, já estava dentro do estádio. “Tinha muitos pontos de venda de água e comida dentro do estádio. Eu não vi distribuição de água gratuita, mas venda tinha muita, e muita gente auxiliando.” Segundo conta, o copo de água era vendido a R$ 8. “Acho que a Taylor estava esperando um público um pouco mais magoado com ela, mas foi totalmente o contrário. A galera foi para apoiar. O show inteiro foi de muitos gritos, muito bonito de ver.” 


*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

VAQUINHA E PROTESTO 

A mãe de Ana Clara Benevides, que morreu após passar mal durante o show de sexta (17/11), agradeceu a arrecadação da vaquinha feita para ajudar com os custos financeiros para o translado do corpo da jovem, natural de Mato Grosso. “Foi muita gente que doou, quero que Deus abençoe todos vocês”, disse Adriana Benevides, em vídeo. Grande parte dos fãs-clubes de Taylor Swift se revoltaram com a falta de ajuda da cantora à família de Ana. Eles programaram fazer um minuto de silêncio no show de segunda-feira (20/11), num momento em que a cantora costuma ser intensamente ovacionada. A ação, contudo, foi cancelada no início da noite, segundo os fã-clubes, atendendo a um pedido da família de Ana Clara Benevides. (Folhapress)

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