Daniel Coli
São abundantes os alertas de alterações nos padrões climáticos mundiais, superaquecimento, queimadas fora de controle, geleiras de milhões de anos que estão descongelando e que nunca mais serão reconstruídas pela natureza. O impacto que a humanidade causa nas condições climáticas do planeta também está afetando a produção de café.
Como maior produtor mundial do grão, o Brasil deve ter perda de cerca de 17% da sua produção anual, nesta safra, em virtude da baixa umidade do ar e da terra, ocasionada pela queda do volume de chuvas e calor excessivo, o que causou desigualdade de desenvolvimento do fruto do cafeeiro. Após uma corrida dos produtores até as plantações, tentando minimizar o impacto das alterações abruptas das condições naturais, enfrentando até geadas inesperadas, o que se viu foram grãos verdes, maduros e até secos no mesmo pé de café, floradas fora de época, perda de massa do grão e inevitavelmente uma alteração na qualidade de boa parte da lavoura.
De fato em 2018 nosso país bateu recorde de colheita, sendo importante considerar que no cultivo do café, existe uma bienalidade negativa, onde se tem um ano muito positivo e o seguinte com produção mais baixa.
Em meio a esta enxurrada de preocupações, o consumo de café apenas aumenta, com números atuais de 165 milhões de sacas (60kg) por ano em todo o globo e projeção de 208 milhões/ano até 2030. O mercado chinês, por exemplo, cresceu 1000% nos últimos 10 anos e não podemos deixar de atender a esta demanda mundial. Não vamos deixar secar os rios, tampouco a vontade de salvar a Terra. Não matemos as florestas, nem os debates acerca do clima. Com mais engajamento de cada indivíduo e das grandes organizações, não veremos o fim da xícara da vida, mas uma dose mais encorpada pelo necessário crescimento sustentável.
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