Ela nasceu em Juiz Fora, cresceu em Fortaleza e descobriu em Paris a paixão pela confeitaria. Com as voltas que a vida dá, Lídice Peres acabou abrindo em Belo Horizonte a sua loja, que se dedica a receitas clássicas francesas. “Quero que as pessoas comam aqui o mesmo que comeram na França.” São tantos doces que tem dia que falta espaço na vitrine.
Para ser fiel aos originais, Lídice não adapta as receitas ao gosto brasileiro. Ou seja, a quantidade de açúcar é bem regrada. Nada fica doce demais, é para sentir o sabor dos ingredientes. “Para mim, não precisa ter excesso de açúcar para ser gostoso. Menos é mais. Por isso, os meus doces são leves. Você come e se sente bem, não é pesado”, pontua a confeiteira, que ainda tem sotaque do Ceará.
Lídice também é rigorosa com o que leva para a cozinha. Essência, por exemplo, não entra. O pistache é de verdade, as frutas são usadas in natura e a fava de baunilha vem de Madagascar. Soma-se a isso o fato de que os preparos são artesanais, incluindo a massa folhada e o biscoito champanhe. “Ali não tem só um doce, mas todo um esforço de fazer tudo o mais artesanal possível”, comenta.
Um dos clássicos mais amados é o mil-folhas, com massa folhada crocante, creme de confeiteiro e um toque de caramelo. Outro doce que representa bem a França é o opera, espécie de bolo em camadas com massa de amêndoas embebida em café, ganache de chocolate e creme amanteigado com café. Já o eclair é todo de chocolate, desde a massa até a mousse e o chantili que vão por cima.
Muito comum nas padarias de Paris, o religieuse também é figurinha fácil na vitrine da Lídice. Duas bombas redondas são recheadas com creme de caramelo salgado e queijo mascarpone e, depois de empilhadas, viram quase uma escultura. Com a mesma massa, a confeiteira faz o paris brest, doce em homenagem à competição de bicicleta Tour de France, daí o formato de roda. Por dentro, creme de pistache e praliné de amêndoas e avelã.
Espaço para a criatividade
Lídice não se contenta em só fazer os clássicos. Na vitrine, ainda encontra espaço para mostrar sua criatividade. Quando ainda morava em Lisboa, ela criou o doce mais vendido na loja: o dôme Ouro Preto. A meia esfera de cacau com recheio de brownie com amêndoas e avelã, creme de chocolate meio amargo e mousse de chocolate ao leite, finalizada com um pozinho dourado, faz uma homenagem à cidade histórica, que ainda não conhece.
Pensado para a festa junina, o cheesecake de pacoça com caramelo salgado nunca mais saiu do cardápio. A combinação de base crocante, creme de amendoim e cobertura de caramelo com flor de sal virou sucesso instantâneo. “Tento trazer sempre novidades, mas os clientes não me deixam tirar os doces mais antigos. Tem dia que nem cabe tudo na vitrine, de tanta variedade”, conta. Fora os sabores clássicos de macaron (seis a oito por dia), ela costuma inventar recheios como de jabuticaba e mexerica.
Dois bolos que estão no cardápio são inspirados em doces. O mil-folhas, por exemplo, continua em camadas, só que na versão bolo tem pão de ló, caramelo salgado, brigadeiro branco e massa folhada no meio para manter a desejada crocância da sobremesa original. Já o gateau dôme Ouro Preto tem massa, mousse e creme de chocolate com amêndoas e avelã no re- cheio. Uma invenção que ultrapassa os clássicos e está na lista dos mais vendidos é o bolo de pistache com frutas vermelhas.
Ainda este ano, Lídice tem planos de abrir mais uma loja em BH, preferencialmente na região da Pampulha, onde muitos dos seus clientes moram. Na cozinha, ela pensa em criar sorvetes inspirados nos doces e trabalhar com sabores nordestinos, para matar um pouco da saudade do Ceará. Não seria uma boa ideia lançar macaron de siriguela ou cajá?
Serviço
Lídice Peres
(31) 98362-1920