Jornal Estado de Minas

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Cafés especiais que eram exportados passam a vendidos no mercado interno

A U Can Coffee investe mais em variedade do que em quantidade, por isso todos os lançamentos têm edição limitada (foto: U Can Coffee/Divulgação)

“Quero que o brasileiro tenha acesso ao ouro do Brasil.” A fala de impacto diz muito sobre o objetivo da publicitária Silvia de Moraes Gomide com a U Can Coffee: disponibilizar para o mercado interno cafés de extrema qualidade que iam direto para outros países. Outro desejo dela é elevar o nível de exigência com o produto, já que a maior parte dos consumidores se acostumou a preparar a bebida com grãos que precisam de torras intensas para esconder seus defeitos.




 
Silvia não entendia nada de cafés. Até que, em 2009, conheceu a Veloso Coffee, empresa de Carmo do Paranaíba, no Triângulo Mineiro, que tem tradição em produzir e exportar cafés especiais. “Provei pela primeira vez um café que não tivesse sido comprado em supermercado e passei a não tolerar mais os que estava acostumada a tomar.”
 
No ano passado, com a pandemia, Silvia começou a enxergar uma mudança de comportamento do consumidor. Quem antes tomava um café qualquer na copa da empresa, que passava horas na garrafa térmica, teve que fazer a própria bebida em casa, todos os dias. “Com isso, as pessoas passaram a ser mais seletivas e percebi a curiosidade delas em provar cafés que eu consumia dentro de casa, mas que o brasileiro não tinha acesso porque era todo exportado”, observa.

Assim surgiu a ideia da U Can Coffee. A publicitária estudou bastante os cafés da Veloso e escolheu oito para lançar no mercado interno ao longo do ano. Todos são vendidos em grãos. “Quando você mói o café, ele entra em um rápido processo de oxidação e isso faz com que perca a maioria das características sensoriais, tão difíceis de adquirir durante todo o processo”, justifica. A sugestão é moer os grãos na hora e tomar o café imediatamente.




 
 
Primeiro foi lançado o bombom de nozes, da variedade catuaí amarelo, com notas de nozes, mel e uma cremosidade que fez Silvia se lembrar do clássico bombom de nozes de festa, daí o nome. Na sua opinião, ele agrada a todos os paladares. “Não queria lançar de cara um café com características muito diferentes, que precisasse de mais conhecimento para ser vendido. Vejo o bombom de nozes como um café para o dia a dia, que combina com leite e pode virar coquetel. Acho bem flexível.”
 

Variedades exóticas

 
Depois chegou o trio com os cafés mais pontuados da temporada. Dois deles são de variedades exóticas, que passaram por processos naturais de fermentação. Ambos estão na primeira safra e já surpreenderam. O sangria é um exemplar do caturra, grão raro de origem brasileira. Tem sabor um pouco alcoólico e notas de frutas. “A sensação é de que picaram um monte de frutas, colocaram em uma jarra com vinho e fizeram uma sangria maravilhosa”, descreve.

Gesha é o nome da montanha na Etiópia onde descobriram essa variedade, mas, como o da U Can Coffee é cultivado em Minas, foi batizado de Gesha, uai!. Nele, destacam-se a acidez do maracujá silvestre e as notas de iogurte. É o que atingiu a pontuação mais alta (91 pontos).




 
Todos os cafés são de edição limitada. Silvia trabalha apenas com nanolotes (até três sacas) e microlotes (80 sacas, no máximo). Do bombom de nozes ela comprou três sacas, dos outros apenas uma de cada. Para se ter uma ideia, uma saca tem 60kg, o que resulta em cerca de 200 latas. É mais interessante investir em variedade do que em quantidade. “Aqui não tem monotonia, cada gole é uma sensação diferente, e a beleza está em conseguir variar a experiência.”
 
Em maio, serão apresentados mais três cafés. O último lançamento está previsto para agosto. Os selecionados da nova safra já chegam ao mercado em novembro. Nenhum vai se repetir. “Por mais que colha o café da mesma variedade e terroir, não consigo as mesmas notas de uma safra para a outra, o que é maravilhoso, sempre uma surpresa. Todo ano temos que encontrar essas joias.”
 

Serviço

U Can Coffee
(31) 98806-0090 

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