Como você define o suspiro perfeito? Para a confeiteira Adriane Toledo, não basta ser crocante por fora e macio por dentro. Criadora da marca Suspirô, ela mostra que a versão dos sonhos tem que ter recheio cremoso, cobertura de chocolate e enfeites bem coloridos. Há um ano, a ex-arquiteta se dedica à massa doce de clara de ovo e açúcar e surpreende com formatos diferentes.
Adriane sempre esteve envolvida com artes. Infeliz como arquiteta, ela virou maquiadora e passou a fazer adereços de carnaval. Além disso, nunca deixou de ajudar a mãe, Sônia Toledo, em seu ateliê de cerâmica. Quando veio a pandemia, sentiu que era a hora de mostrar sua habilidade na cozinha.
Suspiro é o doce mais comum na casa de Adriane. A mãe fazia com muita frequência, quase sempre puro, às vezes recheado com nozes ou por cima da torta de banana-da-terra frita com doce de leite.
Fosse aniversário ou almoço de domingo, lá estava ele para adoçar a vida. A sobremesa era sucesso entre amigos e muitos falavam: por que não vender? “Sempre gostei de cozinhar, de fazer doces, e na pandemia, vendo que não podia maquiar, fazer adereços ou dar aula, pensei no suspiro.”
Mesmo familiarizada com o suspiro, Adriane confessa que não foi fácil acertar a receita. O doce pode parecer simples, mas exige técnica. “Suspiro é muito melindroso e cheio de pegadinhas. O maior segredo é a temperatura do forno. Suspiro não assa, ele seca, e tem que ficar branquinho. São truques que você vai estudando para entender melhor o que está fazendo.”
A confeiteira não usa baunilha nem nada para dar sabor à massa. Simplesmente mistura açúcar e clara de ovo caipira bem fresco (de até sete dias), a fim de evitar aquele cheiro indesejado de ovo na hora da mordida. Como aprendeu desde pequena, suspiro bom é crocante por fora e macio por dentro (o interior fica parecendo marshmallow). Nem pensar em servi-lo seco ou duro demais.
Particularmente, ela acha suspiro puro sem graça. Então, não se limita ao que aprendeu em casa. “A base de tudo o que faço na Suspirô é da minha mãe, que vem da minha avó e da minha bisavó. Todas as receitas são de família, mas é claro que faço adaptações”, destaca.
Novos sabores
Enquanto a mãe faz apenas recheio de nozes, Adriane gosta de explorar outros sabores. O suspiro pode ser de chocolate, limão siciliano, coco, pistache e, mais recentemente, banana com canela. Todos os recheios têm textura de brigadeiro e vão ao forno já dentro da casca. A filha também teve a ideia de fazer cobertura de chocolate, o que deixa o doce mais chamativo. Por cima, ela ainda coloca framboesa fresca, fitas de coco, pistache triturado, pétalas de flores e o que mais a criatividade deixar.
Os suspiros especiais são maiores e têm três vezes mais recheio. Com o tempo, Adriane foi aumentando a receita até chegar à pavlova, doce que não herdou da família. Pavlova pode ser considerada um suspiro recheado gigante. A massa é a mesma, mas precisa ser assada por mais tempo. “Asso por três horas e deixo esfriando a noite inteira. Não posso abrir o forno em nenhum momento. Só finalizo na hora de entregar, ou envio separadamente os recheios. Cada um monta do seu jeito.”
A pavlova clássica tem recheio de geleia de limão siciliano, com um azedinho que quebra o doce do suspiro, e compota de frutas vermelhas. Por cima, chantili e frutas frescas da estação, como morango, cereja, framboesa e amora. Inspirada na torta da mãe, Adriane faz pavlova de banana-da-terra frita com doce de leite, canela e suspiro. Já está em teste o recheio de nozes com figo.
Para fazer os suspiros e as pavlovas, só se usa a clara do ovo. Como sobra muita gema, a confeiteira resolveu criar uma receita de quindim, que pode ser individual ou tamanho família. A massa cremosa, que ainda leva manteiga e açúcar, fica por cima de uma base caramelizada e crocante de coco fresco ralado. Todos os doces devem ser encomendados com antecedência.
Serviço
Suspirô
(31) 99804-2588