Quando o empresário Alê Flit decidiu trazer para o Brasil a Nathan’s Famous, marca centenária de hot-dog dos Estados Unidos, pensou: ‘Será que ela é tão especial para os outros quanto é para mim?’. A resposta surpreendeu. No segundo fim de semana em São Paulo, foram vendidas duas mil unidades. “Legal ver que não sou só eu que tenho um sentimento pela marca. Muita gente tem uma memória afetiva que liga a Nathan’s a viagem e prazer.” O famoso cachorro-quente já chegou a Belo Horizonte.
Alê conhece a Nathan’s Famous desde criança e diz ser aficionado pela marca, inaugurada em 1916, na cidade de Nova York, e hoje com mais de 225 lojas em todo o mundo. Era a única salsicha que ele podia comer. “Meu pai nunca me deixou comer salsicha no Brasil, falava que a qualidade era muito ruim, que nunca sabíamos o que estávamos comendo, aquela história que estamos cansados de saber. Então, só comia quando viajava”, explica.
Na época em que Alê trabalhava com tecnologia e tinha um escritório em Nova York, a primeira coisa que fazia quando chegava à cidade era comer um hot-dog. Para ele, o sabor é único.
Por várias vezes ele tentou trazer a Nathan’s Famous, mas nunca teve sucesso. Até que soube, através do consulado dos Estados Unidos em São Paulo, que a marca tinha planos de se instalar no Brasil. No fim, venceu uma disputa acirradíssima, da qual participaram empresas gigantes. “Acho que para eles a minha paixão bateu forte. Sempre tive uma relação afetiva com a marca.”
Pesou também o fato de Alê já atuar no ramo de carnes. “Isso fez com que tivéssemos um diferencial muito grande. Somos apaixonados pela marca, pelo produto e por carne e cuidamos desde a pecuária até a mesa do cliente.” Há três anos, ele abriu a primeira das seis lojas BBQ Company, restaurante e açougue em São Paulo focado em carnes especiais.
Carne, e nada mais
A salsicha é 100% bovina. Tem carne, e nada mais. Alê ajudou na seleção das proteínas e do parceiro que a produz no Brasil. O blend é mantido em segredo, assim como o tempero, que vem da única fábrica do mundo que sabe a receita. “Não é como a salsicha brasileira, que você ferve a água e prepara em imersão. A nossa é de grelha, e isso ressalta os sabores”, descreve.
Os complementos vão desde a mistura básica de catchup e mostarda até a combinação de chucrute (conserva de repolho) e mostarda, a mais famosa nos Estados Unidos. O hot-dog ainda pode ter cheddar e bacon ou catupiri e bacon, invenção exclusiva do Brasil. Em breve, será lançado o molho de chili com queijo. “Hot-dog americano não tem muito a ver com o que estamos acostumados no Brasil, com purê e batata-palha. São mais simples.” O pão, clássico de cachorro-quente, segue a receita original.
Uma opção diferente é o corn dog, espetinho de salsicha empanada em massa de milho. Por enquanto, está disponível no cardápio apenas a batata frita tradicional, mas Alê planeja, até o fim do ano, trazer o corte ondulado servido nos Estados Unidos.
A marca chegou a BH por intermédio de Leo Paixão. “Quando lancei, ele me ligou falando que era louco pelo cachorro-quente e sugeriu abrir na cidade”, conta Alê, que tem o chef como sócio nesta operação. O ponto de delivery fica no Lourdes e, através de aplicativos terceirizados, atende em um raio de seis quilômetros. A primeira loja física, prevista para inaugurar em um mês, será na Savassi.
Em São Paulo, já são duas lojas físicas e três pontos de delivery. O próximo destino será o Rio de Janeiro. O plano, na sequência, é organizar um modelo de franquias para outras regiões do Brasil. Alê acredita muito no serviço de entrega, até pelo momento de pandemia. “Acho que o delivery é uma estratégia muito boa, porque consigo mapear onde tem demanda antes de investir em loja.”