Faltava um restaurante italiano no bairro. Fabiano Franco e Juliana Rodrigues aproveitaram a oportunidade para resgatar lembranças da época em que viveram na Itália. Eles são os idealizadores do Nero Cucina, que serve clássicos temperados com a criatividade do chef Jonathan Soares. “Queremos transformar o Santa Lúcia num polo gastronômico e de entretenimento”, avisa Fabiano, que também comanda o Quintal São Bento e tem sócios em comum com o Fazendinha São Bento.
Fabiano e Juliana moraram por três anos na Itália. Ele era jogador de futebol e ela, de vôlei. O casal passou por Aragona e Ribera, cidades bem pequenas na região da Sicília. No salão do restaurante, vemos quadros com fotos de lugares que visitaram. Comer era um dos programas preferidos. “O carbonara, prato muito típico, é o que mais me aguça o paladar.”
No cardápio do Nero, há outras massas tradicionais além do espaguete com ovos, bacon e queijo parmesão. Os sabores clássicos da Itália estão no linguine ao pesto com ricota de búfala e no rigatoni à caprese, com muçarela de búfala, tomate e manjericão.
Entre as carnes, a bisteca à fiorentina não poderia faltar. O corte bovino com osso é acompanhado de macarrão ao sugo gratinado. Tem também a cotoletta à milanesa (prime rib suíno empanado em farinha de pão) com molho de tomate defumado, risoto de açafrão, burrata e molho pesto. Outra opção é o filé-mignon com molho roti e risoto trifolati (com cogumelos salteados).
A cozinha italiana foi a porta de entrada de Jonathan, o chef, na gastronomia. Conseguiu seu primeiro emprego no restaurante Serafina, em São Paulo, onde o pai trabalhou a vida toda. Ele era responsável pela produção de massas e o convite para assumir o Nero o fez lembrar do ofício. “Amo massa. É uma das primeiras receitas que aprendi a fazer e o que mais cozinho no meu dia a dia.”
Seu amor por massas se expressa no ravióli de pato, que ele prepara do início ao fim. Depois de fazer a massa, usa o peito ou magret do pato para fazer uma espécie de bacon (a carne é defumada e cortada em fatias bem finas). O restante da carne se transforma em ragu para rechear os raviólis. Com os ossos, ele faz o molho.
“Dá para sentir a potência do pato, que é uma carne de caça, a acidez do molho e o defumado do bacon de pato que vai em cima”, descreve. Os gomos de laranja levam frescor ao prato.
Toque japonês
O risoto de limão servido com peixe ganha um toque japonês. “A culinária oriental é a que mais estudo. Gosto de usar os ingredientes de lá nas minhas receitas.” Para fugir do salmão com risoto limão, que quase todo restaurante tem, Jonathan adiciona wasabi em pó ao arroz arbóreo. Além disso, usa pescada amarela com uma camada de pangritata, receita italiana de farofa de pão tostado inventada nos tempos de escassez para substituir o queijo, que, em teoria, não combina com frutos do mar.
Olha o que o chef faz com o clássico romana saltimbocca. O filé empanado com lâminas de presunto e sálvia frita é cortado em tiras e servido como tira-gosto. “Trouxe a referência da parmegiana a palito, que é bem tradicional em botecos, para a cozinha italiana.” Já o prato mais vendido da casa reúne todos os ingredientes da receita original, mas sem ser convencional: bife ancho, espaguete na manteiga de sálvia, presunto cru e farofa de pão para remeter ao empanado.
Todas as carnes e frutos do mar são preparados na brasa. “Fogo é a minha paixão”, revela Jonathan. Como a cozinha é aberta e fica no meio do salão, de vez em quando você pode ser surpreendido por uma chama alta que automaticamente atrai o olhar e hipnotiza. Fora o sabor defumado, os pratos têm em comum a presença de ingredientes italianos como azeite, queijos, pão, molhos gremolata e pesto.
Varal de embutidos
Sem dúvida, a entrada mais cobiçada é o varal de embutidos. Quando vai montar um, Jonathan já se prepara para fazer mais três, porque sabe que as outras mesas vão pedir. A tábua, que serve quatro pessoas, atrai pelo visual e pela possibilidade de se fazer uma degustação completa da Itália.
Os embutidos chegam, literalmente, pendurados à mesa. Copa, bacon de pato e calabresa são produzidos na casa. De charcutaria, ainda tem salaminho, parma e mortadela com pistache. Na parte de baixo, são servidas conservas da casa, que se revezam a cada dia, como tapenade de azeitona, tomate confitado e caponata de berinjela.
Completam a tábua os queijos, entre eles grana padano, pecorino, burrata, gorgonzola, e a focaccia da casa.
O chef transita bem entre clássicos e inovações. Ao mesmo tempo em prepara uma bruschetta de cogumelos com tomate confitado e grana padano gratinado, surpreende com o crostini de salmão.
Por cima da massa de pizza tostada, fatias de salmão curado por três dias em beterraba e endro (o peixe fica com cor rosada), confit de aboborinha e ricota da casa com limão. “É uma entrada bem completa. Tem o crocante do pão, os temperos do salmão, a acidez da ricota e a untuosidade da abobrinha”, diz o chef.
Serviço
Nero CucinaRua Halley, 1075, Santa Lúcia
(31) 98381-2269