Um lugar onde a gastronomia é diversa e criativa. Onde as propostas diferentes se somam para que o público conheça o que tem de mais atual para comer e beber. O Mercado Novo, no Centro de Belo Horizonte, se fortalece como um espaço representativo do que existe na cidade com a expansão para o terceiro andar. Somando ao piso de baixo, sete negócios chegam com novos conceitos e sabores.
Diante da lotação máxima do segundo andar, onde começou a ocupação criativa do prédio, era natural a expansão para o terceiro andar. A área, que já abrigou o projeto Mercado das Borboletas, estava totalmente abandonada (até 2015, nem telhado tinha).
O terceiro piso tem uma proposta diferente. São apenas cinco negócios de comida e dois de bebida em volta do amplo vão central, e não há planos de aumentar esse número. Como tem pé direito alto, o espaço é mais iluminado e ventilado. As mesas e cadeiras são coletivas e os estabelecimentos disponibilizam serviço de garçom.
“Queremos oferecer um pouco mais de conforto para quem não está a fim de ficar em pé ou quer comemorar aniversário, happy hour de empresa, almoço de família no domingo”, observa o curador do projeto de expansão do Mercado Novo, Luiz Castro. A área de alimentação faz parte de um complexo com lojas de roupas, escritórios, galeria de arte, academia, salão de beleza, entre outros.
A gastronomia do terceiro andar segue a regra do mercado: cada negócio tem uma proposta bem específica e diferente da do seu vizinho (inclusive os do piso de baixo). O sushi vegano do Bejí é um dos mais comentados. Surpreende até o mais convicto dos carnívoros. “A lógica é valorizar o sabor dos vegetais. Não temos a intenção de imitar peixe”, informa o sócio e sushiman Luiz Gustavo Costa.
O Bejí é uma criação do casal Luiz Gustavo (publicitário) e Ana Clara de Oliveira (arquiteta). Quando tiveram que fazer lanches sem carne para a filha, hoje com sete anos, também resolveram mudar os hábitos. Mas e o sushi? Comida japonesa era o que mais amavam e não dava para ficar sem.
Receita da avó
Como as opções em carne eram raras, eles foram para a cozinha fazer receitas para comer em casa. “Até que amigos começaram a provar e gostar. De repente, tínhamos um cardápio em mãos”, ele relembra. Luiz Gustavo conta, com orgulho, da primeira peça que criou. Resgatou a receita de geleia de pimentão vermelho que a avó Uxa fazia no Natal e colocou por cima do gunkan de arroz e creme de castanha de caju envoltos em folha de couve.
O negócio, que começou em casa e por delivery, logo precisou de um espaço para se mostrar ao público. O Bejí foi o primeiro a ocupar o terceiro andar do Mercado Novo. O japonês vegano desperta o interesse de quem não gosta de peixe cru, mas também atrai a curiosidade dos que comem carne pelo inusitado e pelo colorido. “Ficamos muito empolgados com a oportunidade de quebrar o preconceito que ainda existe com comida vegana. Muitos não querem nem experimentar”, aponta.
Alga nori e arroz são as bases das receitas. Nos outros elementos é que percebemos o tamanho da diferença entre a comida japonesa vegana e a tradicional. A ausência da carne acaba sendo um catalizador da criatividade e leva os criadores para caminhos inexplorados. “Como não temos um padrão a ser seguido, temos uma liberdade grande de experimentar”, comenta Luiz Gustavo.
Do balcão, onde preparam as peças, os sócios observam a reação do público e estão preparados para bater um papo com os mais céticos. Luiz Gustavo guarda como uma “carta na manga” o gunkan de abobrinha com tartar de shimeji e crocante de cebola. Se a pessoa está curiosa, mas desconfiada, é rapidamente convencida com essa peça que combina cores, sabores e texturas.
Depois é só curtir as outras combinações, como o enrolado de alga nori com arroz empanado na farinha de panko e doce de manga com especiarias. Entre os gunkan, também merecem destaque o de nabo com tartar de shimeji e sagu de limão e o de cenoura com alho-poró, creme de castanha de caju e castanha de caju triturada. Quiabo assado com especiarias, tofu grelhado, brócolis fresco e pimentão vermelho confitado são algumas das opções de nigiris.
Porções para compartilhar
O clima do mercado inspira o casal a levar para o cardápio do Bejí porções para compartilhar. Como exemplo, shitake empanado com maionese de wasabi, trouxinha de guioza frita com recheio de tartar de shimeji e harumaki de cogumelo eryngui defumado com palmito.
Completam a lista do terceiro andar o Café Magrí (que serve brunch), o Coal Bar-b-que Market (especializado em churrasco americano), o Comidaria Guerra (com lanches vegetarianos e veganos) e a Margô Drinkeria (bar de coquetéis).
Ainda este mês deve ser inaugurado o Arroz (como o nome já diz, é uma casa que serve pratos que têm o arroz como protagonista, entre eles paella e risoto). A cervejaria Do Terceiro também está nos últimos preparativos para abrir.
Além disso, o espaço criativo do Centro Universitário Una, que está em construção, será palco de experimentações gastronômicas. Os alunos vão aprender na prática como é trabalhar em um restaurante. Terão que desenvolver receitas na cozinha-escola e vender os produtos para o público do mercado. A estimativa é de que as atividades comecem em abril.
Novas experiências
Com a nova loja, o Coal Bar-b-que Market, que já tem uma unidade em Nova Lima, tem a chance de apresentar o churrasco americano a mais pessoas. “Diferentemente do Jardim Canadá, para onde os clientes vão sabendo o que querem, no Mercado Novo atraímos um público curioso, que, na maioria das vezes, ainda não experimentou o american barbecue”, observa o fundador, André Prates.
Para quem não conhece, o churrasco americano, vindo do Texas, consiste em carnes defumadas em baixa temperatura e por longos períodos, com lenhas frutíferas. O que se busca são sabor e maciez.
O queridinho do cardápio é o brisket, peito bovino defumado em 15 horas em lenha de macieira. Para acompanhar, algumas das opções são milho e batata defumados, mac and cheese mineiro, salada coleslaw e picles (de pepino e cebola roxa) da casa. Também dá para comer o brisket desfiado no recheio do sanduíche em baguete com cebola caramelizada, queijo canastra e jalapeño.
A loja do mercado tem novidades, como as carnes do dia (salmão e bife chorizo, por exemplo). “Transformamos cortes de parrilla em defumados para que a experiência seja diferente.” Além disso, o cardápio passa a ter mais porções para compartilhar, incluindo barriga de porco defumada com barbecue e mel de lavanda, croquete de brisket e coxinha de pulled pork (carne de porco defumada).
Do Lourdes para o Mercado Novo, o Café Magrí aumentou sua capacidade de atendimento de 14 para 96 lugares (nas mesas compartilhadas). Com a mudança, eles passaram a servir apenas brunch, todo dia e toda hora. “Os clientes sempre pediam, só que ficávamos sem coragem, porque é muito ousado. Mas está funcionando bem”, comenta a sócia e barista Marília Balzani.
Os clássicos
Para testar o novo formato, a cafeteria reuniu os clássicos do cardápio. São eles Dalí (ovos mexidos com fonduta de queijo e torradas), Miró (pão com abacate e salada de feijão, milho e tomate), Frida (croque madame com requeijão de raspa) e Lee (waffle de fubá com sorvete de coco queimado e ganache de chocolate com café).
Cada um monta o seu combo com complementos que vão de pão de queijo e pão de pesto a pão de canela e cookie de chocolate. Entre as bebidas, além do tradicional espresso, faz sucesso o cappuccino gelado com chantili de gengibre e canela.
A intenção é que o cardápio seja sazonal, com duas alterações por ano, para aproveitar os produtos da estação e testar a criatividade. “Sabemos a origem e a qualidade do que estamos vendendo, sempre escolhemos pequenos produtores e respeitamos a sazonalidade dos ingredientes”, resume. Marília pensa que o caminho é trabalhar apenas com fornecedores do mercado.
Apesar de dividirem a atenção com outros tantos negócios, Marília e André só enxergam vantagens de estarem naquele espaço. “O legal do mercado é justamente reunir propostas diferentes, que se complementam”, ele comenta. A sócia do Café Magrí acrescenta: “Oferecemos mais opções para os clientes. Eles podem tomar suco de fruta, por exemplo, que é algo que não vendo.”
Na visão deles, a diversidade não aumenta a concorrência, acaba favorecendo a troca de experiências e cria um ambiente colaborativo. A cafeteria compra pães da Painço, padaria que fica no segundo andar, enquanto o Coal defuma no seu pit smoker o uísque da Margô Drinkeria.
Nigiri de pimentão vermelho confitado (Bejí Sushi Veg)
Ingredientes1 pimentão vermelho; 3 colheres de sopa de azeite; 1 colher de sopa de gergelim; 1 folha de alga nori picada; 1/2 colher de sopa de suco de limão; 1 xícara de arroz; 1 + 1/4 de xícara de água; 1 xícara de vinagre de arroz; 1 xícara de açúcar; 3 pitadas de sal
Modo de fazer
Em uma forma com um fio de azeite, asse o pimentão até por 30 minutos, ou até que ele fique bem macio, mudando de lado a cada 10 minutos. Retire o pimentão do forno, coloque-o em água corrente e tire a pele. Abra o pimentão, tire as sementes e corte-o em tiras (do tamanho e da largura do niguiri que for fazer). Coloque o pimentão em uma marinada com azeite, óleo de gergelim, alga nori picada e suco de limão. Reserve por pelo menos 1 hora. Lave bem o arroz até que a água fique bem limpinha e transparente. Escorra. Transfira o arroz para uma panela e adicione a água. Tampe e deixe cozinhar em fogo alto. Quando começar a ferver, abaixe o fogo. Cozinhe até a água secar. Desligue o fogo e deixe descansar por 10 minutos. Em um recipiente, misture o vinagre de arroz, o açúcar e o sal. Despeje metade da mistura na panela do arroz e espere 10 minutos. Retire o arroz, coloque-o em um recipiente e misture-o com uma colher de plástico ou madeira, adicionando o restante do tempero até os grãos grudarem.
Serviço
Bejí Sushi Veg(31) 99752-1078
Coal Bar-b-que Market
(31) 99110-1551
Café Magrí
(31) 99751-3322
(31) 99787-3087