O ambiente é minuciosamente decorado. Mesas e cadeiras seguem o estilo vintage. Na varanda, um teto de flores com mais de mil galhos de buganvílias desidratadas. Todas as louças são de cerâmica. Dá para tomar vinho e espumante.
Parece um restaurante, mas estamos falando da nova unidade da padaria Du Pain, no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima. “Queremos que as pessoas venham para comer pão”, avisa Ronaldo Souza, que se apresenta como padeiro, e não chef.
A história da Du Pain começou há seis anos, no Mercado Central. Instalada em um lugar por onde circulam pessoas tão diversas, a padaria ajudou a democratizar o acesso ao pão artesanal, de fermentação selvagem, numa época em que pouco se falava sobre isso.
Na pandemia, enquanto estiveram de portas fechadas, eles aproveitaram para investir em novos equipamentos e a vontade (e necessidade) de abrir outra loja só aumentou. Até porque, com a reabertura, não dava mais para servir os pães para os clientes.
“Nesse tempo, fortalecemos a cozinha e a nossa estrutura hoje consegue atender a mais quatro lojas”, comenta Raquel Brandão, sócia e esposa de Ronaldo.
O novo espaço tem um amplo salão com mesas e cadeiras. O lugar mais disputado é a varanda, onde fica o teto revestido de flores. Outro atrativo é a vista panorâmica para o Vale do Sereno, com prédios e montanhas ao fundo.
Parte da loja funciona como empório e reúne produtos para levar para casa, incluindo os pães do dia, além de pizzas e massas congeladas da casa. A padaria também vende produtos de parceiros, como cafés, azeites, vinhos, queijos e a farinha de trigo francesa que usam.
Vitrine de três metros
Segundo Raquel, um dos pontos decisivos para a escolha do imóvel foi a vista para a cidade, que automaticamente atrai o olhar de quem chega. Ronaldo queria que os pães provocassem o mesmo impacto e projetou uma vitrine de três metros de comprimento, que não passa despercebida. “As pessoas entram na loja olhando para a janela e para a vitrine. Era o que eu queria.”
Chama a atenção a variedade de croissants, que ocupam pelo menos metade da vitrine. Não é por acaso. Ronaldo sempre gostou da massa folhada em formato de meia lua (sua mãe, inclusive, já trabalhou com isso).
Desde o início da Du Pain, ele colocou muito tempo e energia no desenvolvimento da receita, tanto que virou referência para os belo-horizontinos. A paixão está até na decoração da loja, que conta com lustres em formato de croissant.
O padeiro diz que o croissant é o produto mais minucioso que tem na linha de produção. Para começo de conversa, ele só usa farinha e manteiga francesas. O processo demora três dias. Ao longo dos anos, Ronaldo fez pequenas mudanças na receita e hoje enxerga uma diferença enorme no produto, apesar de nunca achar que chegou ao ponto perfeito. “O processo de evolução continua, nunca para.”
A massa pode ser neutra (sem recheio), ter um toque salgado (quando é recheada com queijo minas) ou adoçar o paladar. Entre os doces, o mais vendido, de longe, é o de chocolate. Os outros sabores são goiabada e amêndoas.
Na nova loja, os sócios sugerem um jeito diferente de comer croissant: em forma de sanduíche. Ronaldo pensou em recheios leves para combinar com a delicadeza da massa.
São três opções: rosbife de filé-mignon com tomate grape, rúcula e mostarda l’ancienne; gravlax de salmão com creme azedo e mix de folhas; e uma versão da salada caprese com muçarela de búfala, tomate grape confitado, rúcula, azeite de manjericão e flor de sal. “Tudo o que não é pão faço o mais clássico possível”, ele pontua.
O croissant dos sanduíches tem o dobro do tamanho dos tradicionais e é finalizado no forno para ficar bem crocante por fora.
Há outros tipos de sanduíches. “O cardápio da nova loja tem o que sempre indicamos para os clientes fazerem com os nossos pães”, comenta Raquel. O brioche se transforma, por exemplo, no croque madame, com presunto, queijo gruyère, molho bechamel e ovo frito.
Sanduíches frios
Com a ciabatta, eles fazem os montaditos, sanduíches frios que já ficam prontos na vitrine. Um deles tem recheio de presunto parma, queijo canastra, tomate grape, rúcula e azeite de manjericão.
Os itens de confeitaria também são novidade da loja do Vila da Serra. Antes a padaria só fazia madeleine, financier e bolos (o de milho é um dos mais famosos). Agora contratou um confeiteiro e vai seguir a linha dos clássicos franceses. O paris brest é feito com massa choux, pralinê de amêndoas e creme de confeiteiro, assim como a éclair de chocolate, que tem duas texturas de ganache.
Já a tartelete de limão siciliano é recheada com lemon curd (creme à base de gemas e manteiga) e, no creme brulée, a semente de semente de cumaru entra no lugar da baunilha.
O próximo passo será oferecer entremets (tortas francesas com várias camadas) e macarons. De acordo com Ronaldo, podemos esperar uma vitrine “maravilhosa”. A padaria também se prepara para colocar no cardápio um menu degustação com clássicos da casa em formato de finger food.
No segundo andar da loja, que ainda está fechado, o plano é receber o público nos fins de semana para o grand café. Lá terá um bufê com produtos para um café da manhã completo, como pães, bolos, queijos e embutidos. O espaço de cima também será destinado aos cursos mão na massa, literalmente, que começam este mês, com o de panificação, ministrado pelo próprio Ronaldo.
Serviço
Alameda do Ingá, 150, Nova Lima
(31) 97192-1186