Há um mês, uma casa no Bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, está diferente. Jardim florido, portas sempre abertas e um cheiro de chocolate e bolo no forno que se espalha pela vizinhança. Lá é o lugar que Carol Mesquita (ex-Bolos da Caroll) escolheu para abrir a loja e a fábrica da confeitaria A Botânica. Os visitantes podem comprar doces, objetos de casa e kits para presentear.
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“Fortaleci tanto a marca na pandemia que precisava de mais espaço e mais gente”, conta.
Carol queria um lugar onde pudesse criar um clima de casa de vó, que tem a ver com a sua confeitaria. Além de saborosos, os doces e bolos entregam muita afetividade. Dá para sentir que ela pensa com carinho em cada detalhe.
A divisão dos cômodos da casa, que até então era uma residência, foi preservada. Os visitantes são recebidos na sala com uma mesa montada. A confeiteira coloca ali seus bolos, doces e objetos para casa, incluindo xícara, guardanapo e arranjos de flores, com ideias de decoração. Na estante ao fundo, ficam as opções de kits para presentear. A luz amarela é para criar um ambiente com aconchego.
Na copa, tem um cantinho onde os clientes podem se sentar, tomar um café e comer um doce enquanto esperam a equipe separar e embalar o pedido. Logo ao lado fica a cozinha, de onde sai o cheiro de chocolate e bolo no forno que perfuma toda a casa.
O quintal, por enquanto, só tem uma rede, mas, a partir do mês que vem, receberá os convidados dos brunchs com venda antecipada de ingressos.
O nome A Botânica vem da íntima relação de Carol com as flores. Seja na embalagem ou no próprio produto, elas estão sempre presentes, exibindo cores e formatos diferentes, e sempre fizeram parte da identidade do seu trabalho.
“Flor é sinônimo de delicadeza, transmite cuidado e possibilita uma entrega com beleza. Mostra que dediquei um tempo para fazer aquilo para você”, comenta.
Flores naturais
A confeiteira só trabalha com flores naturais, pois acredita não ter como fazer nada mais belo do que já existe na natureza. Ao longo do tempo, ela estudou livros de botânica para descobrir quais espécies poderia usar. Rosa, girassol e lisianto são as preferidas.
Além disso, aprendeu a desidratar as plantas para aumentar sua durabilidade. A sala de embalagem tem tantas flores que parece até uma floricultura.
Há também espécies comestíveis, como amor-perfeito, minirrosa e lavanda, que são fornecidas pela produtora de orgânicos Ilma Corrêa, de Capim Branco.
No novo espaço, Carol consegue trabalhar com pronta-entrega de chocolates. Quando sua cozinha ainda era casa, ela só atendia por encomenda e, como sua capacidade de produção era pequena, os produtos se esgotavam rapidamente, o que deixava muita gente frustrada.
O produto mais vendido, que agora não falta, é o crocante de mel. A confeiteira demorou quatro meses para desenvolver a receita, única que não divide nem com os alunos. O que sabemos é que ela faz um caramelo de mel que se expande e fica crocante. Depois é coberto com chocolate meio amargo e finalizado com flor de sal. A dica é comer tomando um café sem açúcar.
Agora também estão ao alcance das mãos os rochedos de flocos de milho com chocolate meio amargo e de lascas de amêndoas tostadas com chocolate branco, a paçoca glaçada no chocolate meio amargo, e as drágeas de amendoim com chocolate branco e leite em pó.
Tem também as cápsulas de chocolate com pó de cappuccino. Em contato com água ou leite quente, elas derretem.
Bolos só por encomenda
Os bolos ainda estão restritos para encomendas, mas Carol avisa que dá para fazer de um dia para o outro. No cardápio, ela tem receitas caseiras que ganham cara de festa.
O bolo gelado de coco, por exemplo, é coberto por chantili de coco, coco ralado e lascas de coco desidratado. A calda de três leites vai à parte para que o cliente umedeça ainda mais a massa na hora de comer. Já o bolo brulèe tem massa de baunilha, geleia de frutas vermelhas e brigadeiro de cumaru maçaricado.
A linha casa surgiu pela vontade dos clientes de darem presentes com significado e que duram. Além dos doces, os kits contêm pelo menos um item utilitário e/ou decorativo, como canecas, panos de prato e guardanapos com estampas exclusivas.
“Isso me lembra a minha avó, que juntava aquele tanto de objetos afetivos que não usava na cristaleira”, aponta Carol, que completa: “Chocolate você come e joga a embalagem fora. Os objetos ficam impregnados de história.”