Nem parece que estamos cercados por prédios altos e ruas movimentadas. Ao passar pelo portão do restaurante Villeon, no Bairro Luxemburgo, você sente a tranquilidade de estar em uma vila. Quem recebe, muitas vezes na porta, é o chef Felipe Leão. Cores, plantas e móveis garimpados criam um clima de aconchego. O menu, totalmente sazonal, reúne pratos que valorizam o frescor dos ingredientes.
O conceito surgiu quando Felipe levou o arquiteto Cristiano Sá Motta para conhecer o espaço. “Ele olhou para as casas coloridas ao redor e se sentiu na Costa Amalfitana. Daí a ideia de transformar o lugar em uma vila italiana”, conta o chef, que é formado em hotelaria e turismo e sempre desejou abrir o seu próprio restaurante. Villeon é uma fusão da palavra “vila” com o seu sobrenome.
A vila se divide em vários ambientes. Em destaque, o pátio central, com mesas ao ar livre e uma enorme jabuticabeira, que se conecta com a cozinha, toda aberta.
Felipe se divide entre a cozinha e o salão. Passa por todas as mesas para cumprimentar os clientes e ouvir o que eles têm a dizer sobre os pratos e a experiência. “Além de conhecer pessoas, que podem se tornar amigas, tenho a possibilidade de colher feedbacks instantâneos”, aponta.
Ainda fazem parte da vila um salão coberto, onde fica o bar, e um empório com produtos à venda.
A cozinha se abre para vivências de Felipe pelo mundo. Como brasileiro e mineiro, ele leva para as receitas muito do seu país e estado. Ao mesmo tempo, utiliza técnicas francesas, já que estudou gastronomia em Paris e trabalhou em três restaurantes estrelados. O chef também busca inspiração na Itália, relembrando os tempos de bufê Pichita Lanna, em BH.
“A minha cozinha é focada no frescor dos ingredientes”, resume. Com orgulho, Felipe mostra a horta ao fundo do restaurante, de onde saem ervas e flores. Influência do francês Michel Bras, com quem trabalhou no Bras, em Laguiole, um dos primeiros chefs do mundo a cultivar ingredientes que usa nos pratos. Além do frescor, ele destaca a possibilidade de servir cores e sabores inusitados.
Pelas palavras de Felipe, o cardápio é muito “vivo” e mutável. Não só porque acompanha as estações do ano. Toda semana, surgem novas sugestões do chef. São tantas criações que fica até difícil de se lembrar de todas.
Numa rápida busca pela memória, ele cita filé de olhete grelhado com espuma de limão siciliano e farofa de caju e ossobuco marroquino com especiarias, grão-de-bico e palmito pupunha.
Os clientes também já tiveram a oportunidade de comer um legítimo filé Rossini, com filé-mignon, foie gras, trufa e molho de vinho. “Não queremos apenas inventar pratos. Também mostramos a execução perfeita de uma receita clássica. Nesse caso, o purê trufado fica extremamente leve com técnicas do Joël Robuchon”, detalha, citando outro chef francês.
Menu temático
Às quartas-feiras, primeiro dia de serviço da semana, a cozinha disponibiliza um menu temático, chamado de Menu du Jour, com entrada, prato principal e sobremesa, por um preço fixo.
Há algumas semanas, esse menu foi servido em quatro etapas, a começar por mini moqueca baiana e ovo perfeito ao creme de trufas e farofa de parma. Seguindo, dava para escolher entre lasanha de cogumelos e costela de porco laqueada com mel e mostarda e acompanhada de cuscuz marroquino. De sobremesa, torta de pêssego com sorvete de creme.
Atualmente, você pode encontrar no cardápio entradas como o crocante de queijo da Serra da Canastra com caramelo salgado de doce de leite e o polpettone ao molho picante de tomate recheado com queijo. A burrata ganha um toque diferente ao ser servida com peras assadas e pesto de pistache.
Entre os pratos, o chef destaca o lombo de bacalhau gratinado com creme de espinafre, batata, azeitona preta, cebola, pimentão e alho. Esse é um dos que chegam à mesa em uma panela de ferro. Além de manter o calor, deixa a experiência mais aconchegante, que é o que ele busca oferecer.
Também chamam a atenção a costela de boi desfiada e prensada com crosta de requeijão, risoto de canjica e tomates confitados e o tagliatelle ao creme de cogumelos com pesto de trufas negras.
Para finalizar, nuvem de doce de leite com calda de caramelo, praliné de amêndoas e sorvete de queijo ou cannoli recheado com emulsão de chocolate e sorbet de maracujá.
Serviço
Rua Luiz Soares da Rocha, 21, Luxemburgo
(31) 2520-9493