Eles têm formato de diamante e cores de pedras preciosas. Reluzem como ouro e despertam desejo em quem passa pela vitrine. Parece até que são joias, mas estamos falando dos bombons pintados à mão da confeitaria Alzucar. Como só beleza não põe mesa, os recheios, que vão de caramelo com flor de sal a manga com maracujá, são pensados para manter o encantamento nas alturas.
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Seguindo a trilha do açúcar, ela chefiou por dois anos a tradicional Confeitaria Momo antes de investir na carreira solo.
Seguindo a trilha do açúcar, ela chefiou por dois anos a tradicional Confeitaria Momo antes de investir na carreira solo.
A confeiteira usa pincel e manteiga de cacau colorida. Como uma pintora de quadros, cria diferentes pinceladas nas superfícies dos bombons, usando cores que dão pistas dos sabores guardados no recheio.
Por exemplo, o de limão siciliano é amarelo e tem um detalhe em verde que remete às suas folhas. Já o de amarena, com fundo branco, tem um vermelho bem vivo.
De cor em cor, a vitrine exibe um arco-íris de sabores (no total, são 10). Em destaque, o interessante encontro de manga com maracujá e a combinação sem erro de chocolate com avelã, que resulta no gianduia.
Além disso, tem sempre o sabor do mês. Corre porque estes são os últimos dias para experimentar o de geleia de jabuticaba com mousse de queijo. Depois chega o de café com nozes.
Mesmo com novidades mensais, o bombom preto com pinceladas em marrom não perde o posto de mais vendido. Por dentro da casquinha, estão caramelo com flor de sal, que se junta a um velho companheiro, o chocolate.
Esse caramelo tem história. “Quando era criança, gastava meu dinheiro comprando balas de caramelo. Era viciada. Aprendi a fazer caramelo para resgatar essa memória.”
Esse caramelo tem história. “Quando era criança, gastava meu dinheiro comprando balas de caramelo. Era viciada. Aprendi a fazer caramelo para resgatar essa memória.”
Além dos bombons, Dayana preenche a vitrine com bolos e entremets (tortas em camadas), produtos que a acompanham desde o início.
A Alzucar começou há três anos na cozinha de casa, em sociedade com o marido, Rodolpho Paiva, e só com vendas por encomenda. Não estava nos planos ter uma loja. Até que os clientes começaram a clamar por um lugar onde pudessem comer os doces.
A Alzucar começou há três anos na cozinha de casa, em sociedade com o marido, Rodolpho Paiva, e só com vendas por encomenda. Não estava nos planos ter uma loja. Até que os clientes começaram a clamar por um lugar onde pudessem comer os doces.
Cinco meses depois, eles encontraram o ponto no Bairro Funcionários e abriram as portas da confeitaria para os belo-horizontinos. Enquanto Dayana cuida da produção, Rodolpho fica responsável pelo atendimento.
Lá, os clientes podem fazer encomendas, retirar itens de pronta-entrega e comer um doce. As duas mesas ficam estrategicamente posicionadas de frente para a vitrine.
Lá, os clientes podem fazer encomendas, retirar itens de pronta-entrega e comer um doce. As duas mesas ficam estrategicamente posicionadas de frente para a vitrine.
A confeitaria de Dayana tem ares de modernidade e sofisticação, mas, no fundo, carrega a essência de lembranças afetivas. “O primeiro presente que a minha avó me deu foram forminhas. Então, desde pequena, fazia bolos”, revela a jovem, que cresceu vendo a avó e a mãe cozinhando muito e bem.
A torta de limão é inspirada na receita da mãe, que era servida em quase todo almoço de domingo em Montes Claros, onde Dayana nasceu.
Para fazer a mousse, ela usa o limão taiti no lugar do siciliano (“acho mais leve e mais perfumado”). As outras camadas são de geleia de mirtilo e bolo de castanhas brasileiras (pará e caju). Por fim, tudo é banhado com chocolate branco.
Para fazer a mousse, ela usa o limão taiti no lugar do siciliano (“acho mais leve e mais perfumado”). As outras camadas são de geleia de mirtilo e bolo de castanhas brasileiras (pará e caju). Por fim, tudo é banhado com chocolate branco.
Explosão do caramelo
Voltando ao caramelo salgado, ele também está no recheio de uma das tortas. A confeiteira sonhava em reproduzir aquela cena do doce escorrendo, e é exatamente isso que acontece ao abrir a casca de chocolate.
“Quando você parte, vem uma explosão do caramelo”, descreve. A base crocante de castanhas e nibs de cacau sustenta as camadas de bolo, ganache e mousse de chocolate.
“Quando você parte, vem uma explosão do caramelo”, descreve. A base crocante de castanhas e nibs de cacau sustenta as camadas de bolo, ganache e mousse de chocolate.
Já o crocante de mel, que é sucesso de vendas, surgiu de memórias com a bala “quebra-queixo” que a avó fazia. Dayana usa um mel orgânico de produção familiar de Nova Lima.
Em contato com bicarbonato de sódio, o mel se expande, formando o que parece ser uma colmeia, aerada e ultracrocante. O doce, com casca de chocolate meio amargo, é uma ótima opção para presentear.
Em contato com bicarbonato de sódio, o mel se expande, formando o que parece ser uma colmeia, aerada e ultracrocante. O doce, com casca de chocolate meio amargo, é uma ótima opção para presentear.
O bolo de pistache também envolve uma história de família. A confeiteira criou essa receita em um aniversário do Rodolpho, que é “alucinado” por pistache.
Mas não é só ele, então. Desde que entrou no cardápio, ocupa o primeiro lugar na preferência dos clientes. A massa é de farinha de pistache, que também saboriza o creme do recheio. Para finalizar, pedaços “cravejados” na casca de chocolate branco.
Mas não é só ele, então. Desde que entrou no cardápio, ocupa o primeiro lugar na preferência dos clientes. A massa é de farinha de pistache, que também saboriza o creme do recheio. Para finalizar, pedaços “cravejados” na casca de chocolate branco.
No início, Dayana pensava em fazer doces para atender dietas restritivas. O negócio seguiu outro rumo, mas ela oferece um cardápio mais inclusivo possível, pensando, principalmente, em quem não pode ou não quer comer açúcar.
“Todo mundo tem direito de comer um docinho”, comenta. “As pessoas ainda têm receio de pedir porque acham que o sabor pode ser desagradável, mas, depois que provam, gostam.”
“Todo mundo tem direito de comer um docinho”, comenta. “As pessoas ainda têm receio de pedir porque acham que o sabor pode ser desagradável, mas, depois que provam, gostam.”
Na linha sem açúcar, entra o xilitol, que é um adoçante natural. De bombom, as opções são limão, gianduia e frutas vermelhas.
A torta que Dayana criou para a avó de Rodolpho, que era diabética, está sempre na vitrine. Tem base de biscuit de chocolate com castanhas brasileiras e recheio de trufa de chocolate com cumaru, rum e avelãs picadas. O plano é desenvolver ainda mais receitas inclusivas.
A torta que Dayana criou para a avó de Rodolpho, que era diabética, está sempre na vitrine. Tem base de biscuit de chocolate com castanhas brasileiras e recheio de trufa de chocolate com cumaru, rum e avelãs picadas. O plano é desenvolver ainda mais receitas inclusivas.