Jornal Estado de Minas

MENOS É MAIS

Paraíso do prato feito: o restaurante em BH que serve 36 opções de PF

Quando o restaurante quer atender ao público trivial, exibir no cardápio alguma opção de prato feito costuma ser certeiro, já que o chamado PF é queridinho entre os brasileiros. Poucos endereços, no entanto, têm a ousadia de dedicar quase o cardápio inteiro à simples, nutritiva e deliciosa mistura de arroz, feijão, carne e salada.





A missão fica a cargo da Cantina do Sorriso, misto de bar e restaurante que funciona num quintal no bairro São Lucas, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Na casa, em vez de somente uma opção da receita, a cozinha prepara inacreditáveis 36 opções de PF (às sextas e sábados esse número é reduzido pela metade).

A fartura de PFs consegue atender à maioria dos paladares. Se você gosta de carne, de massa, se for vegetariano ou preferir combinações substanciosas, é altíssima a probabilidade de algum prato lhe saciar.

O PF batizado de Toninho Horta, por exemplo, é o vegetariano. Custa R$ 28 e vem com omelete de dois ovos, arroz e feijão. O prato Dr. Danilo é low carb. Sai a R$ 29 e recebe mix de folhas, alho desidratado, cenoura, beterraba, manjericão e bife (o cliente escolhe o tipo de carne). Por ter tantas variações, a casa consegue vender semanalmente cerca de 700 PFs. 





Há pratos para amantes de massas, caso do macarrão ao pesto Tatá Spalla (R$ 27). E infantis, como o PF da Alana (R$ 19,90), que é vegetariano e vem com ovo, enquanto o PF da Luiza (R$ 19,90) é entregue com bife de frango, farofa e batata chips.

O PF do Maelo (R$ 26) foi servido no dia da visita da reportagem. Tinha frango ao molho de milho com arroz e feijão. No mesmo dia também saiu da cozinha o PF Nenel 98 (R$ 30), homenagem ao jornalista Nenel Neto, que alimenta o perfil Baixa Gastronomia no Instagram. A receita leva carne na lata, couve, farofa de bacon e o combo arroz e feijão. A carne chegou desfiando de tão macia.

A criatividade de Anderson Fernandes - também conhecido como Sorriso - , cozinheiro que comanda a casa, também aparece nos nomes que batizam os pratos. Cada um presta homenagem a algum cliente, que Anderson chama de amigos. Paula Lobato, sua mulher, é a parceira fundamental na liderança do estabelecimento, inaugurado em 2008.





Decoração do restaurante é repleta de quinquilharias e tem ainda uma pequena biblioteca (foto: Gladyston Rodrigues/EM)
O ambiente é simpático e afetuoso, com mesas forradas por chita que ocupam uma área externa, além da decoração repleta de quinquilharias, como câmeras fotográficas antigas, livros, fotografias e capas de vinil. “É um museu a céu aberto”, explica Anderson.

Clientes que ganham homenagem 

Quem ganha homenagem no restaurante acaba ficando todo pomposo. É o caso do cervejeiro Marco Falcone, que dá nome a um dos pratos. O PF dele (R$ 29) leva bife, salada do dia, farofa da casa, ovo, batata chips e arroz e feijão. “Todo homem tem a obrigação de plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Mas os homens que são mais sobreviventes ainda têm um prato com seu nome”, comemora.

Anderson Fernandes recebe o apelido de Sorriso, que dá nome ao estabelecimento (foto: Gladyston Rodrigues/EM)
Outro ingrediente que não falta no local é o bom humor. O item é usado nos pratos, como quando Anderson decidiu prestar tributo a um amigo. “Homenageei ele com carne de pescoço, que é com pescoço de peru”, diz em tom de brincadeira. Em alguns lugares, carne de pescoço é um termo associado àquela pessoa com quem a convivência pode ser difícil. O PF chama-se Hudsinho Nike (R$ 30) e é feito aos sábados. 

Distribuindo gargalhadas e abusando da ironia, Sorriso segue atendendo a clientela sempre de bom humor.  “Eu amo ver pessoas comendo felizes”, finaliza.

Cantina do Sorriso
Rua Visconde de Taunay, 263, São Lucas, telefone (31) 2515-3559