Você entra em uma casa muito bem-decorada, espaçosa e cheia de plantas. Logo, é recebido com simpatia e sorrisos. A comida perfuma o ambiente. Ser um self-service é um mero detalhe na descrição do Beggiato, que acaba de completar 10 anos. Instalado no Prado, Região Oeste de Belo Horizonte, ele é um dos exemplos de restaurantes de comida a quilo que entregam o máximo de qualidade no combo ambiente, atendimento e comida.
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O restaurante ocupa a casa que era da matriarca da família, dona Maria de Lourdes. Um dos filhos, o arquiteto José Eduardo Beggiato, que cresceu nessa casa, fez o projeto da reforma, valorizando detalhes originais, como a parede de lambri instalada pelo pai.
Partiu dele o desejo de montar um negócio com a sobrinha, que já teve outro restaurante self-service. Aos sábados, ele fica no caixa. A mãe de Fernanda, Rosângela Chiari, cuida da parte financeira.
Partiu dele o desejo de montar um negócio com a sobrinha, que já teve outro restaurante self-service. Aos sábados, ele fica no caixa. A mãe de Fernanda, Rosângela Chiari, cuida da parte financeira.
Juntou-se ao negócio Antônio Tenuta, que já foi gerente de joalheria e sabe como ninguém receber e acolher os clientes. Ícone da casa, ele se encaixa bem na definição de gentleman. Educado, sorridente, solícito e muito alto-astral. Como brinca com todo mundo, o ambiente fica mais alegre e descontraído. Falta carregar os idosos no colo de tanto carinho.
Muitas receitas servidas no bufê são da vovó Lourdes, entre elas a bacalhoada, bem diferente do tradicional. O peixe é empanado em farinha de trigo e frito antes de ser coberto por uma camada de pimentão e cebola.
Outro prato ícone do restaurante, que a dona da casa fazia sempre, é o rosbife de filé-mignon servido frio com azeite, vinagre e bastante cebola. Fernanda sugere como opção para complementar as saladas. Entre os destaques, a de cogumelos com alho-poró e tomate-cereja, que não pode faltar nem um dia, de tão desejada, e a de beterraba ao molho pesto.
Como a família é de origem italiana, e a chef estudou na Itália, as massas são itens indispensáveis no cardápio. O restaurante, inclusive, venceu o concurso no ano passado com o nhoque de abóbora, feito com farinha de arroz e leite de amêndoas, ao molho de cogumelos e sálvia.
Sem carne, sem glúten e sem lactose, esse prato demonstra a preocupação de Fernanda em servir bem quem tem alguma restrição alimentar. “Quero agradar a todos, e isso consigo fazer em um self-service, ter opções para todos os gostos.”
Pensando nesse público, Fernanda criou as almôndegas de lentilha com chutney de abacaxi, que rendeu o terceiro lugar nacional na competição em 2021.
Pensando nesse público, Fernanda criou as almôndegas de lentilha com chutney de abacaxi, que rendeu o terceiro lugar nacional na competição em 2021.
Para quem gosta de carne, vai salivar ao conhecer algumas das opções: filé em crosta de ervas com molho de vinho tinto, costelinha ao molho de goiabada, linguado ao molho de limão siciliano e frango ao molho de tomate seco e ervilhas frescas.
Como um bom self-service, o Beggiato tem variedade. Todos os dias, são 23 pratos quentes, sendo seis carnes, seis saladas montadas e 10 itens frios separados.
Ainda tem o apetitoso bufê de sobremesas. Arroz-doce, cocada assada e tiramisu (receita que aprendeu com os italianos) já viraram tradição. A chef também destaca a torta crocante de chocolate, que faz muito sucesso.
Ainda tem o apetitoso bufê de sobremesas. Arroz-doce, cocada assada e tiramisu (receita que aprendeu com os italianos) já viraram tradição. A chef também destaca a torta crocante de chocolate, que faz muito sucesso.
Fernanda nunca deixa de alimentar a sua criatividade. Pesquisa, faz muitos cursos, visita outros restaurantes e está sempre procurando alguma receita nova para incluir no cardápio. Vai todos os dias para o restaurante determinada a surpreender os clientes.
Café coado na mesa
Carolina Moretzsohn abriu o Magnólia sem nunca ter trabalhado com self-service. Sua experiência era com o la carte à frente do Café do Museu. Mas ela nem quis pesquisar muito esse mercado. Seguiu com a mesma equipe, adaptou os pratos, mantendo o conceito de comida saudável, e se propôs a oferecer um serviço diferenciado.
Você já percebe a diferença no ambiente, que tem tratamento acústico e música de fundo. Não se ouve burburinho. A equipe oferece um atendimento bem próximo dos clientes. As pessoas que vão todos os dias nem precisam pedir a bebida: os funcionários sabem do que elas gostam e já levam à mesa.
“Enquanto muitos self-services oferecem o café em pé, nós fazemos o contrário. Mantivemos o serviço pós-almoço de cafezinho coado na mesa para fugir da correria”, conta Carolina.
Todos esses pontos contribuem para que a experiência seja mais agradável, tanto que os clientes acabam ficando mais tempo que o habitual. E tem gente que almoça lá todos os dias e leva a família aos fins de semana.
Todos esses pontos contribuem para que a experiência seja mais agradável, tanto que os clientes acabam ficando mais tempo que o habitual. E tem gente que almoça lá todos os dias e leva a família aos fins de semana.
Sobre a comida, ela define: “Não digo que é uma comida sofisticada, mas tem seu requinte. Cada preparação tem seu sabor, não é aquele self-service em que você sente o mesmo gosto em tudo.” O cardápio tem uma pegada saudável, sem frituras, a não ser a couve crisp da feijoada. As saladas são pensadas para aguçar o paladar, entre elas palmito pupunha refogado com cogumelos.
Alguns pratos do a la carte foram adaptados para o bufê, como, acreditem, risoto. Um clássico, desde a época do Café do Museu, é o de queijo brie com alho-poró. Como ela consegue?
“Todos os itens são preparados em panelas pequenas, por mais que tenhamos um público grande, como se fosse uma refeição em família, mas temos reposição frequente. Isso mantém a qualidade e o frescor da comida.”
“Todos os itens são preparados em panelas pequenas, por mais que tenhamos um público grande, como se fosse uma refeição em família, mas temos reposição frequente. Isso mantém a qualidade e o frescor da comida.”
Outros queridinhos são bufê são filé com molho de jabuticaba, atum curado com creme de wasabi e purê de banana-da-terra. De sobremesa, torta três leites, pudim sem furinhos, cheesecake, tiramisu e brigadeiro com cacau 100% e o melhor granulado.
Para quem ainda tem preconceito em relação à comida a quilo, Carolina diz: “Dê uma chance. Já vi isso acontecer tantas vezes, de uma pessoa que torcia o nariz para o self-service, veio aqui e virou meu cliente.” Pode ter certeza de que lá você vai comer bem e ser bem-atendido.
Até canja tem
Em 1991, Alice Assis abriu o Couve&Flor com uma sócia. O modelo de self-service já estava consolidado em São Paulo (onde elas foram buscar referências), mas ainda era novidade em BH.
Filipe, seu filho, cresceu no restaurante e sempre se interessou pelo negócio. Dezoito anos depois, ele entrou no lugar da antiga sócia e formou com a mãe uma dupla que esbanja simpatia.
Filipe, seu filho, cresceu no restaurante e sempre se interessou pelo negócio. Dezoito anos depois, ele entrou no lugar da antiga sócia e formou com a mãe uma dupla que esbanja simpatia.
Mãe e filho estão lá todo santo dia para receber os clientes. Subindo as escadas do casarão da década de 1950, na Rua Alvarenga Peixoto, Lourdes, você já encontra um sorriso e, se quiser, um abraço. Eles não têm função fixa justamente para que possam ficar livres para ir às mesas, conferir o bufê, “vender” os pratos e até bater papo.
“A experiência não envolve só a comida. Você tem que ver a casa bem-cuidada, com flores, bufê limpo, a comida não pode estar seca nem revirada. Acho que o segredo está no cuidado com o cliente e a casa”, aponta Filipe, revelando que o imóvel está em processo de tombamento. Self-service, sim, mas sem ser fast food, muito menos impessoal.
Durante a semana, o bufê tem comida do dia a dia e no domingo o cardápio é festivo, com mais molhos e preparos. Seja qual for o dia, tudo é feito com muito capricho e sabor.
“Aqui fazemos tudo com muito cuidado e carinho, desde comprar ingredientes de qualidade, que são a base de tudo, até cortar os legumes certinho para ficar tudo padronizado.”
“Aqui fazemos tudo com muito cuidado e carinho, desde comprar ingredientes de qualidade, que são a base de tudo, até cortar os legumes certinho para ficar tudo padronizado.”
Algumas receitas são das antigas, como o empadão de frango da avó de Filipe, que leva refrigerante na massa para ficar crocante. Servido toda sexta-feira, atrai famintos de longe.
Tem também o escondidinho de carne de sol, uma junção deliciosa de purê de mandioca com pedaços molhadinhos de carne e requeijão cremoso. Quando tem rabada, dobradinha, língua e outros pratos no estilo amo ou odeio, lá vai ele ligar para a lista dos apaixonados.
Tem também o escondidinho de carne de sol, uma junção deliciosa de purê de mandioca com pedaços molhadinhos de carne e requeijão cremoso. Quando tem rabada, dobradinha, língua e outros pratos no estilo amo ou odeio, lá vai ele ligar para a lista dos apaixonados.
Em dia de bife à parmegiana, tem que ter purê de batata. Tutu de feijão pede costelinha e estrogonofe não vive sem batata sauté. Assim, eles vão propondo as combinações, mesmo sabendo que, no fim das contas, as pessoas não resistem a servir um pouquinho de cada.
Alice e Filipe não deixam ninguém sair insatisfeito. Quando percebem que alguém não está se sentindo bem, aproximam-se e oferecem canja ou caldo de legumes e fazem na hora. A canja, aliás, é um dos grandes sucessos no delivery.
Se veem uma criança resistente para comer, oferecem ovo frito ou omelete. “Estamos sempre disponíveis para fazer alguma adaptação. Só não podemos perder venda.”
Se veem uma criança resistente para comer, oferecem ovo frito ou omelete. “Estamos sempre disponíveis para fazer alguma adaptação. Só não podemos perder venda.”
Com esse jeitinho, mãe e filho conquistam clientes fiéis. Muitos vão de longe para comer no Couve&Flor. Filipe dá o exemplo de uma turma que come lá todos os dias, mesmo depois que a empresa se mudou para a Praça Sete. Dizem que não conseguem almoçar em outro lugar.
O cardápio vem evoluindo ao longo desses 32 anos. Entre as receitas mais recentes, estão o purê de cará com manjericão e a novíssima lasanha de banana-da-terra gratinada com espinafre e requeijão, que fez um sucesso “estrondoso”.
Outra boa pedida é a manga à bolonhesa. “Fazemos um molho bem seco para misturar com a manga, que tem que estar madura, jogamos parmesão por cima e levamos ao forno. Fica parecido com lasanha”, descreve Filipe, que é formado em administração e gastronomia.
Outra boa pedida é a manga à bolonhesa. “Fazemos um molho bem seco para misturar com a manga, que tem que estar madura, jogamos parmesão por cima e levamos ao forno. Fica parecido com lasanha”, descreve Filipe, que é formado em administração e gastronomia.
O bufê também tem um espaço reservado para as sobremesas. Pudim, tiramisu e salada de frutas têm todos os dias, mas os bolos e tortas variam. A torta Maninha (nome da funcionária mais antiga), a mais amada, tem camadas de bolo, recheio e cobertura de chocolate.
Recentemente, o restaurante inaugurou um totem de autoatendimento para agilizar a fila do caixa em horários de pico. Mas não pense que a máquina vai substituir pessoas. Lá eles fazem questão de manter uma relação próxima com os clientes. Ao sair, você vai ouvir um tchau, obrigado e volte sempre.
Empadão de frango (Couve&Flor)
Ingredientes
200g de gordura hidrogenada em temperatura ambiente; 1/2kg de farinha de trigo; 2 gemas; ½ lata de Guaraná; 1 colher cheia de café de fermento; 1 colher rasa de café de sal; 50g de azeitonas verdes; 1kg de peito de frango desafiado e cozido com sal; 2 batatas médias cozidas e cortadas em cubos pequenos; 1 cebola média cortada batidinha; 2 tomates médios sem pele, sem sementes e cortados em cubos; 1 lata (500g) de palmitos cortados em rodelas; 100g de ervilhas verdes; 2 dentes de alho amassados; 1 copo de requeijão cremoso; ½ colher de sobremesa de colorau; ½ lata de milho; ½ xícara de chá de azeite; sal e cheiro verde a gosto
Modo de fazer
Em uma vasilha, misture com a ponta dos dedos, sem sovar, a farinha de trigo, a gordura, uma gema, o sal e o fermento. Acrescente o Guaraná e misture até que a massa fique homogênea. Deixe descansar por 30 minutos. Em uma panela, aqueça o azeite e refogue o alho até dourar. Em seguida, coloque a cebola, o tomate e o colorau. Acrescente o frango desafiado e misture o restante dos ingredientes, deixando por último o requeijão e o cheiro verde. Abra metade da massa em uma bancada polvilhada com farinha de trigo. Em um pirex refratário, coloque a massa aberta e pré-asse. Acrescente o recheio, tampe com a outra metade da massa e pincele com a gema. Leve ao forno pré-aquecido a 180 graus por 20 minutos ou até dourar a massa.
Serviço
Beggiato (@beggiatorestaurante)
Rua Cura D'Ars, 722, Prado
(31) 2555-0722
Magnólia (@magnoliarestaurante)
Rua Sergipe, 314, Boa Viagem
(31) 3291-5320
Couve&Flor (@restaurantecouveflor)
Rua Alvarenga Peixoto, 1000, Lourdes
(31) 3337-2681