Eles têm muita participação na beleza e no frescor dos pratos de restaurantes. Você já deve ter visto aquela cena do chef usando uma pinça para posicionar pequenos verdes em cima da comida. Por que não levar os brotos para a cozinha de casa? A produtora Anamar Aguiar, da Horta Viva, exalta o sabor e a concentração de nutrientes (40 vezes mais que as plantas adultas). “Os microverdes têm potência demais para ficar só na decoração, temos que comer no dia a dia”, defende.
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Anamar é artista plástica e chef de cozinha. Conta que sempre gostou de tachos e panelas e, por muitos anos, deu aulas de gastronomia. Quando o seu marido se envolveu com a hidroponia (sistema de cultivo em que as plantas crescem na água), era ela quem cuidava diariamente da estufa. Em um curso de agroecologia, conheceu os microverdes, que também são cultivados em água.
“Foi aí que comecei a pesquisar os microverdes e fiz um laboratório em casa, usando meus conhecimentos de hidroponia. Já fazia mudas de rúcula e agrião, adorava cuidar do berçário, então conhecia de germinação das sementes”, explica a produtora, que já era vegetariana e comia orgânicos.
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Um dia, sentada no jardim de casa, Anamar viu que dava para montar a estufa no próprio quintal. Lá tinha o que precisava: muita luz e sombra. Normalmente, os microverdes são cultivados em quartos escuros com lâmpadas. Mas ela não quis assim.
“Acho um absurdo fazer o cultivo de microverdes no escuro em uma cidade iluminada como BH, não é sustentável. Além disso, acredito que a planta também precisa de descanso, de uma noite para dormir e transpirar. Planta que fica o tempo todo iluminada não cresce saudável, fica estressada.” São palavras de quem respeita o tempo da natureza. Tanto que, no inverno, tudo é mais lento.
O cultivo de brotos parte de uma semente orgânica, totalmente livre de agrotóxicos, o que faz diferença para um alimento vivo, que comemos cru. O momento da semeadura é o mais especial para Anamar. “Semear é uma delícia. Gosto dessa conexão com a terra, acho prazeroso, não me canso e esse é um momento importantíssimo para a planta para nascer com vigor e alegria e sem pragas”, justifica.
O cultivo de brotos parte de uma semente orgânica, totalmente livre de agrotóxicos, o que faz diferença para um alimento vivo, que comemos cru. O momento da semeadura é o mais especial para Anamar. “Semear é uma delícia. Gosto dessa conexão com a terra, acho prazeroso, não me canso e esse é um momento importantíssimo para a planta para nascer com vigor e alegria e sem pragas”, justifica.
Na hora de semear, ela ouve música, canta e dança. Faz “a maior festa”. Mística e intuitiva, Anamar acredita que esse é o ambiente ideal para que os microverdes cresçam lindos e saudáveis. A sua playlist tem muito de música clássica, mas de vez em quando aparece um Zeca Baleiro e ritmos para treinar percussão (ela faz curso de agogô e zabumba). “Fico ali com minhas músicas e meus botões”.
Passado o período de germinação, as plantas vão para a banca, onde tomam sol e fazem fotossíntese. Depois de alguns dias (em geral, de dois a sete), estão prontas para o consumo.
Atualmente, a Horta Verde cultiva 11 variedades (beterraba, brócolis, rúcula, agrião, coentro, cenoura, trevo, repolho roxo, mostarda, rabanete e amaranto). Todas as folhinhas são verdes, o que diferencia são as cores dos caules. Por ter a base vermelha, o de beterraba é o mais vendido, seguido por rúcula e agrião. Em julho, já devem entrar na lista duas ervas aromáticas, manjericão e cerefólio, que vão inaugurar uma nova categoria de brotos.
“Tive que compreender cada semente, como ela quer brotar, com quem gosta de ficar, com mais ou menos iluminação. Coentro adora ficar perto do agrião, eles têm uma química que funciona. Já a beterraba reina sozinha”, descreve.Colheita no escuro
Quando tem entrega, Anamar entra na estufa às 5h, ainda no escuro, para fazer a colheita. Pede licença para os microverdes, cumprimenta com um “bom dia”. Enquanto espera que as gotículas de água (resultado da transpiração durante a noite) se dissipem, segue sua conversa, diz como estão lindas, elogia o brilho e o frescor, agradece pelo esforço de cada plantinha.
“Fico igual a uma borboleta. Vou de banca em banca escolhendo os brotos, olho as cores, a beleza, aí vem a artística plástica. Não misturo repolho com brócolis, porque eles têm o mesmo paladar, aí a gastronomia fala mais alto.”
Às 6h, ela mesma sai para as entregas. Já pensou em contratar um motorista, mas aí se questiona: será que ele vai andar devagarinho? “Minha alma de cozinheira não gosta de ingrediente feio, então sou eu quem transporto. Quero que chegue muito fresco e bonito.”
Seus produtos são entregues em lojas no Mercado Central, Mercado Novo e Mercado Distrital do Cruzeiro, uma distribuidora que atende restaurantes de BH e uma loja de produtos orgânicos. Ela também vende diretamente para chefs.
Seus produtos são entregues em lojas no Mercado Central, Mercado Novo e Mercado Distrital do Cruzeiro, uma distribuidora que atende restaurantes de BH e uma loja de produtos orgânicos. Ela também vende diretamente para chefs.
Os brotos são plantados em uma placa de substrato e transportados em uma pequena caixa. Duram até 10 dias na geladeira. Você colhe na hora, lava para tirar a terra que fica na raiz e pode usar como preferir. Anamar reforça que eles são altamente ricos em nutrição e sabor, então podem complementar qualquer refeição, do café da manhã ao jantar. Lembre-se de adicionar só na finalização para não oxidar.
Experimente os verdinhos com frutas, saladas, tapioca, omelete, sucos, caldos, sanduíches, massas e até sobremesas. A produtora está sempre fazendo testes na cozinha e tem suas combinações favoritas. Ela recomenda levar frescor ao suco verde com cenoura, diz que não tem erro salpicar coentro no guacamole, ama pitaia com rabanete e ensina a comer banana-da-terra cozida com mel e mostarda.
Serviço
Horta Viva Microverdes (@hortaviva.microverdes)
(31) 98881-2301