“Todo mundo quer ter uma experiência diferente, que saia um pouco do universo da alta gastronomia, cercado por uma atmosfera de pompa e etiquetas. O banquete é um momento para ter prazer gastronômico e se sentir à vontade”, resume Kiki Ferrari, que se inspirou nos bárbaros.
Esse nome se refere aos povos nômades, que não faziam parte do Império Romano, portanto eram considerados incivilizados, mas, segundo o chef e sócio da casa, a história prova que eles influenciaram as culturas do mundo inteiro.
Mesmo quem não conhece a gastronomia medieval deve ter em mente a imagem de um banquete daquela época, amplamente representado em filmes e quadros. A cena mostra uma mesa bem comprida com carnes, frutas, queijos e castanhas e as pessoas comendo com as mãos. A taverna em BH reproduz essa ideia, mas em um formato para servir duas pessoas.
Você pode escolher o assado, e isso define o preço do banquete. Os temperos remetem aos tempos da Idade Média e as carnes são preparadas na churrasqueira com coifa em formato de guerreiro medieval. Quase todos os cortes chegam à mesa com osso, o que reforça a rusticidade da refeição e também facilita o trabalho das mãos sem talheres.
Entre as opções de assados, estão as costelas de boi (com molho hypocras, vinho grego temperado com especiarias que deu origem à sangria) e de porco (com molho irlandês de uísque). Já o galeto ganha sabor com o molho dinamarquês senhorial, à base de especiarias, vinagre e pão para engrossar. O coelho, temperado com especiarias e vinho branco, entra como representante das carnes de caça.
Para comer o banquete, você recebe um babador de papel onde está escrito “bárbaros não usam talher”. A diversão é pegar a carne pelo osso e ir comendo em várias mordidas. Não tenha receio de ficar com as pontas dos dedos engorduradas. Só assim para sentir como os bárbaros comiam. Uma cumbuca com água e rodelas de limão fica na mesa para lavar as mãos.
Os acompanhamentos são fixos: moretum (pasta de queijo com ervas, nozes, mel e vinho branco de origem etrusca, antecessor do pesto) e fasole batuta (homus romeno de feijão-branco com cebola caramelizada na páprica). Os pães húngaro (frito) e sueco (crocante) funcionam como talher para comer os antepastos. Completam o prato de pedra frutas, cogumelos e castanhas.
Para quem não curte a ideia de comer com as mãos, a taverna oferece o banquete Real, com talheres, mas sem fugir da temática medieval. Combina receitas ligadas à nobreza, principalmente pela fartura de insumos, e também serve duas pessoas.
Os assados são os mesmos, mudam os acompanhamentos. O prato ibérico migas deu origem ao nosso feijão-tropeiro. “A origem mais provável das migas é o rfisa, pão velho rasgado com grão-de-bico e ovo cozido, igual a gente decora o tropeiro.” Do Marrocos para a Espanha, acrescentaram carne de porco. Em Portugal, entrou o feijão-fradinho. Foram os bandeirantes que trouxeram a receita para o Brasil.
A versão servida no A Forja é feita com migalhas de pão, feijão-fradinho, couve, cogumelos, bacon, linguiça defumada alemã, alho, açafrão e azeite.
Já que feijão não vive sem arroz, a taverna criou uma receita medieval com grãos integrais, cevada, ervilha fresca, cebola e especiarias. Segundo Kiki, seria uma versão rústica do arroz pilaf, de origem persa, que influenciou o mundo dos arrozes temperados.
Ainda fazem parte do banquete Real a salsa otomana, antepasto de tomate e pimentão que era muito comum na mesa dos sultões. Essa receita não é exatamente medieval, mas representa o marco do fim da Idade Média, com a queda de Constantinopla. O purê rústico de batata também foge da temática, mas foi incluído por trazer uma referência germânica.
Serviço
A Forja Taverna Medieval (@forjataverna)
Rua Cláudio Manoel, 500, Funcionários
(31) 98291-9595