A mineira Carla Viana, de Belo Horizonte, é a única representante brasileira na 9ª temporada do reality show francês Objectif Top Chef, que começou a ir ao ar nesta semana no canal de televisão aberta M6. Caso vença a competição, Carla poderá se juntar à equipe de cozinha do Chef Phillipe Etchebest no Top Chef.
O programa estreou na segunda-feira (4/9), às 18h35 hora da França. De segunda à sexta, os 72 participantes, aprendizes e amadores, competem por uma única oportunidade de integrar a cozinha do Chef Phillipe Etchebest. A mineira Carla Viana foi para a França em 2016, inicialmente, como parte de um intercâmbio no curso de direito pela UFMG e é a única brasileira disputando a vaga na nova temporada do Top Chef.
A opção de cursar direito na universidade possibilitou o aprendizado da língua francesa e 6 meses de estudo da Universidade de Rouen. “Escolhi fazer direito, por medo de não conseguir estabilidade financeira na gastronomia. A escolha veio com o propósito de passar em um concurso público e depois abrir meu próprio restaurante”, conta a mineira.
O contato de Carla com a culinária começou aos 6 anos de idade, quando a avó dela perguntou se ela gostaria de aprender a fazer bife à milanesa e esse foi o primeiro prato que a cozinheira preparou. Para ela, o gesto da avó de cozinhar para toda a família era repleto de bons sentimentos.
Aos 10 anos, a mineira viu sua avó ficar doente e Carla decidiu dedicar mais tempo à cozinha. Aos 11, a avó morreu, e a mineira passou a cozinhar diariamente. “Ela sempre encheu a mesa de comida e amor e foi uma forma que pensei para retribuir isso tudo”, conta a brasileira, que chegou a brincar muitas vezes com kits de cozinha quando criança.
Carla atuou como advogada durante 2 anos e postulou para um mestrado na França. “Dessa forma, voltaria a morar no país que tinha ganhado meu coração e poderia tentar trabalhar em algum restaurante como garçonete e, quem sabe, cursar gastronomia. Na ‘pior’ das hipóteses, eu retornaria com um diploma”, conta a mineira.
A brasileira foi aceita no programa de mestrado em direitos humanos em Lyon, capital francesa da gastronomia, em setembro de 2019. No ano seguinte, Carla conseguiu um emprego como garçonete, como planejado, e o restaurante ofereceu a ela um curso de gastronomia em alternância, com três semanas de trabalho e uma de estudo.
Em 2021, no entanto, Carla quase foi expulsa do programa, já que não estava mais trabalhando no restaurante, por circunstâncias do isolamento social, e o curso exige uma atuação no mercado. “Comecei a fazer marmitas para vender, porque já não tinha dinheiro algum para me sustentar”, conta a mineira.
Carla publica regurlarmente receitas em suas redes sociais.
Em fevereiro de 2021, Carla mandou uma mensagem no grupo do bairro em que morava divulgando suas marmitas e, em resposta, o dono do Clos Jouve, um restaurante local, disse procurar um ou uma aprendiz. Uma semana depois, a brasileira começou a trabalhar com ele e concluiu seu primeiro curso gastronômico em julho de 2021, com as melhores notas da turma, uma menção honrosa e uma bolsa do governo.
Depois de dois anos no restaurante do bairro, a mineira conquistou uma vaga em um restaurante com estrela Michelin, o Jérémy Galvan. Ela ficou 10 meses na cozinha de lá, já que em julho de 2023, ela concluiu seu segundo curso gastronômico em regime de alternância, também com as melhores notas da turma. “Isso mudou minha vida. Aprendi muita coisa nova lá e tive contato com pessoas e pude participar de eventos incríveis.”, rememora Carla.
Sobre o programa e as expectativas de Carla de entrar na equipe do Chef Phillipe Etchebest, ela disse que “não pode contar muita coisa para não dar spoiler” mas que ainda mantém o amor e a referência brasileira na cozinha, mesmo não considerando que tenha uma especialidade.
“Gostaria de, um dia, poder dar aulas de gastronomia, abrir um restaurante na França ou Brasil, continuar fazendo vídeos de receitas para as redes sociais, publicar um livro de receitas e finalizar um e-book no forno, em parceria com minha nutricionista. Tenho muitos projetos e bastante energia para realizar todos ele”, diz Carla Viana.
*Estagiário com supervisão do subeditor Diogo Finelli.