Segundo a internet, “bartenders – ou barman (barwoman, para as mulheres) – são os profissionais responsáveis por criar, preparar e servir drinques em bares e eventos em geral.”
Mas, para Filipe Brasil, bartender do Montê Bar e gestor do Oop Café, a profissão vai muito além disso. “Bartender hoje em dia, é um profissional da hospitalidade. Além de criar e executar receitas de cocktails, ele também deve cuidar de seu cliente, do bar e do ambiente. Ele deve proporcionar uma experiência de coquetelaria marcante para seu cliente.”
“Costumo dizer que a coquetelaria é considerada a gastronomia líquida. Deve ser respeitada”, enfatiza o mixologista Tiago Santos, uma das principais autoridades no mercado mineiro, com mais de 20 anos de experiência à frente dos balcões de coquetéis de BH.
O processo de se reconhecer na profissão pode vir de variadas formas. Para Alexandre Loureiro, o Xandão, a vontade de seguir a carreira de bartender veio após conhecer mais sobre gastronomia.
“Estudei Administração e sempre empreendi de alguma forma. Em 2013 fechei meu negócio de cosméticos e fui trabalhar em uma pizzaria.Lá vi muitas possibilidades dentro do ramo de Alimentos e Bebidas e a complexidade de sabores me encantou. Ao longo desses anos descobri que gosto mesmo é de receber e cuidar com hospitalidade dos clientes. Os drinques são apenas o lubrificante disso tudo.”
Já para Filipe, a paixão pelos coquetéis veio após admirar o trabalho de outros bartenders durante festas e eventos, sempre trazendo alegria para os que estavam ali presentes. “Me interessei pela profissão em 2003 quando fui em um aniversário no extinto TGI Fridays. Tive um primeiro contato com a coquetelaria ali e me apaixonei pelo jeito de atender e pela liberdade que os profissionais do bar tinham naquele lugar. Eu sempre fui extrovertido e adorei o atendimento divertido.”
Além da preparação dos drinques, o trabalho de barman consiste também na elaboração da carta de coquetéis do seu bar. A combinação de drinques tradicionais com autorais é uma atividade que requer estudo e conhecimento de campo.
“Criei muitos drinques em diversas cartas de coquetéis em vários lugares.A criação da carta de coquetéis começa pela leitura do público alvo e o objetivo o qual queremos quando o cliente bebe o drink.Noite?dia? Refrescante? Intenso?Suave? Cada coquetel tem uma ocasião basta ter sensibilidade e ao mesmo tempo ter os.objetivos claros, além disso deve-se pensar na aplicabilidade dentro da rotina do bar e equipe”, revela Xandão, que hoje coordena a Garagem do Cab, coquetelaria do Cabernet Butiquim.
Ainda segundo Santos, que atualmente assina a carta de drinques dos irmãos Redentor e Moema, na Savassi, é preciso o mínimo de conhecimento para criar uma receita.
“Se o cliente quer, por exemplo, um coquetel com frutas tropicais e uma delas é o maracujá, não posso recorrer ao limão como complemento. Caso contrário a bebida ficará excessivamente ácida. Vale lembrar que dois ingredientes muito ácidos não trazem uma experiência agradável para o paladar. É preciso, portanto, entender de misturas, aromas, equilíbrio e todos os demais detalhes referentes aos ingredientes da bebida”, explica.
“Os processos de criação variam bastante. Às vezes são baseados em memórias afetivas, sobremesas de avó, outras vem de insights quando provamos algum ingrediente diferente ou exótico ou o processo pode ser rápido, como um estalo”, completa Filipe.
O Mercado de Bartenders em BH
Desde o período pré-pandemia para cá, o consumo de gin e whisky, base de grande maioria dos coquetéis, mais que dobrou: o primeiro, por exemplo, passou de 2,2 milhões para 17 milhões de litros anuais entre 2017 e 2022, de acordo com o Euromonitor International.
O crescimento dos destilados só não é maior que a cachaça, símbolo brasileiro do setor que estagnou na casa dos 500 milhões de litros anuais. Esse cenário vem contribuindo para a efervescência do chamado mercado da coquetelaria e, consequentemente, destacando uma cadeia talentosa de bartenders Brasil afora, os profissionais responsáveis por criar, preparar e servir drinques em bares e eventos em geral.
Em Belo Horizonte, por exemplo, basta dar uma volta em algumas ruas do Centro e zona sul, após às 18h, para perceber a quantidade considerável de drinquerias que surgiram e reavivaram prédios emblemáticos da capital.
“O mercado para bartenders em BH tem crescido bastante. Os empresários e o público estão valorizando cada vez mais o nosso trabalho e o serviço de coquetéis mais elaborados que os tradicionais já difundidos nos cardápios. Hoje em dia a importância do bartender dentro do restaurante é significante tanto para o faturamento quanto para o entretenimento, com isso aparecem muitas oportunidades tanto em casas já sólidas quanto nos bares que abriram”, analisa Xandão.
“O mercado hoje exige experiência e dedicação para se destacar entre tantos profissionais. A meu ver, é um mercado em crescimento, e com muito espaço para o surgimento de novos bares de coquetelaria e novos profissionais,” reafirma Filipe.
Dicas de Drinques
Especialistas selecionaram drinques autorais para você fazer em casa, impressionar os familiares e amigos e aproveitar esse Dia do Bartender
Filipe Brasil - Caramelinho
Ingredientes:
50ml de Cachaça Porto do Vianna Branca
150ml de suco de maracujá
10ml de xarope de caramelo
Modo de Preparo:
Coloque todos os ingredientes em uma coqueteleira com bastante gelo, bata durante 10 segundos e com ajuda de uma peneira, sirva somente o líquido num copo com gelo.
Xandão - Me Gusta
Ingredientes:
65 ml de Gin Yvy Mar
20 ml de Cordial de framboesa
20 ml de Suco de limão tahiti
Soda de siciliano
Morango
Uva roxa
Modo de Preparo:
Macerar 2 morangos e 6 uvas roxas em um copo alto. Adicionar o gelo , gin, cordial de framboesa, suco de limao tahiti e mexer bem. Adicionar mais gelo e completar com soda de limão siciliano. Decorar com hortelã, twist de siciliano e uma cereja negra no palito.
Tiago Santos - Moema
Ingredientes:
30ml de Cachaça branca
½ Tangerina
2 und de Lichia
20ml de Suco de limão
Modo de Preparo:
Dentro do copo macerar meia tangerina sem casca. Maceração levemente duas lichias em calda. Adicionar a cachaça e o suco de limão. Colocar bastante gelo e mexer bem. Adicionar açúcar a gosto.
*Estagiária com supervisão do subeditor Diogo Finelli