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Estado de Minas FANTASIA

Embarque em aventuras nos restaurantes temáticos de BH

Estabelecimentos temáticos contam como criam experiências para clientes e os desafios do formato de negócios voltados para a imersão


23/10/2023 17:00 - atualizado 23/10/2023 20:48
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Sanduíche de presunto, Diego e a logo do restaurante ao fundo
O gerente Diego Aguiar segurando o hambúrguer sanduíche de presunto, remetente à série Chaves (foto: Marcos Vieira/EM/DA. Press.)
Pança do Seu Barriga, hambúrguer do Sméagol e o combo do Lobo Guará parecem nomes fictícios, mas em Belo Horizonte você consegue provar todos eles. Restaurantes temáticos são modelos de negócios que podem atrair bem o público, mas trazem desafios para a gestão.
 
Alguns projetos nascem de interesses pessoais dos donos. Igor Escobar é fascinado por história e, seguindo o ramo da família, montou o restaurante A Forja com o chef Henrique “Kiki” Ferrari. A dupla recriou uma taverna medieval, com pratos de época, encontrados em pesquisas. “Como fugimos da fantasia, abrangemos um público maior, desde os mais velhos até os mais jovens ou nerds”, conta Igor.
 
 
Dois homens tatuados e de avental de couro ao lado de brasas
Os sócios Henrique %u201CKiki%u201D Ferrari (esquerda) e Igor Escobar cozinhando no restaurante A Forja (foto: Marcos Vieira/EM/DA. Press.)
Na noite em que a equipe de reportagem visitou o restaurante, era realizado um evento de arremesso de machados e os clientes provaram o Steak de Apicius (R$ 129 – para duas pessoas), receita encontrada no antigo livro “De Re Coquinaria”, atribuído a um cozinheiro chamado Apicius, que ensina o preparo de steaks bovinos e suínos marinados com mel, azeite, pimenta longa e Garum, um molho à base de peixe.
 
Como opção para começar um banquete, há a porção de pastéis do Monge de Kiew (Pirozhki), que custa R$ 59,90 e são tortas fritas de queijo e cogumelos com geleia de frutas vermelhas. Para acompanhar e não secar a garganta, pode-se pedir a presença da deusa Freya (Freyja), drinque com gim, vinho branco, suco de maçã, mel, limão siciliano e canela, que custa R$ 32,90.
 
A programação de eventos do A Forja muda toda semana. As atrações que regularmente marcam presença são os já citados arremessos de machados, além de apresentações de bardos e shows de pirofagia (a arte de cuspir fogo) e dança da artista Clara Boa. Pelo lado da gastronomia, assados de carnes especiais como cupim e coelho, bem como banquetes bárbaros, que são para comer com as mãos.
 
Igor conta que, para manter a estética, a maior parte dos funcionários escolhem manter a barba, enquanto usam roupas de couro.
Há aqueles que escolhem montar um ambiente voltado para crianças. Um exemplo é o Mundo Animal, que tem mascotes, áreas com brinquedos e apresentações musicais.

Nos mínimos detalhes

Leão ao lado de bolo
O mascote Leonel é um dos personagens da franquia Mundo Animal que faz shows na casa temática (foto: Marcos Vieira/EM/DA. Press.)
Para Marcos Gundel, proprietário da rede Mundo Animal, o mercado de casas temáticas exige atenção aos detalhes. “O desafio é encantar o cliente desde o primeiro contato até quando ele é levado à mesa. Então, temos que ter pessoas preparadas para entregar a experiência nos mínimos detalhes”, conta o empresário, que quis montar um ambiente familiar. O restaurante, que fica no Bairro Alto Caiçaras, conta com um design interior inspirado na selva.

Quando os clientes chegam ao Mundo Animal, podem se deparar com animais como Leonel, leão líder do grupo de personagens, que está pronto para tirar fotos ou comemorar um parabéns.
 
Os pratos também são em homenagem à fauna e o carro-chefe, chamado de “batatão”, é servido como uma pilha que, além da carne, leva queijo derretido e batatas fritas. O curioso combo do Lobo Guará (R$ 129,90) é um batatão composto por contrafilé, queijo à milanesa, batatas fritas, molho quatro queijos, bacon e cebola à milanesa, com um refrigerante. Serve até quatro pessoas.
 
Os adultos podem provar drinques como o Aurora da Selva (R$ 18,90), com vodca, xarope de limão e cranberry, água com gás e gelo e as crianças podem comer a sobremesa Coruja Nevada (R$ 28,90), que leva merengue, morango, creme de leite condensado, ganache e amendoim.

Para agradar quem nunca perdeu a criança interior, o Sô Madruga aposta no entretenimento baseado no programa Chaves, que passou em emissoras abertas brasileiras de televisão até 2021 e marcou gerações.

Lembranças da infância

A sala da casa do personagem Seu Madruga
Um dos cenários do restaurante Sô Madruga. A sala da casa do personagem Seu Madruga (foto: Marcos Vieira/EM/DA. Press.)
Localizado na Avenida Fleming, o lugar reproduz parte da vila do show, usa objetos decorativos nas mesas e nomeia seus pratos com homenagens cômicas aos personagens. Por exemplo, a porção de pança do Seu Barriga (R$ 79), que combina torresmo da barriga de porco com mandioquinha. Tem também o sanduíche de presunto do Chaves (R$45), com picanha suína, bacon, presunto, queijo e molho especial, acompanhado de batata frita e refrigerante em lata.

Para a sobremesa, há os churros caseiros da Dona Florinda (R$ 25), que são recheados com doce de leite e passados no açúcar e na canela.

“O primeiro impacto é a vila. Você já entra no restaurante e tem a emoção de relembrar a infância, de quando chegávamos da escola e víamos Chaves”, conta um dos proprietários do negócio, Rômulo Neto. Os garçons se vestem como os personagens do programa. O Seu Barriga, inclusive, cobra a conta de alguns clientes, como se estivessem devendo o aluguel.

Rômulo conta que se prepara para abrir uma nova unidade do Sô Madruga em Contagem, onde montará “a única vila completa dos Chaves, desde a rua até a Brasília do Seu Barriga”.

A partir da inauguração desta próxima unidade, prevista para novembro, novas atrações teatrais e de dança com temas da série devem ser integradas ao cronograma de eventos da franquia. A equipe de garçons treina com o grupo de teatro Copa para as apresentações. A expectativa é de que os funcionários parem para encenar alguns episódios em datas específicas.

Lugar de fantasia

Hambúrguer
Para o dono do restaurante, a clientela fã do tema pode ser um desafio (foto: Divulgação/Terra Média Experience )
Obras internacionais são fonte de inspiração para o Terra Média Experience, que fica no Bairro Prado. Inspirado na literatura de fantasia de J. R. R. Tolkien, o restaurante serve comidas nomeadas em homenagem a personagens dos livros em pratos de madeira, acompanhadas de bebidas em canecas de pedra. Victor Cabral, o dono, diz que “O Hobbit” foi o primeiro livro que ele leu, aos oito anos, e que, desde aquela época, mantém o fascínio pelas obras do autor.
 
Segundo Victor, o público direcionado é bom, mas também traz um desafio. “Para abrir um restaurante temático, você tem que entender muito do assunto. O pessoal é apaixonado pelo Tolkien. Se errar uma vírgula, vai vir muita pedrada”, aponta o empresário, que acrescenta: “A minha parte favorita é montar analogias com os pratos e os personagens. Gosto do processo criativo.”
 
Quando os fãs chegam ao restaurante, podem observar um mapa da “Terra Média”, território fictício onde se passam muitas histórias de Tolkien. Ao lado, há a exposição de réplicas oficiais de espadas usadas por personagens nos filmes.
 
Depois, podem experimentar hambúrgueres como o Sméagol (R$ 45,70), feito com pão de brioche, blend bovino, queijo gorgonzola, fatias de bacon, anéis de cebola e molho barbecue. Já o Anão  (R$ 39,70) é um risoto à base de queijo parmesão com alho-poró e bacon, finalizado com parmesão.
 
Entre as sobremesas, há o dragão Smaug (R$23,70), que é um milkshake de morango com sorvete da fruta batido no leite, servido com calda de morango, finalizado com chantili e doces sortidos. Nos drinques, o Fireball (R$ 25,70), vindo da manifestação de poderes de magos, é uma caipirinha com cachaça e suco de limão.

Bar na Kombi

Kombi servindo de bancada de bar
O restaurante conta com carcaças de carros para a decoração (foto: Divulgação/Garagge Vintage)
O Garagge Vintage, no Bairro Planalto, é um restaurante para amantes de carros. Tem uma meia carcaça de um fusca para ser usado como assento e um bar dentro de uma Kombi. Valdecir Moraes, dono da Garagge, diz que a sua aposta maior está no entretenimento, unindo a ambientação com atrações musicais e a comida.
 
Para aproveitar uma noite completa, o restaurante recomenda como entrada a salada do Garagge (R$ 35), com alface-crespa, alface roxa, tomate, palmito e rúcula. O prato mais pedido de lá é a língua de boi ao molho madeira com champignon (R$ 57). Outra opção é o tornedor (R$ 119), filé-mignon encorpado com molho madeira e acompanhado por arroz à piamontese. De sobremesa, indica-se o petit gateau com duas bolas de sorvete (R$ 35).
 
O Garagge também conta com apresentações musicais ao vivo, em datas específicas, com couvert artístico de R$ 10. As bandas normalmente tocam rock e pop rock nacionais e internacionais.

*Estagiário sob supervisão da subeditora Celina Aquino

Serviço
A Forja
Rua Cláudio Manoel, 500, Funcionários
(31) 98291-9595

Mundo Animal
Avenida Presidente Carlos Luz, 492, Alto Caiçaras
(31) 3080-0492

Sô Madruga
Avenida Fleming, 211, Ouro Preto
(31) 99067-8571

Terra Média Experience
Rua Turquesa 349, Prado
(31) 98250-1339

Garagge Vintage
Avenida Doutor Cristiano Guimarães, 1258, Planalto
(31) 99977-8888

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