No lugar de frutas, legumes, leites e ovos, as estantes das geladeiras abrem espaço para os livros. Isso mesmo, caro leitor! A Geloteca é uma forma criativa de levar os livros para bem pertinho de crianças e adultos que têm acesso à leitura um pouco mais restrito. A proposta foi desenvolvida pelo Clube de Leitura Tamboril e a Associação de Capoeira Amaê Berimbarte, no Bairro São Geraldo, em Pirapora. A Geloteca muda a ideia de que bibiliotecas são aqueles locais sisudos e demonstra que, ao contrário, são lugares solares onde se encontram ótimos companheiros, os livros.
"A leitura é muito importante. Por meio dela, descubro muitas coisas interessantes. Leio histórias muito legais", afirma Marcos Vinicios Aragão de Almeida, de 9 anos. O pequeno, conhecido como Samurai, é o campeão de leitura. Ele elogia o projeto da Geloteca que deixou o livro pertinho dele e de outras crianças de sua idade. Entre os livros preferidos estão os que contam histórias de dinossauros.
O ponto de leitura surgiu quando o mestra Lu Baobá (Luciana Galiza) e o mestre Careca (Adão Nunes Borges) perceberam que corpo e mente devem estar alinhados. Depois de mais de duas décadas, ensinado capoeira, iniciaram o projeto "Capoeira que é bom é capoeira que lê. "Promovemos um bate-papo com os meninos e meninas. Eles pegam os livros. Depois de 30 dias, fazemos a conversa. Uma vez por mês, temos esse bate-papo da leitura daquele mês."
CLUBES DE LEITURAS
O projeto prevê a realização de ações também com as mães, tratando de temas como violência doméstica, como elas podem assumir o controle das próprias vidas, empreendedorismo.
A Geloteca é um projeto de fomento á leitura desenvolvido pela única biblioteca comunitária de Pirapora, o Clube Literário Tamboril. "Dentro do clube, eles criaram os pontos de leitura com as Geloteca. Nós somos um ponto de leitura da periferia".
Na cidade, são quatro pontos com as gelotecas. No entanto, devido à pandemia da COVID-19, eles tiveram o funcinonamento aalterado, mas todos retomaram as atividades. As geladeiras foram doadas para se tornarem estantes. Obsoletos, os eletrodomésticos ganharam uma nova função. Depois elas recebem o nome do clube. O passo seguinte foi montar o acervo. "A gente ganha os livros, pessoas que doam, escritores, doações diversas. Aí vamos munindo a geladeira com livros que a gente ganha".
No ponto de leitura, já são quase 80 títulos. O público é formado por crianças e adolescentes. Os leitores fazem o cadastra e podem fazer os empréstimos. Também é convidado a ajudar a montar o acervo da geloteca com doações. "Se ele não tiver condição de fazer a doação de um livro que ele não usa mais. Ele pode fazer o cadastro e ele pega o livro emprestado, como uma biblioteca mesmo".
A ideia foi de Rafael Oliveira inspirado em experiência de uma cidade do nordeste que pensou que poderia fazer algo parecido. A maioria dos livros é voltada para a cultura. "São livros culturais, inclusive com protagonistas pretos. Tem histórias infantis com protagonistas pretos. Nosso acervo é voltado para a cultura preta", conclui mestra Lu.