O ministro da Educação Milton Ribeiro tem se posicionado contrário à integração de pessoas com deficiência nas escolas regulares. Disse categoricamente: "nós não queremos inclusivismos" em entrevista à Rádio Jovem Pan, na segunda-feira (23/8). Não foi a primeira vez que a autoridade máxima em educação defendeu que alunos com deficiência não devem estar com os outros alunos na mesma sala. No entanto, a história de Luísa Camargos demonstra que pessoas com T21, popularmente conhecida como Síndrome de Down, podem sim ter trajetória brilhante no ensino formal.
A jovem de 27 anos se formou em Relações Públicas pela Faculdade Pitágoras com louvor em 2019. Como primeira pessoa com Síndrome de Down a se formar nesse curso, a RP conta que escolheu a profissão por ser muito comunicativa e por ter se apaixonado pela área. "A minha experiência na faculdade foi excelente. Os professores foram muito atenciosos, me acolheram muito bem e me apoiaram. Os colegas de classe a mesma coisa", declara.
Luísa estudava muito, até mais que os colegas, o que valeu a pena. Tamanha dedicação a levou a se tornar destaque acadêmico da turma. Assim que se formou, foi convidada para trabalhar na Agência de Iniciativas Cidadãs (AIC), entidade onde ela acompanha a página de educação inclusiva da empresa, chamada Inclusive Luísa.
A página tem como missão desconstruir as lógicas da exclusão e convida a sociedade a se abrir para a diversidade. Muitas vezes, o quê separa pessoas com deficiência da vivência plena é a falta de oportunidades e apoio, para que dentro de suas especificidades conquistem seus objetivos.
Além do trabalho como RP, Luísa é digital influencer e palestrante. "O tema das minhas palestras é a minha vida, como consegui até hoje. Incentivo muito as famílias (que tem um familiar com Síndrome de Down) para verem o potencial, que eles podem fazer tudo", conta Luísa. E não quer parar por ai, já pensa em fazer pós-graduação e um intercâmbio para a Espanha.
Luísa também tem um projeto com sua irmã, chamado Bagaceira. O projeto visa a desenvolver autonomia e empoderamento de pessoas com T21. A ideia é levar esse grupo para sair - pode ser um bar, um restaurante ou uma balada - e tornar possível a eles esses momentos de independência que são corriqueiros ao resto da sociedade. "É muito importante ter a vida cheia, trabalhar, estudar, namorar... pessoas com Down podem fazer tudo".
Devido à pandemia, o projeto foi interrompido, mas Luísa está ansiosa para retomar o Bagaceira e incentivar cada vez mais pessoas a superar suas limitações e se abrirem para as possibilidades que a vida pode oferecer.
*estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz