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Estado de Minas Inclusão social

Não é bico! Plataforma capacita empreendedores, que aumentaram na pandemia

Criada pela Fundação Dom Cabral, Pra>Frente Play é uma plataforma de streaming com conteúdos e dicas a empreendedores populares


26/08/2021 10:00 - atualizado 26/08/2021 12:42

Lourdes Honório, 46, participou do projeto Pra>Frente e conheceu mais sobre estratégias de negócio e planejamento financeiro.(foto: Arquivo pessoal)
Lourdes Honório, 46, participou do projeto Pra>Frente e conheceu mais sobre estratégias de negócio e planejamento financeiro. (foto: Arquivo pessoal)


Uma barraquinha de lanches na porta do metrô, um salão de beleza na garagem de casa ou a venda de qualquer produto de porta em porta. Os empreendedores populares existem e este número cresce cada vez mais, muitas vezes, em um cenário de precarização. O número de desempregados em Minas, até março, chegava a 1,48 milhões de pessoas, o que equivale a uma taxa de desemprego de 13,8%.

 

Devido à pandemia da COVID-19, Lourdes Honório, de 46 anos, se viu diante da necessidade de migrar as atividades  que exercia para sua própria casa. Professora de artes e artesanato, ela decidiu se dedicar ao ramo de decoração de festas. Ela é uma das 2,6 milhões empreendedores que iniciaram as microempresas individuais no Brasil durante o ano de 2020.

 

A mudança ocorreu devido aos impactos das medidas de isolamento na economia brasileira e, consequentemene, no mercado de trabalho. No entanto, o que foi uma saída emergencial, tornou-se um negócio promissor. A profissional é uma dos empreendedores que encontraram apoio do projeto Pra>Frente, lançado pela Fundação Dom Cabral (FDC), na terça-feira (24).

 

A iniciativa tem o objetivo de capacitar empreendedores sociais e populares e oferecer uma plataforma totalmente digital para os participantes, criando uma rede de nano, micro e pequenos empreendedores sociais.

 

Streaming tem séries educativas sobre educação financeira(foto: Reprodução)
Streaming tem séries educativas sobre educação financeira (foto: Reprodução)

 

Na plataforma, os profissionais têm acesso gratuito a conteúdos educativos e informativos, como séries, podcasts, e-books, quiz e missões com dicas e práticas essenciais para empreendedores que estão começando ou que já tem o seu negócio há um bom tempo. Há três formas de participar: ser indicado por empresas patrocinadoras, por organizações da sociedade civil ou pela plataforma  Pra>Frente Play .

 

"A gente quer conscientizar as pessoas que a atividade que elas estão fazendo hoje não precisa ser um bico. Pode ser uma fonte de renda para ela realizar o grande sonho da vida dela", afirma Ana Carolina Almeida, líder do Movimento Pra>Frente. Muitas vezes, as pessoas olham para essas atividades como se fossem os chamados "bicos", com uma percepção atravessada pelo preconceito. Ana destaca, no entanto, que essas pessoas podem encarar as iniciativas como oportunidade de criar o próprio negócio, mas é importante se capacitar para gestão.

 

"Muitas vezes, essas pessoas nãos e reconhecem por esse nome, empreendedoras. Ela não acha que está fazendo para ela. O Movimento Pra>Frente pretende dar para elas ferramentas. Passar o mínimo para ela se organizar o negócio para que possa sustentar  esse negócio como fonte de renda e não como bico para a vida dela", enfatiza Ana.

 

Lourdes percebeu que seria possível profissionalizar ainda mais o negócio como decoradora. Para isso, acompanhou as aulas e os conteúdos disponibilizados na plataforma Pra>frente Play e aprendeu estratégias de negócio, planejamento e controle financeiro. A empresária conseguiu desviar das dificuldades financeiras e sociais causadas pela pandemia e abriu o  Atêlie Lourdes Honório , onde cria lembrancinhas personalizadas, presentes e pequenas decorações para festas.

 

A empreendedora comenta que após o aprendizado está expandindo o seu negócio para além das decorações de festas. “Hoje eu trabalho em casa com agendas e planners personalizados para agendamentos de clientes ou para controle financeiro”, destaca a empresária, que está adquirindo mais duas máquinas para trabalhar com brindes personalizados para empresas e eventos.

 

Ana Carolina destaca que a meta do projeto é atingir e oferecer capacitação a 5,5 mil profissionais neste ano, mas que é possível ir além. “Mas nossa meta é ambiciosa! A plataforma tem o potencial de capacitar 1 milhão de pessoas com o apoio do ecossistema”, aponta Ana.

 

PANDEMIA EXPÕE NECESSIDADES

 

Com a pandemia, os desafios de empreendedores populares, como os de Lourdes, intensficaram-se, dificultando a atuação e o crescimento nos negócios.

 

Uma pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), indicou que o empreendedorismo por necessidade foi um dos que mais cresceu no último ano. De acordo com a pesquisa, o número de novos empreendedores motivados por necessidade saltou de 37,5% para 50,4% em 2020.

 

Para Ana Carolina, esta grande parcela da população, em algumas situações, não é reconhecida por suas atividades profissionais, o que acaba dificultando a atuação como empreendedor. “O caminho não será fácil, por isso a persistência, o protagonismo e as ferramentas básicas são necessários para gerir o seu negócio” aponta Ana.

 

E, é neste momento, que são esseciais projetos como o Pra>Frente Play, criado para oferecer desenvolvimento financeiro, social e educativo a esses profissionais que encontram um cenário cheio de dificuldades, precarização e incertezas.

 

“Assim como a vacina e o distanciamento social representam as melhores formas de combate à COVID-19, consideramos a educação como o principal remédio para a redução da pobreza”, explica Ana Carolina, destacando que esse é um dos principais caminhos oferecidos pelo projeto para garantir que esses empreendedores se estabelecem em suas áreas e tenham seu negócio como fonte de renda.

 

A plataforma é uma extensão do projeto Pra>Frente, lançado em 2020 após o início da pandemia. Desde então, a iniciativa já beneficiou mais de 800 pessoas em 9 meses, sendo 602 empreendedores populares e 200 voluntários, que participaram como mentores.

 

Para contribuir ainda mais com os empreendedores populares, a plataforma agora vai conectar mais de 700 mentores, que auxiliarão com novas ideias, oferecendo apoio psicossocial e acompanhando de perto o desenvolvimento de cada profissional. 

NÚMEROS DO EMPREENDEDORISMO

 

 

  • 11,3 milhões de microempreendedores individuais (MEI) no Brasil; 1,34 milhões em Minas
  • 7,5 milhões de micro e pequenas empresas (MPE)
  • 99% das empresas brasileiras fazem parte desses grupos
  • 30% do PIB é produzido por essas empresas
  • Essas empresas representam 55% do estoque de empregos formais no país
  • A taxa de informalidade no Brasil atinge 40% da população. São 34,7 milhões de trabalhadores; 4,7 milhões informais em Minas, 51% da população ocupada no estado
Fonte: Fundação Dom Cabral a partir de dados do IBGE (2021) e Sebrae (2020)

 

 


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