O Ministério Público de Santa Catarina informou que investigará o prefeito de Criciúma Clésio Salvário (PSDB) pela exoneração de um professor de artes da rede municipal. O profissional foi demitidor por ter exibido em sala de aula o clipe da música Etérea, do cantor Criolo, para alunos do nono ano da Escola Municipal Pascoal Meller.
Depois de um vídeo postado pelo próprio prefeito nas redes sociais, o assunto levantou polêmica sob a alegação de que o mandatário cometeu um ato de homofobia. Nesta sexta-feira (27/08), o MP abriu procedimentos na área criminal, cidadania e da infância e juventude.
Ministério Público apura possível prejuízo à dignidade humana de caráter coletivo na exoneração do professor da rede pública. Também investiga se a exoneração se deu dentro dos limites legais.
"Vou verificar se a conduta do prefeito violou princípios da dignidade humana previstos na Constituição Federal e na legislação ordinária", afirmou o promotor de Justiça Fred Anderson Vicente, da da 5ª Promotoria de Justiça.
No vídeo, o prefeito afirmou que "essa viadagem na sala de aula nós não concordamos". Sem dizer o nome do professor, o gestor disse que o funcionário foi demitido e que outros podem ser também caso tenham comportamento semelhante em sala de aula.
"Estou determinando a imediata exoneração daquele professor que em sala de aula expôs vídeo erotizado, de forma inapropriada, para os alunos da rede pública municipal. Nós não permitimos, nõs não toleramos. Está demitido este profissional. Nas escolas do município, enquanto eu estiver aqui de plantão isso não via acontecer esse tipo de atitude."
O prefeito ainda convocou os pais a denunciarem outros casos. "Se os pais souberem de algo parecido, que foi exposto para os seus filhos, por favor, entrem em contato com o município que o professor, o profissional, que apresentou esse tipo de vídeo ou esse tipo de comportamento inapropriado será exonerado de forma imediata, sem chances de continuar sendo funcionário da Prefeitura de Criciuma."
No mesmo dia, o cantor Criolo desaprovou a atitude do prefeito e considerou a atitute "lamentável". “É necessário quebrar os padrões. É necessário abrir discussões", escreveu. O músico lembrou que o clipe e documentário da música tiveram a participação de representantes de coletivos LGBTQIA+ nacionais. "Mais uma vez, clipe e documentário abrem espaço para o debate na sociedade brasileira, após a lamentável demissão de um professor depois de exibir o projeto em sala", completou.
O músico estranhou a polêmica em torno da obra, que não sofreu nenhuma restrição no YouTube, que tem rígidos parâmetros para veicular vídeos. Criolo acrescetou que o trabalho foi exibido em diversos festivais de cinema, instituições de arte, música e dança. "Compartilhamos orgulhosamente o documentário novamente aqui, na esperança de que ele possa chegar mais longe, com mais pessoas entendendo e refletindo sobre o que acontece em nosso território e como o Brasil se tornou o país que mais mata sua população LGBTQIA em todo o planeta", finalizou.