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Estado de Minas ASSÉDIO

Ministério Público do Trabalho pede afastamento de Sergio Camargo

A ação investiga denúncias de assédio moral, perseguição ideológica e discriminação


30/08/2021 08:30 - atualizado 30/08/2021 11:56

Sérgio Camargo exibe livros que propôs retirar do acervo da Fundação Palmares(foto: Twitter/Reprodução)
Sérgio Camargo exibe livros que propôs retirar do acervo da Fundação Palmares (foto: Twitter/Reprodução)

 
O Ministério Público do Trabalho pediu o afastamento do presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, em uma ação que investiga denúncias de assédio moral, perseguição ideológica e discriminação aos servidores da pasta. O pedido foi divulgado pelo Fantástico no domingo (29/08). A ação foi protocolada na sexta-feira (27/08), na 21ª Vara do Trabalho de Brasília e pede que Camargo pague indenização de R$ 200 mil por danos morais. 
 
Nesta segunda-feira (30/08), em sua conta no Twitter, Camargo fez mais uma ofensa aos cabelos afros: 'se você é preto te me orgulho do seu cabelo, além de ridículo, será sempre um fracassado a serviço do vitimismo'.

Os relatos que embasam a ação do Ministério Público do Trabalho partem de 16 servidors e ex-funcionários que contam que sofreram ataques constantes do chefe. Desde quando assumiu o cargo, Sergio Camargo adotou uma postura de crítica ao Movimento Negro brasileiro, chegou, inclusive, a afirmar que "a escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes".
 


A indicação de Camargo para presidir a Fundação Palmares foi bastante criticada pelo Movimento Negro. Ele chegou ao cargo pelas mãos do então secretário Roberto Alvim, que foi exonerado da Secretaria de Cultura por aparecer em vídeo em que plagiava o discurso nazista de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler. 
 
Mesmo depois da demissão do padrinho e diante das contestaçõs na Justiça, Sergio manateve-se no cargo. Desde então, adotou uma política de desmantelamento do legado da Fundação Palmares. 

A fundação foi criada em 22 de agosto de 1988, uma marco da Constituição Federal Cidadã, que incorporou reinvindicações históricas do movimento negro. A autarquia, vinculada ao Ministério da Cultura, recebe o nome do quilombo mais famoso da história do Brasil, liderado por Zumbi. Uma das atribuições é reconhecer territórios quilombolas para que dê início o processo de titulação das terras.

A lista de ataques ao legado da Fundação é extensa. Sergio Camargo informou que mudaria o logotipo da fundação, alegando que a imagem faz referência ao candomblé, religião de matriz africana. Na época, afirmou: "o logotipo da Palmares sempre me desagradou, mas eu achava que era uma palmeira estilizada. Santa Ingenuidade".
 
Em 3 de dezembro de 2020, sob a orientação dele, a fundação retirou homenagens a 27 personalidades, entre elas Elza Soares, Martinho da Vila, Milton Nascimento e Gilberto Gil, as escritoras Conceição Evaristo e Sueli Carneiro, o atleta Joaquim Carvalho Cruz e a ambientalista Marina Silva.

Em junho, divulgou relatório em que retirava 5 mil livros do acervo da autarquia. 
A ação foi contestada pelo Conselho Federal de Biblioteconomia.  Jornalista, Sergio Camargo se apresenta como negro de direita e apoiador incondicional do presidente Jair Bolsonaro. "Negros honrados apoiam Bolsonaro".
 
Depois de entrevista do cantor Martinho da Vila ao programa Roda Viva, quando o músico afirmou que Sérgio 'é um negro de alma banca',o presidente da fundação afirmou que o processaria por racismo. 

Os ataques de ordem simbólica, feitas ao Movimento Negro, têm impactos reais nas políticas públicas pela igualdade racial. Apesar de ser a instituição que certifica as comunidades quilombolas, a fundação teve o propósito desviado desde que Sergio Camargo começou a presidi-la.

Além de não propor políticas públicas de atenção à população quilombola, ele tem feito ações que retiram conquistas do movimento negro. Vale lembrar que o nome da fundação é dada em homenagem ao Quilombo de Palmares, a mais importante organização de negros em busca de liberdade. Durante a pandemia, a Fundação não propôs nenhuma política pública para atender os territórios que foram muito atingidos pelo novo coronavírus.


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