Há quem critique o uso de celular pelos indígenas como se eles não tivessem direito à tecnologia por serem os povos que primeiro habitaram as terras brasileiras. No entanto, eles não só têm o direito de fazer uso dessas ferramentas como as incorporaram à maneira como se manifestam.
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A proposta, que estabelece o direito às terras indígenas para quem passou a ocupá-las somente depois da Constituição de 1988, entrou na pauta do Judiciário depois da ação de reintegração de posse apresentada pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, relacionada Terra Indígena (TI) Ibirama-Laklãnõ.
Nos versos da canção que Edivan Fulni-ô compôs no Acampamento Lu pela vida, ele denuncia a exploração das terras indígenas desde a época da colonização até a atualidade com a monocultura de soja e a mineração. O vídeo mostra Edivan em um passeio pelo acampamento e cumprimentando outros manifestantes.
Na era digital, os povos indígenas ingressaram nas redes sociais para divulgar a cultura e interagir com a sociedade. A tecnologia se tornou essencial no processo de resistência dos povos originários. Muitos indígenas têm utilizado das redes sociais para divulgar os atos de resistência contra o Marco Temporal e defender que a história teve início muito antes de 1500, quando chegaram os colonizadores. Além do Tik Tok há postagens no Instagram, YouTube e Twitter, com direito à convocação de "tuitaço" para mobilização e visibilidade da causa.
A líder indígena Sonia Guajajara, ex-candidata do PSOL à Vice-Presidência da República em 2018, mantém contas no Twitter e Intagram muito ativas, mostrando o dia a dia da luta no planalto, informando o andamento do julgamento e valorizando sua cultura.
Além disso é Coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) cuja página no Instagram reúne postagens próprias, divulga vídeos de pronunciamentos daqueles que não possuem conta própria e reposta postagens de outras contas, dando voz à diversos povos exaltando a diversidade deles.
Exaltando a importância dos povos indígenas na cobertura dos acontecimentos no Planalto , o fotógrafo e cineasta ambiental Kamikia Kisedje, registrou imagens que viralizaram. "Vivemos tempos de muita luta e hoje ela é registrada por nós, comunicadores indígenas. Fizemos uma cobertura magnífica, organizada e colaborativa. Conseguimos captar não só imagem de protestos, mas a força de uma luta ancestral. Seguimos mais juntos e mais fortes".
Outras páginas que estão realizando o registro e divulgação das ações contra a PL 490 em Brasília são a Deriva Jornalismo e Fotografia e a Casa Ninja Amazonia com foco na cobertura fotográfica dos acontecimentos.
Contas particulares também se juntam às vozes das páginas mais conhecidas. A ativista e professora Ingrid Sateré Mawé, a comunicadora Lidia Guajajara e a ativista Samela Awia colocam as contas no Instagram para dar visibilidade às lideanças indígenas. Também divulgam eventos e movimentos como o tuitaço, a Marcha das Mulheres Indígenas e a campanha Luta pela Vida inclusive registros do acampamento de mesmo nome. Kaê Guajajara fez uma releitura da música “Mulheres Negras” de Yzalu contanto a realidade e luta das mulheres indígenas e publicou na plataforma Tik Tok.
Yaa Cruz, que esteve nas manifestações em Brasília, posta mensagens de força. "Povos indígenas. Vivos , fortes, resistentes , presentes, …hoje e sempre!". E mais: "lutando, para que o resto do mundo continue respirando". Mesmo quando teve que deixar a capital postou um vídeo pedindo ajuda contra o estabelecimento do Marco Temporal.