A Next Step, programa de estágio do Google, oferece vagas exclusivas a profissionais negros e negras. O programa está com vagas abertas no setor de engenharia de software, no escritório da empresa em Belo Horizonte, até o dia 29 de setembro, na plataforma Olabi.
As vagas são destinadas a estudantes dos cursos de ciências da computação e engenharia da computação, com previsão de formatura para o primeiro semestre de 2024. Alguns conhecimentos iniciais e básicos em programação podem ajudar os candidatos durante o processo.
O Next Step é um projeto criado em 2019 pelo Google para promover a inclusão de estudantes negras e negros no mercado de trabalho. Lendric Silva, 25 anos, foi um dos estagiários aprovados na primeira turma do Next Step, em 2019, em São Paulo.
Para o jovem, esse caminho foi fundamental para sua carreira. "Minha longa jornada atuando com pessoas em diversas ações sociais foi essencial para agregar novas perspectivas para as áreas nas quais atuei durante o programa", destaca Lendric.
Efetivado, Lendric foi promovido a gerente de contas e passou a auxiliar empresas de pequeno e médio porte com estratégias de marketing digital.
Nesta primeira edição em BH, a iniciativa tem o propósito de expandir as atividades do projeto para as equipes de engenharia da capital.
“O principal objetivo do programa em BH é encontrar a próxima geração de talentos negros na engenharia de software”, destaca Yale Soares, gerente de projetos e recrutadora do programa de estágio em Engenharia de Software do Google em BH. Os participantes ainda participam da elaboração de estratégias para tornar os negócios da empresa mais inclusivos e diversos.
O processo seletivo será dividido em duas etapas. Na primeira, os candidatos serão selecionados de acordo com perfil de pré-requisitos do programa. Depois, serão convidados para encontros informativos virtuais, quando serão informados de detalhes do processo e da empresa.
IMPORTÂNCIA DE UM PROGRAMA DIVERSO
O mercado de trabalho marca a desigualdade de oportunidades para pessoas negras. A falta de oportunidade aumenta, quando se trata de mulheres negras, que representam quase 28% da população brasileira. No entanto, ocupam menos de 8% dos cargos de poder e influência na sociedade, de acordo com pesquisa realizada pelo pela consultoria Indique Uma Preta e pela empresa Box1824.
Para Naiara Rocha, gerente de projetos em Diversidade, Equidade e Inclusão do Google na América Latina, proporcionar esse espaço com um projeto voltado a pessoas negras é fundamental para as mulheres.
“Essa ação é um esforço de responsabilidade, considerando a realidade em que estamos inseridos hoje no Brasil”, diz Naiara.
Naiara cita a filósofa Angela Davis: “quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. A frase remete às mulheres negras, por serem a base da pirâmide da sociedade.
Para Yale, o fato de também ser uma mulher negra traz ainda mais impacto em sua participação no Next Step. “Há algumas questões em que não conseguimos fechar os olhos, então é muito importante fazer parte de um programa como esse sendo parte deste grupo a que se destina”
PARA ALÉM DA DIVERSIDADE
Muito mais do que acessar esses espaços, algumas barreiras também existem nos ambientes de trabalho. A inclusão desses grupos acabam sendo uma necessidade em projetos como o Next Step.
Para Naiara, um dos caminhos do projeto é abrir portas para esse grupo, mas também garantir a sua permanência e a sua inclusão profissional. “Uma das ideias do projeto sempre foi entender nossa realidade, compreender o que funciona e o que não funciona, e entender também como pensamos a inclusão para além da diversidade. Precisamos cuidar dos caminhos que as pessoas vão fazer, sempre repensando algumas estruturas.”
Em áreas ligadas à tecnologia, a língua estrangeira, em muitas situações, acaba sendo uma barreira para esses jovens que estão ingressando na carreira. Para Yale, essa é uma dificuldade, mas que está sendo contornada e trabalhada pelo Next Step. O programa oferecerá aulas de inglês como parte da carga horária do estágio.
“Os desafios são muitos. Falamos de uma população negra em que menos de 1% fala inglês fluentemente”, completa Yale. Para ela, iniciativas contínuas e coletivas mudam o cenário desfavorável para a população negra.
Outra importante medida para acolher e superar esses desafios de inclusão são os grupos de afinidade, dedicados a acolher a diversidade. São realizados treinamentos, rodas de conversas e encontros a fim de criar vínculos, receber e acolher esses grupos no escritório de Belo Horizonte.
*estagiário sob a supervisão de Márcia Maria Cruz