Uma homenagem a Fábio de Lima, mais conhecido como Fabinho Cabilera está sendo organizada para o domingo (12/09). O jovem de 36 anos faleceu no dia 13 de agosto depois de ficar 22 dias internado no hospital João XXIII sem identificação. A morte do jovem ainda não foi esclarecida, o que angustia a família.
Leia Mais
Negro tem 2,6 vezes mais chances de ser morto no Brasil, diz estudo STF julga reabertura de inscrição do Enem; número de candidatos negros caiu 52%Pressão por inclusão faz escolas de elite buscarem alunos e professores negrosSegundo as informações do hospital e do IML, o jovem sofreu uma queda de uma passarela sobre um motociclista. Entretanto, não há informações sobre o local da queda nem registro de testemunhas ou de quem seria o motociclista.
Fabinho, pelo risco de abordagens policiais que muitos jovens negros sofrem por serem tratados como suspeitos pela cor da pele, fazia questão de levar consigo os documentos. No entanto, quando foi encontrado estava sem documentos. Ele deu entrada no hospital como desconhecido, o que fez com que a família demorasse a encontrá-lo.
Fabinho era engajado no movimento cultural de BH. Formado pelo Plug Minas, dançava, fazia apresentações nas casas noturnas e também trabalhava como barman na casa de forró Ziriguidum, no Maleta e Paco Pigale. No Carnaval, participava do Bloco Angola Janga. Descrito como muito animado e gentil, não apresentava traços depressivos ou suicidas, o que leva a causa da queda a ser um mistério.
Fernanda de Lima e Jamile Brasil, irmã e amiga de Fabinho respectivamente, estão organizando a homenagem no dia 12 de setembro que também terá o caráter de protesto, com a divulgação feita nas redes sociais acompanhada da hashtag queremos respostas. Família e amigos entraram em contato com advogados e aguardam o relatório do SAMU para conseguir mais informações e descobrir o que de fato aconteceu.
“É um misto de tudo, angustia por não saber o que aconteceu, tristeza porque não vou ter meu irmão mais, a gente não tem mais o Fábio e agonia. Agonia porque não a gente não sabe o que aconteceu. Amanhã pode ser eu, pode ser minha filha, pode ser outro irmão, pode ser um amigo... porque a gente não sabe. A gente precisa dessa resposta pra ficar mais tranquilo né?”, desabafa Fernanda.
ATLAS DA VIOLÊNCIA
Segundo a edição de 2021 do Atlas da Violência, divulgada em agosto deste ano, no ano entre 2018 e 2019 houve um aumento de 35% das mortes violentas por causa indeterminada.
Ainda segundo o atlas, no ano de 2019 a taxa de violência letal contra pessoas negras foi 162% maior que entre não negras e a o que significa que a chance de um negro ser assassinado é 2,6 vezes superior àquela de uma pessoa não negra.
*estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz