Vênus é a deusa do amor na mitologia romana. No Slam MG, a deusa foi o nome escolhido pela poeta que venceu a etapa estadual, no sábado (11/09), competição organizada pelo mais antigo slam de Minas, o Slam Clube da Luta, sediado em Belo Horizonte. Mas foi com uma mensagem feminista que ela venceu a competiçã que contou com a participação de 14 poetas representando slams de diversas cidades mineiras divididos em três chaves classificatórias entre os dias 8 e 10.
A final foi marcada pela forte presença feminina. A grande vencedora foi a poeta Vênus, em segundo e terceiro lugares, ficaram Gustavo Arranjos e Sophia Bispo respectivamente. Os vencedores ocuparão as três vagas às quais Minas tem direito no Slam BR. A competição nacional será entre os dias 29 de setembro e 3 de outubro e vale vaga para representar o Brasil na Copa Mundial de Slam, na França.
Vênus abordou as vivências das mulheres, principalmente nas periferias, e exaltou a força feminina e a ancestralidade negra. Os versos também denunciavam o apagamento histórico de negros e indígenas, a violência contra a mulher e apresentou questionamentos sobre a política no Brasil.
A poeta encontrou a poesia aos 15 anos com a poesia haicai, estilo tradicional japonês, e iniciou sua trajetória na batalha de poesias em 2015. Publicou quatro zines com poemas e ilustrações próprias. “O slam, além de ser um ato político, passa por vários âmbitos da vida. O mais sensacional é que me fez olhar para o que eu não gostava em mim. Também me fez olhar com muito cuidado e com muito amor o próximo”, declarou Vênus.
A escrita se tornou para ela uma terapia, é onde se encontra. “Hoje em dia a minha escrita é o meu lugar e não cabe a mais ninguém. Pra mim é uma missão, eu não faço por obrigação, eu faço porque eu gosto. É entrar em contato comigo de uma forma que eu nem imaginaria. A escrita fez com que eu percebesse que eu sou minha melhor amiga”, completa a poeta.
Slam online no Yotube
O evento totalmente online foi realizado pelo canal do Slam MG no YouTube, por meio do edital da Zona Cultural da Praça da Estação e com recursos do Fundo Municipal de Cultural.
Rogério, fundador do Slam Clube da Luta, conta que sente falta da celebração que é a final presencial. "Fiquei muito impressionado com o quanto que foi acirrado, as tensões se movimentaram muito. É uma competição, mas, de alguma forma, destoa um pouquinho de como é essa essência do slam que a gente vem construindo ao longo dos anos, acho que foi um pouco mais competitivo”, declara.
Em agradecimento,no fechamento da grande final, Thaís Carvalhais, organizadora do Slam Clube da Luta e responsável pela contagem das notas no Slam MG, declarou: “O slam foi um movimento muito importante na minha construção, da pessoa que sou hoje. Pra entender meu lugar no mundo, na sociedade, todas as questões políticas e compreender minimamente outras vivências que não são minhas”.
A programação do Slam MG também contou com a exibição do documentário "Slam - Voz de Levante", dirigido por Tatiana Lohmann e Roberta Estrela D’Alva, poeta responsável por trazer a competição de poesia falada para o Brasil. A obra narra a história do slam desde suas origens nos Estados Unidos, a vinda da competição para o Brasil e acompanha a poeta Luz Ribeiro até a Copa do Mundo de Slam em Paris.
Os finalistas
- Gustavo Arranjos - representando Slam Recitando Vidas de Teófilo Otoni
- Hemy - representando Slam Griot de Juiz de Fora
- Igor Braz - representando Slam Poético da Ágora de Juiz de Fora
- Matriarcak - representando Slam Clube da Luta de Belo Horizonte
- Sophia Bispo - representando Slam Batalha da Ágora de Juiz de Fora
- Vênus - representando Slam Ativista de Conselheiro Lafaiete