Um bordado e uma conversa, no entremear das linhas, elas criam uma rede de afeto e de conhecimento. O grupo das Bordadeiras do Curtume compartilham aprendizados e tradições ancestrais. E elas usam a tecnologia para amplificar esse saber. Realizam, com regularidade, lives no canal do Youtube do Mulheres do Jequitinhonha como parte da 8ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Na última quarta-feira (29/09), mostraram pouco dessa história em fotos.
Ao ir para as redes sociais, as bordadeiras expandem as fronteiras. Por meio da tecnologia grupo também se une a outros projetos, como as Meninas de Sinhá, grupo de mulheres do Alto Vera Cruz, Região Leste de Belo Horizonte.
No último bate-papo remoto, mediado por Viviane Fortes, coordenadora do projeto, as bordadeiras de Curtume contaram histórias. Uma das mulheres que integram o grupo de bordadeiras, Silvana é apresentada no Instagram, como uma das lideranças importantes do projeto e múltipla: "agricultora, cuida da horta, da roça e da plantação de algodão com tanta alegria que até parece que a terra percebe e agradece".
Criado em 2015, como uma forma de estabelecer vínculos e fortalecer as mulheres da comunidade quilombola do Curtume, no Vale do Jequitinhonha, o projeto permitiu a formação de uma rede coletiva de apoio e afeto. O grupo se tornou um espaço de valorização dos conhecimentos dessas mulheres. No bordado, elas resgatam memórias, costumes e valores ancestrais para o presente.
Para Mariana Berutto, diretora de comunicação do Mulheres do Jequitinhonha, um dos principais objetivos da live é aproximar as bordadeiras do público externo, para além do Vale do Jequitinhonha, criando e possibilitando esse diálogo.
“Com essa lives a gente busca dar a elas um lugar de fala. Muitas vezes, pessoas dessas comunidades ficam invisibilizadas. Elas não precisam de ninguém falando por elas. São muito potentes, com conhecimentos muito grandes”.
Além dessa possibilidade de voz para o grupo, as lives também têm a missão de apresentar a cultura da região do Vale do Jequitinhonha.
“Essa região, muitas vezes, é descrita muito mais em função da carência e dos baixos índices sociais e econômicos, e nem sempre é descrita pelo viés da riqueza humana e cultural que existe dentro desse território” destaca Mariana, aponta que outro propósito dos encontros onlines é trazer um olhar positivo para essa região.
Além disso, os bordados já chegaram a cidades como Belo Horizonte, Tiradentes e São Paulo. Apesar do bordado ser uma das principais atividades do grupo, elas não param por aí. O grupo também valoriza e resgata saberes e tradições nas músicas, nas cantigas e nas danças e também exploram conhecimentos sobre o manejo de plantas e de hortas.
Mulheres do Jequitinhonha
O projeto social Mulheres do Jequitinhonha foi criado para fortalecer e valorizar os conhecimentos de mulheres de comunidades rurais e quilombolas. Atualmente, dois grupos fazem parte do projeto: as Bordadeiras do Curtume e as Tecelãs de Tocoiós. Assim como as bordadeiras, o grupo das tecelãs tem o objetivo de promover a autonomia financeira e social de mulheres através de suas práticas e atividades.
*estagiário sob a supervisão de Márcia Maria Cruz