O vereador de São Paulo Fernando Holiday (Novo) se arrepende do apoio dado a Jair Bolsonaro (sem partido) no primeiro turno das eleições de 2018. Ele fez críticas ao presidente e até mesmo associou a família de Bolsonaro às milícias no Rio de Janeiro. No entanto, apesar das críticas ao atual presidente, Holiday mantém a opinião de que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi benéfico para o Brasil.
O vereador foi o convidado do sexto episódio de Mano a Mano, que foi ao ar nesta quinta-feira (30/09). Produzido pelo Spotify, o podcast é apresentado por Mano Brown. Em tom polêmico, a conversa girou em torno de temas como racismo, cotas raciais e maioridade penal.
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O vereador também criticou a estratégia da família Bolsonaro de difamar os adversários nas redes sociais. "Eles querem difamar e inventar coisas sobre todos e quaisquer adversários dele e conseguiram isso em alguns casos", completou.
Ambos negros, filhos únicos e criados sem a presença do pai e criados em comunidades, Mano Brown e Holiday apresentam visões de mundo diferentes e divergentes. A conversa fez jus à proposta do podcast, de debater e manter a diversidade de ideias e pensamentos com profundidade e respeito.
Contra as cotas raciais
O rapper perguntou a Fernando sobre pessoas que o inspiraram, e citou Martin Luther King, Barack Obama e a cantora Billie Holiday, mencionando sua música “Strange Fruit”. A música, fruta estranha em tradução livre, é de suma importância na luta pelos direitos civis negros nos Estados Unidos e fala sobre o linchamento e enforcamento e negros no sul do país.
A essa declaração, Mano Brown respondeu de pronto. “Acredito que você vai ser um grande político, mas acredito também que você vai mudar, porque não é possível amar Billie Holiday, se emocionar com negros enforcados e ser contra cotas. Não é questão de misericórdia ou de assumir que é inferior, são números, são dados, são corpos, vidas negras aos montes”.
O vereador então admitiu que o racismo existe e explica seu posicionamento sobre as cotas raciais. Na visão do parlamentar, as cotas fazem parte de uma política de inclusão de má qualidade. Segundo ele, a cota social seria mais justa.
Outro ponto controverso foi o debate sobre a maioridade penal, que Fernando entende que a idade não define a capacidade ou não de uma pessoa cometer um crime e defende que seja reduzida.
Mano Brown destaca que medidas extremas criminalizaria ainda mais os jovens aos quais os diretos já são negados e perguntou como o vereador lida com as contradições de seu discurso e Fernando respondeu “Já me debrucei sobre isso, mas eu não consigo encontrar outra solução”.
O episódio fecha com o convite de Mano Brown a Fernando para refletir sobre todos os pontos que foram debatidos ali e o lembra que ele não representa apenas aqueles que o elegeram, mas toda a população de São Paulo.
O episódio foi alvo de críticas nas redes sociais, por se propor a conversar com o convidado escolhido
E houve aqueles que se surpreenderam com o debate