A morte de João do Rio completou um centenário em agosto deste ano. O jornalista negro, gay e gordo morreu de infarte fulminante em 1921, mas deixou legado para o jornalismo e a literatura. Cronista, tradutor e teatrólogo, ajudou a formalizar a profissão de jornalista, que, na época, era considerada um “bico”. A história dele é contada na exposição "Cintilando e causando frisson - 140 anos de João do Rio", mostra online no Museu Bajubá que segue até 26 de novembro.
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Em 1904 escreveu uma série de reportagens sobre as religiões brasileiras, sendo cinco delas dedicadas a religiões de matrizes africanas. A obra foi tão bem desenvolvida que se tornou livro e um dos primeiros best-sellers brasileiros com mais de 8mil cópias vendidas em seis anos, um grande feito para a época devido ao baixo número de pessoas alfabetizadas e o tema abordado.
Se dedicava em tempo integral à atividade de repórter, e saia as ruas para acompanhar as mudanças pelas quais o Rio de Janeiro passava na época, com grandes reformas estruturais. O olhar antropológico e social registrava a cidade em si e escrevia sobre problemas sociais como violência urbana, prostituição, meninos de rua e defendeu o direito das mulheres, os direitos trabalhistas e a melhoria das condições de trabalho. Sobre a violência contra a mulher, escreveu: “A totalidade dos cérebros masculinos não pensa no outro sexo sem um desejo de humilhação sexual”.
Em 1910 se tornou membro da Academia Brasileira de Letras, mas em 1913 se afastou da entidade e deixou expresso seu desejo de não ter seu velório realizado no local.
Em comemoração ao centenário de sua morte, o Museu Bajubá está iniciando suas atividades com a realização de uma exposição gratuita e online. “Cintilando e causando frisson – 140 anos de João do Rio” apresenta a trajetória de Joao do Rio e conta com cerca de noventa imagens.
SERVIÇO
Exposição "Cintilano e causando frisson - 140 anos de João do Rio"
Mostra online do Museu Bajubá
Até 26 de novembro