Em meio a importantes conquistas em Hollywood, como a premiação do Oscar 2021 que ficou marcado como o Oscar da diversidade, e ações de outras premiações para impulsionar a pluraridade, cinema, TV e teatro ainda enfrentam problemas recorrentes, como o embranquecimento dos personagens, também conhecido como whitewashing. A prática, que ocorre não apenas nos Estados Unidos, teve discussão recente envolvendo a atriz Gyselle Soares.
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Casos de embranquecimento
Em 1963, Elizabeth Taylor foi escalada para viver Cleópatra, no filme homônimo e se tornou um exemplo clássico de whitewashing em Hollywood. No caso, A atriz norte-americana e branca interpretava uma figura histórica egípcia. Em 2020 o debate acerca da famosa rainha do Egito voltou à tona com a escalação da atriz israelense Gal Gadot para viver Cleópatra.
Esse não foi o único caso envolvendo a história do Egito. O filme Deuses do Egito, de 2016, tem um elenco que passa longe de parecerem realmente egípcios e trazerem autenticidade, sendo um dos atores principais loiro.
Em 2010 ativistas do movimento negro protestaram contra a escalação de Gérard Depardieu como Alexandre Dumas no filme “L'Autre Dumas”. Gerard é branco, loiro e de olhos claros, enquanto o famoso autor de “Os três Mosqueteiros” era negro. O ator usou maquiagem e peruca para aproximar sua aparência com a de Alexendre.
Scarlett Johansson e Ghost in the shell
Já em 2017, o filme “A vigilante do amanhã” rendeu duras críticas pelos fãs e críticos, uma vez que é baseado em um famoso mangá japonês, mas boa parte do elenco, inclusive a personagem principal, foi composto por atores brancos. Com Scarlett Johansson e Michael Pitt como protagonistas, os atores asiáticos ficaram apenas com papéis secundários na trama.
O anime Avatar – A lenda de Aang é claramente inspirado na cultura asiática, mas na realização da adaptação para o cinema, os três personagens principais foram interpretados por atores brancos. No caso de “O último mestre do ar”, apenas os antagonistas foram interpretados por atores que não eram brancos.
Outro caso que envolve whitewashing de personagens asiáticos ocorreu no filme “Doutor Estranho”, no qual o papel do ancião, representado nos quadrinhos como tibetano, caiu nas mãos da inglesa Tilda Swinton.
No Brasil a novela “Sol Nascente”, de 2016, acompanhava a vida de uma família de descendentes de japoneses, entretanto a escalação da personagem principal levantou polêmica, quando Daniele Suzuki afirmou ter sido substituída por Giovanna Antonelli. A personagem, que deveria ser filha biológica do personagem Tanaka, teve que ser alterada e passou a ser filha de criação para explicar a falta de traços asiáticos.
O que é whitewashing?
Conhecido como whitewashing, o embranquecimento é uma prática comum no mundo do entretenimento, que consiste em escalar atores brancos para papéis de personagens de outras etnias, como negros, asiáticos e indígenas.
Para a realização de obras com pessoas negras, por exemplo, atores brancos pintavam seus corpos com tinta preta, muitas vezes exagerando características físicas como os lábios e maneirismos, para a interpretação dos personagens. Mais recentemente os casos de embranquecimento se dão pela simples substituição da etnia por um ator branco sem passar por nenhum tipo de caracterização.
O embranquecimento foi por vezes justificado pela falta de atores bons nessas etnias, porém o que acontece na prática é a falta de oportunidades para que atores não brancos mostrarem seu trabalho, perpetuando estereótipos e a segregação racial no cinema, teatro e televisão.
Quem foi Esperança Garcia
Esperança Garcia foi uma mulher negra, escravizada e hoje considerada a primeira advogada do estado do Piauí devido ao reconhecimento da natureza jurídica de uma carta escrita por ela em 1770.
Na carta, em caráter de petição, Esperança expõe agressões sofridas por ela e seu filho, e pede que seja enviada de volta ao convívio de seu marido e filha. O reconhecimento jurídico de Esperança foi realizado durante solenidade no dia 5 de setembro de 2017 pela seccional da OAB do Piauí.
Na carta, em caráter de petição, Esperança expõe agressões sofridas por ela e seu filho, e pede que seja enviada de volta ao convívio de seu marido e filha. O reconhecimento jurídico de Esperança foi realizado durante solenidade no dia 5 de setembro de 2017 pela seccional da OAB do Piauí.