Vai ao ar nesse sábado (16/10) a 4ª edição do Encontro Negro de Contadores de História – Embondeiro 2021. Organizado pelo coletivo Iabás, o evento reunirá 15 contadores de histórias com o foco em narrativas de origem africana e afro-brasileiras visando o empoderamento do povo negro.
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Por conta dessa importância histórica, o evento pretende dar voz e visibilidade àqueles que construíram a cidade, mostrando seu ponto de vista. O protagonismo do evento está na roda de conversa das matriarcas da pedreira: Iolanda, Marlene e Dona Geralda, Dona Osiva, Joaquina e Noeme.
Madu Costa, escritora, arte-educadora e organizadora do Encontro destaca que “as matriarcas representam uma amostra das mulheres dentro da Pedreira que é o lugar de gestora das famílias. Nesse sentido elas têm uma referência muito grande com o matriarcado africano, porque cuidam da economia, além de cuidar dos filhos e netos”.
Luta por reconhecimento
Chica Reis, também organizadora do encontro ressalta que “São mulheres que estão ali há anos na Pedreira. Elas viram a pedreira crescer, viram o tráfico entrar na Pedreira e estão vendo essa pedreira lutar cada dia por reconhecimento por meio de projetos culturais”.
No desenvolvimento do projeto, houve a preocupação de montar uma equipe prioritariamente negra, para formar uma corrente de apoio e valorização do trabalho de cada um, e também de ser contada apenas histórias negras. “No encontro só se conta histórias negras, tem que ter esse foco, porque é o nosso momento, o nosso protagonismo”, conta Chica.
O encontro é um espaço no qual, por meio da arte e da contação de história, a população negra sai da sombra da história eurocêntrica, que os invisibiliza, e se tornam agentes históricos mostrando que outra história e outras formas de existir são possíveis.
“A gente quer contar a história da resistência, da festa, da alegria, da religiosidade. Que apesar de todos os apagamentos históricos, resistimos, e resistimos na luta, nos quilombos, no Candomblé, no samba, no rap, no funk e nas coletividades”, exalta Chica.
Essa ligação com a ancestralidade, tanto em ralação à cidade quanto em relação às origens africanas, está simbolizada no Embondeiro. Também conhecida como Baobá, o embondeiro é uma arvore encontrada da África, com raízes profundas e que provê frutos.
Serviço:
- 4° Edição do Encontro Negro de Contadores de Histórias - Embondeiro 2021
- Data: 16 de outubro (sábado)
- Horário: 10h às 17h
- Transmissão pelo YouTube
Iabás
O coletivo Iabás foi fundado em 2018 por três mulheres negras contadoras de histórias: Chica Reis, Magna Oliveira e Madu Costa. O nome faz referência às orixás femininas e as apresentações pesquisas e oficinas do grupo é centrado nas mulheres negras e na cultura africana, se afastando do pensamento eurocêntrico que atravessa o Brasil desde a colonização.
Segundo Chica “A gente desloca esse olhar, e ao deslocar o olhar a gente desloca a nossa relação com o sagrado, nossa própria relação com as histórias e com o público que vem.