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Estado de Minas HISTÓRIAS NEGRAS

Pedreira Prado Lopes recebe Encontro Negro de Contadores de História

Com destaque para as vivências das matriarcas locais, evento tem como objetivo mostrar para Belo Horizonte outras narrativas de sua história


15/10/2021 09:32 - atualizado 15/10/2021 09:54

Madu Costa, Magna Oliveira e Chica Reis, fundadoras do coletivo Iabás, posando na janela
Coletivo Iabás realizará a 4ª edição do Encontro Negro de Contadores de História - Embondeiro 2021 na Pedreira Prado Lopes (foto: Thiago Pacheco)

Vai ao ar nesse sábado (16/10) a 4ª edição do Encontro Negro de Contadores de História – Embondeiro 2021. Organizado pelo coletivo Iabás, o evento reunirá 15 contadores de histórias com o foco em narrativas de origem africana e afro-brasileiras visando o empoderamento do povo negro.

O evento será aberto pelo Pai Ricardo, coordenador da Associação de Resistência Cultural Afro-brasileira Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente (CCPJO), e contará com show do grupo Orisamba. A produção se preocupou em montar uma equipe prioritariamente negra, para a criação de uma rede de apoio e valorização do trabalho de cada um.

A edição deste ano será realizada com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e tem como palco a Pedreira Prado Lopes, a comunidade mais antiga de Belo Horizonte e que teve papel fundamental na construção da capital. Suas pedras formaram as edificações da cidade planejada e os trabalhadores construíram ali suas moradias.

Matriarcas da Pedreira Prado Lopes sentadas em uma roda de conversa
Roda de conversa das matriarcas: Dona Joaquina, Dona Yolanda, Dona Marlene, Dona Noemi, Dona Osiva e Dona Geralda (foto: Thiago Pacheco)


Por conta dessa importância histórica, o evento pretende dar voz e visibilidade àqueles que construíram a cidade, mostrando seu ponto de vista. O protagonismo do evento está na roda de conversa das matriarcas da pedreira: Iolanda, Marlene e Dona Geralda, Dona Osiva, Joaquina e Noeme.  

Madu Costa, escritora, arte-educadora e organizadora do Encontro destaca que “as matriarcas representam uma amostra das mulheres dentro da Pedreira que é o lugar de gestora das famílias. Nesse sentido elas têm uma referência muito grande com o matriarcado africano, porque cuidam da economia, além de cuidar dos filhos e netos”.

Luta por reconhecimento

Chica Reis, também organizadora do encontro ressalta que “São mulheres que estão ali há anos na Pedreira. Elas viram a pedreira crescer, viram o tráfico entrar na Pedreira e estão vendo essa pedreira lutar cada dia por reconhecimento por meio de projetos culturais”.

No desenvolvimento do projeto, houve a preocupação de montar uma equipe prioritariamente negra, para formar uma corrente de apoio e valorização do trabalho de cada um, e também de ser contada apenas histórias negras. “No encontro só se conta histórias negras, tem que ter esse foco, porque é o nosso momento, o nosso protagonismo”, conta Chica.

O encontro é um espaço no qual, por meio da arte e da contação de história, a população negra sai da sombra da história eurocêntrica, que os invisibiliza, e se tornam agentes históricos mostrando que outra história e outras formas de existir são possíveis.

Jairo Nascimento, Dona Yolanda, Dona Joaquina e Magna Oliveira durante gravação do evento Encontro Negro de Contadores de História
Evento resgata histórias e saberes da Pedreira Prado Lopes, berço de Belo Horizonte (foto: Thiago Pacheco)


“A gente quer contar a história da resistência, da festa, da alegria, da religiosidade. Que apesar de todos os apagamentos históricos, resistimos, e resistimos na luta, nos quilombos, no Candomblé, no samba, no rap, no funk e nas coletividades”, exalta Chica.

Essa ligação com a ancestralidade, tanto em ralação à cidade quanto em relação às origens africanas, está simbolizada no Embondeiro. Também conhecida como Baobá, o embondeiro é uma arvore encontrada da África, com raízes profundas e que provê frutos.

Serviço: 

  • 4° Edição do Encontro Negro de Contadores de Histórias - Embondeiro 2021
  • Data: 16 de outubro (sábado)
  • Horário: 10h às 17h
  • Transmissão pelo YouTube 

Iabás

O coletivo Iabás foi fundado em 2018 por três mulheres negras contadoras de histórias: Chica Reis, Magna Oliveira e Madu Costa. O nome faz referência às orixás femininas e as apresentações pesquisas e oficinas do grupo é centrado nas mulheres negras e na cultura africana, se afastando do pensamento eurocêntrico que atravessa o Brasil desde a colonização.

Segundo Chica “A gente desloca esse olhar, e ao deslocar o olhar a gente desloca a nossa relação com o sagrado, nossa própria relação com as histórias e com o público que vem.


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