Jornal Estado de Minas

DIVERSIDADE RACIAL

Black Power: Faculdade de Medicina da UFMG oferece toucas para cabelos afro



A Faculdade de Medicina da UFMG oferece toucas descartáveis para alunos com cabelos afros. O projeto foi criado pela Comissão Permanente de Enfrentamento ao Racismo (CPER), que acompanha as políticas e ações de combate ao racismo na instituição. As toucas são equipamentos de proteção individual (EPIs) fundamentais para a medicina e áreas da saúde. No entanto, a maioria desses utensílios não é criada pensando em pessoas com cabelos black power, tranças, dreadlocks ou volumosos.





As toucas distribuídas pela iniciativa são maiores, mais largas e com espaço adequado para acomodar os cabelos de alunas e alunos negros. O uso é destinado para aulas práticas que necessitem de EPIs, essenciais para garantir a segurança e a saúde dos profissionais e dos pacientes. De acordo com a Faculdade de Medicina da UFMG, serão distribuídas 800 toucas no total.

Além dos estudantes em aulas práticas, as toucas também serão oferecidas para alunos do curso de medicina que estão na etapa de internato. Para compreender quantos desses estudantes negros necessitam da touca, foi criado um formulário para preenchimento.

Para além da importante segurança, saúde e proteção, a graduanda Marina Nascimento, do sexto período de medicina, indica como o uso de toucas adequadas pode trazer um sentimento de pertencimento. “Eu, por exemplo, senti isso nas minhas primeiras experiências com EPIs. Passei por isso com black e com tranças, e a sensação foi ‘parece que meu corpo não deveria estar nesse lugar na posição de estudante’”, destaca Marina.





DIVERSIDADE RACIAL NA UNIVERSIDADE

De acordo com relatório de análise do perfil dos estudantes inscritos e matriculados nos cursos de graduação, divulgado pela UFMG em 2018, 49,3% dos estudantes ingressantes na UFMG se declararam pardos ou pretos. Essa mudança na última década também afetou a rotina do ambiente acadêmico e seus grupos, organizações e movimentos negros dentro da universidade.

A Comissão Permanente de Enfrentamento ao Racismo (CPER), responsável pela ação, é um desses movimentos, criada em fevereiro deste ano na Faculdade de Medicina da UFMG. Seu principal objetivo é fortalecer as políticas de inclusão e diversidade racial na instituição. Além disso, também atua no desenvolvimento de formas de combate ao racismo dentro e fora dos espaços da universidade.

Atualmente, diversos órgãos e grupos compõem a comissão, como o Grupo de Estudos de Negritude e Interseccionalidades (GENI), estudantes indígenas da instituição, além de técnicos administrativos, professores e representação estudantil da Faculdade de Medicina. Além disso, também integram o CPER o Diretório Acadêmico Alfredo Balena e os centros acadêmicos dos cursos de fonoaudiologia e de radiologia da UFMG.
 
* estagiário sob a supervisão de Márcia Maria Cruz