Ações que valorizam a negritude marcam novembro, mês dedicado à consciência negra. Uma das iniciativas é o Encontro Enegrecer a Gestão Cultural, que será realizado nos dias 10 e 11. Criada pelo coletivo Enegrecer a Gestão Cultural, o evento será gratuito e, integralmente, no formato remoto.
Para a jornalista e professora Rosane Borges, um dos nomes destaque da programação, pode-se perceber maior inserção das práticas e ações de pessoas negras na gestão desses eventos na sociedade.
“A agenda antirracista é viva, pulsante, é uma agenda que escorregou para o tecido social. É uma agenda que saiu dos movimentos de pessoas negras, de mulheres negras, de movimentos comunitários, e em certa forma, vem se infiltrando na sociedade", analisa.
A pesquisadora destaca que, desde os tempos da escravidão, a luta e a resistência da população negra demarcam o quanto o Brasil é um país racista. No entanto, ele enxerga fortalecimento da agenda antirracista no país com a participação de lideranças negras. Rosane, que atua também como pesquisadora no campo da comunicação, observa "uma nova gramática estética", conceito usado para se referir ao crescimento na representação e participação de pessoas negras em agendas culturais e artísticas no país.
NEGRITUDE COMO FATOR IMPORTANTE
Rosane ainda destaca a mobilização contínua contra estruturas racistas. “É preciso que a gente repense a educação, tecnologia, ciência, arte, o saber e o mercado tecnologia, educação, tudo sempre a partir da lupa e da dimensão racial”, aponta Rosane, frisando como não é possível discutir racismo sem pensar que ele está presente em todos os lugares da sociedade.
AQUILOMBAMENTO
Um dos caminhos possíveis para a afirmação das identidades negras, nesses espaços e agenda antirracista, é o aquilombamento, ou seja, instituição de práticas de criação de espaços negros em territórios racistas. Para Rosane, essa forma de organização - e também de pensamento - é fundamental para a criação e o desenvolvimento de iniciativas negras pelo país.
Entretanto, o aquilombamento não é uma forma de segregação, como destaca Rosane, mas sim de afirmação. Para a jornalista, essa luta pode sim ser construída com a presença de pessoas brancas. "O primeiro passo para essas pessoas é o reconhecimento dos privilégios. Elas carregam e herdam o patrimônio da cor, no país é que a cor é um ativo importante", conclui Rosane Borges.
O acompanhamento das mesas não necessita de inscrição prévia, com a transmissão completa realizada pelo canal no Youtube do Enegrecer a Gestão Cultural.
SERVIÇO
Encontro - Enegrecer a Gestão Cultural
Abertura - 10 de novembro às 9h30
Andreia de Jesus (MG) - Advogada Popular, Deputada Estadual (Psol-MG) e, Presidenta da Comissão De Direitos Humanos da ALMG.
Renata Dias - Diretora Geral Fundação Cultural do Estado da Bahia (BA) - Diretora geral da Fundação Cultural do Estado da Bahia, autarquia vinculada à Secretaria de Cultura e responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas para as linguagens artísticas
Clever Alves Machado (MG) - Servidor Público Estadual, mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local pela Centro Universitário UNA. Pós-graduado Especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, Vice-presidente do CONEPIR - Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial.
10 de novembro
- 10h às 12h – ‘Estrutural, Institucional e Individual - que racismo é esse?’
Rosane Borges (SP) - Jornalista, pesquisadora do Colabor (ECA-USP), articulista da revista Istoé. Autora de "Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro, Mídia e racismo", "Esboços de um tempo presente" e "Fragmentos de um tempo presente".
Markim Cardoso (MG) - Filósofo, mestre em História Social pela UFMG. Militante do Movimento Negro e presidente do Instituto Hamilton Cardoso. Professor de Introdução a História da África e Pesquisador das Culturas negras
Mediação de Jana Janeiro (MG) - Educadora social. Formada em Turismo, pós-graduada em Gestão Cultural e pós graduanda em História e Cultura Afro-brasileira e Indígena. Co-fundadora da Casa Quilombê, projeto sociocultural de intercâmbio da cultura quilombola por meio da Educação, Arte, Cultura e Turismo. Criadora do Ateliê Pele Preta, coletivo criativo negro que tem como pauta a produção preta.
- 19h às 21h – Diversidade e Inclusão = Proporcionalidade e Integração?
Mônica Cássia (MG) - Mestranda em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro. Co-Fundadora e Coordenadora de Projetos da Associação Visibilidade Feminina.
Viviana Santiago (SP) - Atua há mais de 13 anos no terceiro setor, em organizações internacionais com foco em promoção de direitos. Atualmente é Coordenadora de Diversidade e Inclusão no Instituto Moreira Salles.
Mediador de Viviane Araújo Pereira (MG) - Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental pela Fundação João Pinheiro e Membro da Coordenadoria Estadual de Igualdade Racial
11 de novembro
- 10h às 12h – Capitalismo stakeholder e a Economia Criativa - quais são as partes interessadas?
Gilberto Costa (Giba) (SP). Pós-Graduado em Estratégia Empresarial pela FGV-SP. Atua no mercado financeiro desde 1993, acumulando a Diretoria Executiva do Pacto de Promoção da Equidade Racial.
Carolina Nascimento (RJ) - Especialista técnica em relacionamento com povos indígenas e comunidades tradicionais e lidera o Grupo de Afinidade de Equidade Étnico-Racial da Vale. Participou do processo de reconhecimento da Serra da Barriga- Quilombo dos Palmares como Patrimônio Cultural do Mercosul.
Mediação de Karla Danitza (MG) - Produtora e Programadora Cultural com formação em Gestão para OSC pela Faculdade de Políticas Públicas/UEMG e especialização em Design para a Sustentabilidade pelo Gaia Education.
- 19h às 21h - Descentralização, democratização e as insurgências periféricas na cultura.
Josemeire Alves (MG) - Doutora e Mestra em História (UNICAMP), gestora institucional da Casa do Beco. Integra também a Rede de Historiadorxs Negrxs e o GT - Emancipações e Pós-Abolição em MG.
Fabio Santos - gestor (AM) - Produtor, Professor e Pesquisador no Amazonas, Fábio Moura atualmente cursa o Doutorado em Artes pela UFMG. É co-fundador da Panorando Cia e Produtora, com a qual já idealizou e realizou dezenas de eventos culturais em formatos presenciais e virtuais, alcançando mais de 15.000 pessoas.
Ely Batista (BA) - É trabalhador da cultura no Brasil. Atua como produtor, agente cultural e pesquisador de políticas culturais. Desde 2016, promove ações de produção artística por meio de festivais de artes, espetáculos teatrais, exposições e projetos audiovisuais.
Mediação de Cristiano Cezarino - Cenógrafo e Arquiteto. Professor adjunto na Escola de Arquitetura da UFMG e no Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas-Artes da UFMG. Coordenador do projeto de Extensão Barracão UFMG. Coordenador do Museu da Escola de Arquitetura da UFMG.