Jornal Estado de Minas

RESISTÊNCIA INDÍGENA

Txai Suruí: quem é a indígena que representou o Brasil na COP-26?



Com voz calma, porém firme e direta e com vestes que representam as culturas tradicionais dos povos originários. Uma das principais falas da COP-26, a Conferência das Partes, na segunda-feira (01/10) veio de Txai Suruí, uma jovem indígena de 24 anos, que encantou e apresentou as reivindicações sobre as mudanças climáticas dos povos indígenas no Brasil. 




 
A indígena foi uma dos representantes brasileiros no evento. Estudante do curso de direito da Universidade Federal de Rondônia (Unir), a jovem sempre se destacou por romper barreiras, sendo a primeira do povo Suruí a ingressar na área jurídica.
 
Txai nasceu em Rondônia, no povo Suruí, e foi nomeada como Walelasoetxeige Bandeira Suruí. A jovem vem de berço indígena. É filha do cacique Almir Suruí e da indigenista Neidinha Suruí. Ambos são nomes de destaque e de relevância na luta indígena do país.
 
Desde cedo, a percepção sobre o cenário dos povos originários permitiu à jovem construir uma identidade de resistência. Esse foi um dos temas abordados no discurso da COP-26.  Txai evidenciou os direitos dos povos originários no Brasil e destacou a necessidade da presença dessa população no momento das decisões sobre mudanças climáticas. A COP-26 reuniu mais de 120 líderes globais para falar sobre os desafios e o cenário do clima mundial.




 
(foto: Instagram/ Reprodução)
 
“Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui, pois temos ideias para adiar o fim do mundo”, destacou Txai durante sua fala na COP-26.
 
Essa luta na reivindicação de povos indígenas nas decisões sobre o clima e os impactos no mundo é uma das principais pautas trabalhadas por Txai nas redes sociais. As publicações da jovem nos meios digitais vão muito além de assuntos sobre seu cotidiano. Em seu perfil no Twitter, Txai comenta sobre política, economia e sociedade. Faz a defesa dos direitos do povo Suruí e de outros povos indígenas.
 
 
 

CAMINHOS DE RESISTÊNCIA 

 
“Nunca alcançaremos justiça climática sem justiça social para os povos indígenas, que estão na linha de frente na luta das mudanças climáticas” aponta Txai, declarando a importância da região Amazônica para o Brasil e para o planeta terra.




 
A inspiração pela luta dos povos originários fez com que a jovem também contribuísse com os movimentos sociais e indígenas em seu estado. No início deste ano, fundou o Movimento da Juventude Indígena de Rondônia. Com o coletivo, Txai lidera mobilizações exigindo a demarcação de terras, a garantia de direitos dos povos originários e também demonstra posicionamentos contrários ao presidente Jair Bolsonaro.
 
Em agosto, esteve em Brasília, juntamente com os movimentos históricos contra o Marco Temporal, que tinha a proposta de romper a garanta do direito constitucional ao território dos povos originários.
 
* estagiário sob a supervisão de Márcia Maria Cruz 

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