No Dia internacional de eliminação da violência contra a mulher, neste 25 de novembro, um estudo mostra que elas são o grupo mais vulnerável ao se deslocar pelas cidades brasileiras, seja de que meio de transporte for, ônibus coletivo, táxi e carros de aplicativos.
A pesquisa Segurança das mulheres nos deslocamentos pela cidade revela que 81% das mulheres ouvidas já passaram por ao menos uma situação de violência em seus deslocamentos. A insegurança nas cidades foi tema da reportagem Cidade feminista.
Leitoras ouvidas pelo Estado de Minas apontaram como o transporte coletivo era hostil à presença delas.
Leia Mais
Cidade feminista: mulheres relatam violência imposta pelos espaços urbanosRuas, bares e ônibus: leitoras apontam locais de BH hostis para mulheres50 anos do Dia da Consciência Negra: o Brasil sonhado com igualdade racialQuase 26 milhões de brasileiras foram ameaçadas de morte por parceiro ou exTrês a cada dez mulheres têm medo de sair de casaPedalada negritude cicloativista: giro por locais da história negra em BHRosa Saito: modelo mostra que não há limite de idade para se reinventarO estudo constatou que as mulheres saem de casa, na maioria dos deslocamentos, para realizar os cuidados com a casa e com a família. Dos meios de transporte, o ônibus e o trem são os que passam menos segurança para a população em geral.
Sessenta e oito porcento das mulheres concordaram com a frase “eu tenho muito medo de sair sozinha no meu bairro à noite”. O principal motivo de insegurança apontado são “olhares insistentes, cantadas inconvenientes”. A maiori, 81%, relatou esse temor. Veja depoimento de leitoras ao EM no vídeo Cidade Feminista.
APENAS UM TERÇO DAS MULHERES PROCURA A POLÍCIA
Mais de dois terços das mulheres negras têm medo de sofrer racismo ao sair de casa a pé. Na estudo, quando os pequisadores focam no ônibus, o principal medo de 80% delas é “sofrer agressão física”. Os pontos de ônibus também foram considerados “nada seguros” por 51% das entrevistadas, sendo mais perigoso do que o transporte público em si, apontado como inseguro por 35% das entrevistadas.
Quase 70% das mulheres afirmam já ter recebido olhares insistentes e/ou cantadas inconvenientes, enquanto se deslocavam pela cidade. Apenas um terço das mulheres que sofreram algum tipo de violência receberam ajuda, e 27% reagiram aos agressores.
Um ponto a ser analisado é o baixo índice de denúncia. Apenas 24% das mulheres afirmaram não ter contato sobre a violência que sofreu a ninguém, e pouco mais de um terço procurou a polícia. Entretanto, 67% das mulheres mudaram de hábitos e comportamento depois de passar por uma situação de violência.
Muitas vezes, as mulheres não se sentem seguras ou acolhidas para contar um momento de agressão sofrida, mas os impactos podem ser verificados. Mais da metade das mulheres afirmaram que tiveram abalo psicológico ao passar por uma situação de violência.
Há muito a se avançar na questão de segurança pública nos espaços urbanos, especialmente no que afeta diretamente as mulheres. Entre as possíveis soluções para aumentar a segurança em locais públicos, foram apontados a melhoria das condições de policiamento, melhoria da conservação das ruas e a redução de espaços abandonados, como prédios, praças e terrenos baldios.
*estagiária sob a supervião de Márcia Maria Cruz