João Cândido Felisberto é uma das figuras presentes na grade curricular do ensino de história do Brasil durante o ensino médio no país. Um dos principais líderes da Revolta da Chibata, após mais de 50 anos de seu falecimento, tem seu nome sugerido para entrar no livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, em votação que tramita no Congresso Nacional.
O projeto de lei 340, de 2018, proposto pelo senador Lindbergh Farias (PT/RJ), foi aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte, em reunião realizada no dia 28 de outubro de 2021. Enviado à Câmara dos Deputados, o projeto aguarda análise dos parlamentares.
Na justificativa do projeto, o senador Lindbergh Farias destaca o legado, a atuação, o comprometimento e as contribuições de João. Para o senador, uma das motivações para a criação do projeto é trazer reconhecimento à história do marinheiro, como um dos nomes de inspiração para os movimentos negros do país.
“Foi uma luta (literalmente) contra o racismo institucional, numa das mais poderosas instituições militares. Ele a expôs publicamente, a face escondida do racismo institucional, estrutural, sistêmico. Seus ideais e de seus companheiros inspiraram e serviram de exemplo para o movimento negro, colaborando para a criação de ferramentas (leis, pactos, estatutos, etc.) e equipamentos públicos para o enfrentamento do racismo”, destaca o senador em trecho de sua justificava do projeto.
ALMIRANTE NEGRO
João Cândido Felisberto, reconhecido como o ‘Almirante Negro’, fez o seu alistamento para a Marinha Brasileira em 1985, com apenas 14 anos de idade. Durante a passagem pelas forças armadas, destacou-se por seu perfil de liderança, questionando comandantes sobre a utilização da chibata como instrumento de repressão e tortura aos marujos negros.
Com constantes insatisfações por parte dos marinheiros, João Cândido foi o escolhido para liderar a revolta e realizar o motim, em 1910, dando início à Revolta da Chibata.
Intimando diretamente o presidente da república da época, Hermes da Fonseca, os marinheiros rebeldes foram conquistados, no momento, a garantia do fim do uso da chibata e anistia para aqueles que aderiram à revolta. Apesar disso, João Cândido, assim como outros marujos, foi expulso da Marinha e ficou preso por dois anos. Durante o encarceramento, João Cândido realizou bordados que estão, atualmente, expostos na Bienal de Artes de São Paulo.
O RECONHECIMENTO
O livro de Herói e Heroínas da Pátria, criado em 1989, é um documento de memória e preservação do país, presente no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Atualmente, fazem parte do livro nomes importantes para história dos movimentos negros do país, como Machado de Assis, Maria Felipa de Oliveira, Clara Camarão, Zumbi dos Palmares e Luiz Gama. O documento destaca as contribuições nacionais e a importância de cada um desses personagens na história do país, apresentando um breve perfil das atuações.
*estagiário sob a supervisão de Márcia Maria Cruz