Ana Gabryele Moreira, de 29 anos, foi a primeira brasileira negra a receber o Prêmio Marie Curie da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, em inglês), organização ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). Ana foi agraciada com uma bolsa de 10 mil a 40 mil euros para fazer mestrado fora do Brasil a partir do ano que vem.
"A gente que é da periferia precisa de oportunidades e um projeto de país que tenha essa cara, periférica e com garra. Espero que eu seja apenas o começo e que venham muitas Pretas", comemorou Ana em sua conta no Instagram.
Ana sempre contou com o apoio de mulheres na trajetória acadêmica, realizando uma pesquisa junto ao IAEA e a WiN Brasil, entidade dedicada a inserir mais mulheres na área nuclear, para entender o perfil socio-cultural das mulheres inseridas no campo da energia nuclear, uma área historicamente dominada por homens.
A pesquisa revelou que, entre a minoria que ainda são as mulheres no mundo da energia nuclear, 84% são brancas e apenas 10% são pretas, e poucas mulheres ocupam cargos de chefia. "O propósito é fazer análise quantitativa, promover ações, eventos científicos, desmistificar e incentivar meninas e mulheres a entrarem na área, além de garantir que se tenha um espaço para elas se sentirem acolhidas", afirmou a Ana ao G1.
MARIE CURIE
Marie Sk%u0142odowska-Curie, que dá nome ao prêmio conquistado por Ana Gabryele, foi cientista uma polonesa que conduziu estudos pioneiros nos campos da física e da química, juntamente com seu marido Pierre. Marie fez experimentos onde descobriu a radioatividade e os raios-x. Também é responsável pela descoberta de dois elementos químicos: o polônio, em homenagem a sua terra natal, e o rádio.
Marie Curie foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel de física, em 1903, e, ao ganhar o segundo prêmio, dessa vez o Nobel de química em 1911, tornou-se a única pessoa a conquistar dois prêmios Nobel em campos do conhecimento diferentes. A cientista morreu, em 1934, devido à exposição à radiação que, na época, não se sabia que fazia mal ao corpo humano, e está enterrada em um caixão de chumbo para conter a radiação do corpo de Marie.
PESQUISA E PROTEÇÃO DA ENERGIA NUCLEAR
A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) é uma organização autônoma, ligada à ONU, criada em 1957 em resposta aos profundos temores e expectativas gerados pelas descobertas e diversos usos da tecnologia nuclear buscando acelerar e ampliar a contribuição da energia atômica para a paz, saúde e prosperidade em todo o mundo.
Além de incentivar a pesquisa do campo da energia nuclear, a AIEA também é responsável pelas inspeções e investigações de suspeitas violações do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, de 1968.
Em 2005, o Prêmio Nobel da Paz foi concedido à IAEA e ao seu Diretor-Geral, Mohamed ElBaradei. O Comitê homenageou a AIEA e seu líder "por seus esforços para evitar que a energia nuclear seja usada para fins militares e para garantir que a energia nuclear para fins pacíficos seja usada da maneira mais segura possível".
Sediada em Viena, Áustria, a IAEA também conta com dois escritórios regionais localizados no Canadá e no Japão, e dois escritórios de ligação nos Estados Unidos e na Suíça. A Agência também opera laboratórios especializados em tecnologia nuclear na Áustria e em Mônaco.