Jornal Estado de Minas

FEMINISMO NEGRO

Morre bell hooks, autora feminista negra, aos 69 anos

A autora e teórica negra bell hooks morreu nesta quarta-feira (15/12) em sua casa, na cidade de Berea, no estado de Kentucky, nos Estados Unidos. Parentes e amigos acompanhavam nos últimos meses a saúde de bell hooks, que tinha 69 anos de idade. O anúncio foi feito no perfil da rede social do Twitter de Ebony Motley, sobrinha de bell hooks, que comunicou a morte da escritora, destacando a "transição" precoce de sua tia.




 
 
 
"A família está honrada com os inúmeros prêmios, honras e fama internacional que Gloria recebeu por seu trabalho como poeta, autora, feminista, professora, crítica cultural e ativista social. Temos orgulho em chamá-la de irmã, amiga, confidente e influenciadora", diz trecho do comunicado.

O Berea College, no qual bell hooks começou a lecionar em 2004, também lamentou a morte da autora em comunicado feito à imprensa. "O Berea College está profundamente triste com a morte de bell hooks, distinto professor residente em estudos dos Apalaches, autora prodigiosa, intelectual pública e uma das principais acadêmicas feministas do país", diz trecho da nota.

Em 2010, a escritora fundou o Instituto Bell Hooks no Berea College, que abriga seu acervo literário com cópias em diversas línguas e também suas obras de arte contemporânea.

Legado para a literatura negra

bell hooks, pseudônimo de Gloria Jean Watkins, nasceu em 1952 na cidade de Hopkinsville, em Kentucky. O nome que a escritora carrega é uma homenagem realizada a sua avó, Bell Blair Hooks, com a utilização de grafia em letras minúsculas. Na educação básica, frequentou escolas segregadas por raças.





Sua carreira na universidade foi baseada nos estudos literários e linguísticos. Conquistou uma bolsa de estudos na Universidade de Stanford, na Califórnia, depois fez mestrado em inglês na Universidade de Wisconsin e doutorado em literatura na Universidade da Califórnia em Santa Cruz. 

Com mais de 40 livros publicados, a autora também teve importantes obras traduzidas no Brasil. Iniciou sua trajetória como escritora em 1981, com o lançamento do livro "Ain't I a woman? Mulheres negras e feminismo". O título da obra acabou se popularizando nas críticas, teorias e pensamentos propostas pelo feminismo negro até o momento.

Na escrita, abordou temas como o feminismo negro, o racismo, desigualdades de gênero, de classe e de raça, além de também falar sobre cultura e amor em poesias e outros formatos de texto.