A autora e teórica negra bell hooks morreu nesta quarta-feira (15/12) em sua casa, na cidade de Berea, no estado de Kentucky, nos Estados Unidos. Parentes e amigos acompanhavam nos últimos meses a saúde de bell hooks, que tinha 69 anos de idade. O anúncio foi feito no perfil da rede social do Twitter de Ebony Motley, sobrinha de bell hooks, que comunicou a morte da escritora, destacando a "transição" precoce de sua tia.
The family of @bellhooks is sad to announce the passing of our sister, aunt, great aunt and great great aunt. The author, professor, critic and feminist made her transition early this am from her home, surrounded by family and friends. %uD83D%uDDA4
%u2014 Enter Ebony (@Enter_Ebony) December 15, 2021
"A família está honrada com os inúmeros prêmios, honras e fama internacional que Gloria recebeu por seu trabalho como poeta, autora, feminista, professora, crítica cultural e ativista social. Temos orgulho em chamá-la de irmã, amiga, confidente e influenciadora", diz trecho do comunicado.
O Berea College, no qual bell hooks começou a lecionar em 2004, também lamentou a morte da autora em comunicado feito à imprensa. "O Berea College está profundamente triste com a morte de bell hooks, distinto professor residente em estudos dos Apalaches, autora prodigiosa, intelectual pública e uma das principais acadêmicas feministas do país", diz trecho da nota.
Em 2010, a escritora fundou o Instituto Bell Hooks no Berea College, que abriga seu acervo literário com cópias em diversas línguas e também suas obras de arte contemporânea.
Legado para a literatura negra
bell hooks, pseudônimo de Gloria Jean Watkins, nasceu em 1952 na cidade de Hopkinsville, em Kentucky. O nome que a escritora carrega é uma homenagem realizada a sua avó, Bell Blair Hooks, com a utilização de grafia em letras minúsculas. Na educação básica, frequentou escolas segregadas por raças.
Sua carreira na universidade foi baseada nos estudos literários e linguísticos. Conquistou uma bolsa de estudos na Universidade de Stanford, na Califórnia, depois fez mestrado em inglês na Universidade de Wisconsin e doutorado em literatura na Universidade da Califórnia em Santa Cruz.
Com mais de 40 livros publicados, a autora também teve importantes obras traduzidas no Brasil. Iniciou sua trajetória como escritora em 1981, com o lançamento do livro "Ain't I a woman? Mulheres negras e feminismo". O título da obra acabou se popularizando nas críticas, teorias e pensamentos propostas pelo feminismo negro até o momento.
Na escrita, abordou temas como o feminismo negro, o racismo, desigualdades de gênero, de classe e de raça, além de também falar sobre cultura e amor em poesias e outros formatos de texto.