Os estádios de futebol do país vêm sendo motivo de discussão nas últimas semanas por conta de casos de racismo envolvendo funcionários e torcedores do local. Nesta quarta-feira, 15/12, o palco foi o estádio do Athlético-PR, a Arena da Baixada, em Curitiba. Dois homens foram flagrados imitando macacos para torcedores do Atlético-MG, na partida final da Copa do Brasil.
Em Belo Horizonte, na última segunda-feira (13/12), o rapper belo-horizontino Djonga afirmou, em suas redes sociais, que foi vítima de racismo no último domingo no estádio do Mineirão, no primeiro confronto entre as equipes.
A declaração veio após um vídeo, feito durante a partida, ter viralizado nas redes sociais. Na gravação, Djonga aparece envolvido em uma confusão com um dos funcionários do estádio. Djonga acompanhava o jogo entre Atlético Mineiro e Athlético Paranaense, válido pela primeira final da Copa do Brasil. O rapper foi convidado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para assistir à partida.
No vídeo, um homem com roupas brancas aparece sendo levado para fora das arquibancadas por conhecidos. Um dos seguranças com camiseta laranja está em frente ao Djonga, que o acerta no rosto. Em suas redes sociais, Djonga comentou que os vídeos que circulam pela internet não apresentam todos os fatos que aconteceram e menciona as palavras ‘racismo, discriminação e pessoas invasivas’.
“Uns vão falar que é vitimismo. Enfim, é isso. Agora, eu reagi, 'tá ligado'? Na maioria das vezes, eu não reajo. Se eu reagisse todas as vezes que alguém me trata com discriminação, nossa. Todo dia vazava vídeo meu”, também comentou Djonga em um story publicado em seu perfil do Instagram, afirmando que o racismo é comum nas arquibancadas do estádio do Mineirão.
Outro caso envolvendo racismo dentro do estádio do Mineirão aconteceu com a rapper Tasha, da dupla paulistana Tasha e Tracie. A cantora declarou que foi vítima de racismo, sofreu agressão e foi ameaçada de prisão por seguranças do local enquanto desejava ir ao banheiro.
Em suas redes sociais, Tasha comentou que foi questionada por seguranças quando estava acessando os banheiros do local, o que teria levado aos atos de racismo. O caso aconteceu enquanto as irmãs gêmeas se apresentavam como atração principal em um festival realizado no estádio do Mineirão, no dia 08. O relato foi feito logo após os acontecimentos.
No entanto, a cantora voltou a comentar em seu perfil sobre a violência sofrida, logo após os acontecimentos envolvendo Djonga. Tasha mencionou que foi acolhida pelo rapper, que alertou sobre a existência de outros casos de racismo dentro do estádio. O caso da cantora aconteceu 4 dias antes do sofrido por Djonga.
Tasha completou afirmando como ‘o racismo não vem somente com atos explícitos’ e que no momento não quis levar os atos ‘para frente’. Nas publicações, também comentou como as pessoas só querem destacar os erros de pessoas negras ‘E vocês tão ai é louco pra pegar um erro pra apontar e derrubar mais um preto, nada novo sobre o sol’, citou Tasha.
Mesmo no dia 20 de novembro, em que é celebrado o Dia da Consciência Negra no Brasil, o estádio virou palco de ações racistas. Os irmãos Carlos Miguel de Almeida, de 25 anos, e Carlos Eduardo de Almeida, de 22, acompanhavam a partida entre Atlético-MG e Juventude. Torcedores do Galo, os dois foram chamados de macacos por pessoas presentes na arquibancada.
Após uma confusão, um dos homens olhou para os irmãos e disse: "Estão olhando o quê, macacos? Bando de macacos".
O ato foi repudiado por Carlos Miguel e Carlos Eduardo, que não se calaram após o ocorrido e também se manifestaram através das redes sociais.
Ambos decidiram ir à delegacia para denunciar a violência sofrida, orientados e encaminhados para a Delegacia de plantão especializada em atendimento à mulher, criança, adolescente e vítimas de intolerâncias, na região Centro-Sul de BH.
*estagiário sob a supervisão de Márcia Maria Cruz