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Estado de Minas DIVERSIDADE

Precursora da luta LGBTI+ em BH, Cintura Fina se torna cidadã honorária

Título vai homenagear e valorizar as memórias de resistência contra o preconceito em Belo Horizonte


16/12/2021 18:17 - atualizado 17/12/2021 11:17

Foto do arquivo o jornal Estado de Minas, tirada nos anos 1980, mostra Cintura Fina sentado em uma frente a uma casa
Cintura fina viveu em BH durante dos anos 1950 a 1970 (foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press - 1987)
Uma das personagens mais marcantes da história dos movimentos LGBTQIA+ de BH, Cintura Fina receberá o título de cidadania honorária de Belo Horizonte. A celebração ocorre nesta sexta-feira (17/12) no Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira, no Bairro Lagoinha. 

A proposta de concessão do título partiu da vereadora Iza Lourença (PSOL) e será feita em condição post mortem, concedido após a morte do homenageado. Símbolo de resistência, negra, cearense e travesti, Cintura Fina viveu entre os anos 1950 e 1970 na capital mineira e foi uma das precursoras da luta contra o preconceito de pessoas LGBTQIA+.

A vereadora Iza Lourença destaca os contextos vivenciados pela nova cidadã honorária. “Cintura foi resistência em uma sociedade conservadora, no país que mais mata pessoas trans no mundo, cuja expectativa de vida é de 35 anos”, conta Iza. 

Cintura Fina trabalhou como cozinheira, faxineira, lavadeira, gerente de pensão, profissional do sexo, alfaiate, cabeleireira e gari. Pelas ruas de BH, utilizava uma navalha para se defender dos ataques e do preconceito em que sofria. A faca foi, inclusive, um dos motivos que foi apelidada de “rei da navalha”. 

Cintura Fina detida
Teve trajetória de luta contra o preconceito de pessoas LGBTQIA+ (foto: Reprodução)

 
“Cintura foi uma sobrevivente, um símbolo de luta e resistência, e figura importantíssima na luta LGBTI da cidade e do país. Concedê-la esse título reconhecerá sua importância na luta pela cidadania e garantia de direitos na cidade, além de fazer justiça à forma criminosa como foi tratada quando viveu por aqui”, destaca Iza, que também comenta sobre como esta é uma forma de honrar memórias de mulheres trans e travestis da cidade.

Presença marcante em Hilda Furacão

A trajetória de luta LGBTQIA se expandiu da realidade para as telas de TV. Cintura foi uma das personagens presentes na minissérie "Hilda Furação", exibida pela Rede Globo em 1998. Ganhou também uma biografia, intitulada "Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte", escrita pelo pesquisador Luiz Morando.

Após a passagem por BH, foi para a cidade de Uberaba, onde morreu em 1995, aos 62 anos de idade.

SERVIÇO:
Solenidade de entrega do título de Cidadã Honorária à Cintura Fina
Sexta-feira, dia 17/12, às 18h
Centro Cultural Liberalino Alves de Oliveira (dentro do Mercado da Lagoinha)
Avenida Presidente Antônio Carlos, 821 - Lagoinha


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