Jornal Estado de Minas

RACISMO EM HOTEL

'Amo minha pele negra', diz produtor que reagiu a racismo em hotel no RJ



O produtor estadunidense H.L. Thompson, vítima de racismo no último dia 30 de dezembro, em um hotel de luxo no Rio de Janeiro, se posicionou sobre o caso. Para ele, atos de racismo não podem ser tolerados. O relato foi feito em suas redes sociais nesta última terça-feira (4/1).





Em seu desabafo, Thompson declarou que não admite qualquer tipo de ato racista e que o racismo não pode ser um problema para as pessoas negras.

“Não somos nossos ancestrais. O comportamento racista não será tolerado em nenhum nível. O preto é lindo e, se isso te deixa desconfortável, isso é seu problema pessoal, não nosso. Eu amo minha pele negra e não odeio as lindas bençãos de Deus”, afirmou Thompson. Juntamente com o comentário, o produtor também postou uma imagem com a frase: “Nunca, jamais tenha medo de fazer barulho e se meter em problemas, problemas necessários.”

A frase foi dita pelo ex-congressista negro John Lewis, um dos principais nomes na luta pelos direitos da população negra nos EUA nas últimas décadas, que faleceu em 2020.

ENTENDA O CASO

Em outro comentário nas redes sociais, HL Thompson destacou mais detalhes sobre a situação.

"Eu estava cuidando da minha vida, e essas pessoas racistas estavam bêbadas e irritantes. Me chamavam de 'nigger black guy' porque eu não permitiria que eles me cortassem na fila", contou o produtor.





"Eles voltaram com a polícia dizendo que eu os ataquei esperando horas fora do hotel com a polícia. O Hilton queria que eu não encontrasse a polícia, então fui e fiquei no Airbnb que também tinha alugado. Só estava no Hilton porque aluguei o local para minha festa de Ano Novo", diz o produtor em comentário em sua rede social.

H.L. Thompson foi ofendido por uma brasileira e por alemão que visitavam o Brasil no fim do ano. Em meio à situação, filmada e presenciada por outras pessoas que tentavam conter a confusão no Hotel Hilton, localizado em Copacabana, o produtor acertou o rosto do agressor com um soco. 
 
 
 
O vídeo correu nas redes sociais nos últimos dias e levantou novamente o debate sobre racismo e sobre reação às práticas de discriminação.





De acordo com a publicação original do vídeo, o casal não concordava com o atendimento prioritário que H.L. Thompson estava recebendo, pois o produtor fazia parte dos serviços oferecidos pelo hotel, que garantem acompanhamento antecipado em relação aos outros hóspedes.
 
 “Homem racista bêbado e mulher estão loucos porque ele é membro do ‘Gold or Diamond Hilton’ e, portanto, recebe o serviço antes de todos. Funcionários do hotel apenas sentados e deixando a mulher racista fazer o que for” diz o comentário na públicação do vídeo.
 
Na gravação, a mulher avança e agarra o rosto de Thompson, que revidou acertando o homem com um soco. Na publicação do vídeo, Thompson comentou dizendo que após os ataques sofridos não pode passar a noite no hotel, pois foi acusado de iniciar a confusão.



O que é racismo?

O artigo 5º da Constituição Federal prevê que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”

Desse modo, recusar ou impedir acesso a estabelecimentos, recusar atendimento, impedir ascensão profissional, praticar atos de violência, segregação ou qualquer outra atitude que inferiorize ou discrimine um cidadão motivada pelo preconceito de raça, de etnia ou de cor é enquadrado no crime de racismo pela Lei 7.716, de 1989.

Qual a diferença entre racismo e injúria racial?

Apesar de ambos os crimes serem motivados por preconceito de raça, de etnia ou de cor, eles diferem no modo como é direcionado à vítima. Enquanto o crime de racismo é direcionado à coletividade de um grupo ou raça, a injúria racial, descrita no artigo 140 do Código Penal Brasileiro, é direcionada a um indivíduo específico e classificada como ofensa à honra do mesmo.



Leia também: O que é whitewashing?

Penas previstas por racismo no Brasil

A Lei 7.716 prevê que o crime de racismo é inafiançável e imprescritível, ou seja, não prescreve e pode ser julgado independentemente do tempo transcorrido. As penas variam de um a cinco anos de prisão, podendo ou não ser acompanhado de multa. 

Penas previstas por injúria racial no Brasil

O Código Penal prevê que injúria racial é um crime onde cabe o pagamento de fiança e prescreve em oito anos. Prevista no artigo 140, parágrafo 3, informa que a pena pode variar de um a três anos de prisão e multa. 

Como denunciar racismo?

Caso seja vítima de racismo, procure o posto policial mais próximo e registre ocorrência.
Caso testemunhe um ato racista, presencialmente ou em publicações, sites e redes sociais, procure o Ministério Público e faça uma denúncia.



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