A cantora Urias lançou, nesta quinta feira (13/1), a segunda parte de seu primeiro álbum. Ente ritmos marcantes, frenéticos e, por vezes suaves, “Fúria”, produzido por Rodrigo Gorky, Maffalda e Zebu, chega aos fãs mostrando todo o talento e personalidade da artista mineira de 27 anos.
Com a primeira parte, completada pelas oito composições lançadas esta semana, o álbum encara a raiva como catalizadora de seu trabalho, abordando os desejos, empoderamento e sobrevivência da artista. Além disso, “Fúria” apresenta letras que trazem questões sociais, reflexivas e comportamentais tanto da sociedade como da comunidade LGBTQIAP+ de forma intensa e visceral.
“Decidi colocar vários aspectos da raiva que eu tinha passado, de situações de raiva e tudo que esse sentimento desencadeou em mim. E a partir do momento que eu decidi falar de um sentimento, eu decidi falar desse, porque a gente não presta muita atenção nele”, declara Urias.
A capa do álbum, com Urias deitada calmamente sobre um touro, vem para mostrar a coexistência da fúria e o autocontrole. R&B, hip hop e o cinema noir estão presentes por toda a identidade do projeto, trabalhando com timbres potentes, rasgados em uma estética preto e branco dos clipes, construídos com a participação ativa da artista. “Sonoramente eu pensei muito em explorar possibilidades, então não me fechei a um ritmo ou a uma linha de música ou até mesmo a uma estrutura”, afirma.
Marcado pela força e vulnerabilidade da Urias, o primeiro trabalho da cantora também reflete questões sociais e comportamentais tanto da sociedade como da comunidade LGBTQIAP .
“A representatividade é uma coisa que acontece, naturalmente, se eu tenho uma voz, quem se identifica comigo vê uma voz em mim também sabe? E possibilidades e tudo o que vem junto com a representatividade”, declara.
Entretanto, Urias ressalta que representatividade real só acontecerá quando virmos pessoas de todos os tipos, com os mais variados corpos e expressões, convivendo cotidianamente em diferentes espaços, trabalhando e consumindo, não apenas no campo da música ou entretenimento.
O álbum também traz um Interlude, um áudio, em que Urias desabafa sobre as dificuldades de ser uma artista trans e negra no mercado da música, escancara a desigualdade ainda presente no Brasil. “Eu sei que eles veem e fala “porra”... mas porque a gata é cis, ou porque a gata é branca, ou até os dois junto, ela sempre vai tá disfrutando mais”, declara no áudio.
Urias declara que a diversidade é necessária pra mostrar vivências diversas e corpos diversos, possibilitando a visão de maneiras diferentes e entender o mundo ao nosso redor de maneira mais empática. “É muito importante que as coisas sejam apresentadas para nós, durante a vida, de maneira natural e poderem ser discutidas de maneira natural, sem preconceito” declara.
Visionária, Urias apostou em parcerias com Vírus, Hodari, Charm Mone, Monna Brutal e Ebony, artistas que acredita que irão mudar o futuro da música no cenário brasileiro. A escolha se deu baseada em diversas vivências compartilhadas com os artistas.
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz