Como em outras edições, o Big Brother Brasil se torna palco para grandes discussões sobre temas relevantes na sociedade. Nesta quinta feira (20/01), Tiago Abravanel explicou para os colegas de confinamento que, ao contrário do senso comum, ser gordo não significa não ser saudável.
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BBB: fala de Natália sobre escravidão é contestada por intelectuais negrosBBB 22: leis protegem as mulheres do crime de vazar vídeos íntimosPor que o BBB 22 só tem um participante gordo? Movimento body positive luta contra novo padrão de corpo que exalta magrezaLoja é condenada por sugerir uso de roupa de grávida a funcionária obesa'É possível ser gorda e plena': a modelo argentina que luta contra gordofobiaIndígenas e quilombolas já podem concorrer a bolsas em curso superior'Sou trans e meu companheiro é um homem hétero'Abravanel segue contando diversas situações para mostrar como os espaços públicos, e a sociedade no geral, não estão preparados para receber corpos gordos. Catraca que não gira, cinto da poltrona do avião que não cabe, seção separada para plus size. Todas situações que geram desconforto e constrangimento.
“Acho que mais do que os cintos do avião, que a gente fala de uma camada muito privilegiada socialmente, a gente pode pensar em catraca de ônibus e metrô, em macas e balanças de hospital, em equipamentos de academia, cadeiras de restaurante, cadeiras de escola e de universidade, enfim, nada é pronto e preparado para pessoas gordas, e deveria. Porque é mais da metade da população”, analisa Jéssica Balbino, jornalista, pesquisadora dos estudos do corpo gordo e colunista do DiversEM.
Assim como muitos podem argumentar, Lucas Bissoli pontuou que a obesidade, assim como tabagismo e alcoolismo, são fatores de risco para a saúde. "Mas eu, com 120 quilos, tenho meus exames todos em dia, sem colesterol alto nem nada. Cada caso é um caso, o médico precisa estudar individualmente", afirmou Abravanel. "Generalizar o sobrepeso como fator de risco é gordofobia", completou.
Segundo Jéssica a questão da saúde dos corpos gordos é uma forma sutil da sociedade exercer a gordofobia, uma vez que nem todo corpo magro é saudável e nem todo corpo gordo é doente. “Ninguém está preocupado com a saúde de ninguém, se tivessem as pessoas doariam sangue, medula, usariam máscara, não aglomerariam”, afirma Jessica. “Isso é só uma desculpa para camuflar a própria gordofobia”, completa.
BBB e os corpos gordos
Jéssica ressalta a importância do alcance desse debate sobre corpos gordos, uma vez que grande parte da população brasileira, de todas as camadas sociais, acompanha o BBB de forma assídua e aponta que em 20 anos de programa, pouquíssimos participantes eram gordos.
“Mostra que é um corpo que pode conviver na sociedade, que pode estar na beira da piscina, que pode rebolar numa festa, se interessar por alguém dentro da casa ou fora dela, é um corpo que pode ser amado, enfim, traz um convívio social para esse corpo que muitas vezes é justamente o que é negligenciado. O que tentam fazer com os corpos gordos é que eles não existam”, afirma Jéssica.
Ao entrar na casa, Tiago reclamou sobre o tamanho das toalhas de banho, que não cobriam sua circunferência, tendo que recorrer à toalha da área da piscina. “Tem várias questões, nas provas, o tamanho dos lugares que as pessoas fazem as provas, aguenta um corpo gordo? Porque não significa que esse corpo não é capaz, mas significa que muitas vezes ele fica limitado em decorrência do espaço, desse impedimento social”, analisa Jéssica.