Jornal Estado de Minas

DESALOJADOS

Indígenas de São Joaquim de Bicas ocupam linha férrea em protesto


 
Os indígenas Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe, da aldeia Naô Xohã, atingidos pelo rompimento de barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, fecharam a linha do trem Fecho do Funil e da rodovia RFFSA, na divisa entre Brumadinho e São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de BH, na manhã desta terça-feira (25/1). O rompimento da barragem da  mina do Córrego do Feijão completa três anos.





Os indígenas afirmam que a aldeia Naô Xohã precisou ser esvaziada no dia 9 de janeiro, depois das chuvas intensas que atingiram Minas. 
 
Eles alegam que depois da cheia do Paraopeba, a água contaminado por metais pesados, invadiu a aldeia. Os indígenas foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros e abrigados em uma escola municipal de São Joaquim de Bicas.

Os indígenas apresentam os relatórios do IGAM (2021) e da SOS Mata Atlântica (2020), que atestaram a  presença de metais pesados, como cobre, manganês e sulfetos nas águas do rio Paraopeba
 
Os indígenas reivindicam o reassentamento das famílias em novo território. Pedem também barracas de camping para abrigar a comunidade indígena provisoriamente até a construção de casas tradicionais. 




 
As famílias ainda solicitaram um salário mínimo para cada indígena da comunidade, independentemente de idade, até que o processo de reparação integral seja finalizado. Solicitam ainda realização de um diagnóstico de saúde de forma emergencial.
 
O rompimento da barragem levou a morte de 270 pessoas, sendo que 263 foram localizadas pelo Corpo de Bombeiros. Ainda faltam seis vítimas, que ainda não foram encontradas. Um ato foi realizado nesta terça (25/1) em Brumadinho em memória dos três anos da tragédia. 
 

Outro lado


Por meio de nota, a Vale afirmou que tem prestado assistência para moradores da Bacia do Rio Paraopeba, e que apresentou propostas para auxílio aos indígenas da aldeia Naô Xohã.



Confira na íntegra: 

"A Vale tem prestado assistência diante das consequências das fortes chuvas que atingiram algumas regiões de MG no início de janeiro. Na Bacia do Paraopeba, entre Brumadinho e Pompéu, já foram entregues mais de 481 mil litros de água mineral engarrafada, além de cestas básicas, colchões, produtos de limpeza e de higiene pessoal. Nossas equipes de Relacionamento com a Comunidade e Relacionamento Institucional também seguem em contato com os moradores e as prefeituras municipais para colher demandas, dar informações e prestar o suporte necessário, de forma voluntária e com intuito humanitário.

Nesse mesmo sentido, a Vale participou de uma reunião com representantes do Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e lideranças indígenas, em que foram apresentadas propostas de auxílio humanitário decorrente das intensas chuvas que afetaram a aldeia Naô Xohã, em São Joaquim de Bicas.

Na ocasião, a empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento das medidas de reparação iniciadas após o rompimento da barragem B1, especialmente referente ao programa de suporte econômico complementar, tendo sido já realizado repasse único e antecipado de valores que seriam recebidos a título de pagamento emergencial até dezembro de 2023, conforme acordado com as instituições de justiça, a FUNAI e os indígenas. Além disso, a empresa segue dando celeridade às obrigações para reparação definitiva aos indígenas e mantém o atendimento complementar de saúde ao grupo."




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